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Após três meses, Fabrísio Comandoli fala do acidente que amputou sua perna

Confiante com a recuperação, empresário conta que não lembra dos momentos que antecederam a batida

Sem nenhuma lembrança do grave acidente que amputou sua perna esquerda em novembro do ano passado, Fabrísio Comandoli, 48 anos, recupera-se bem em sua casa no Centro de Brusque.

Ele e sua esposa Elisângela de Lemos Comandoli receberam o jornal O Município e falaram sobre o processo de recuperação e os planos para o futuro.

Além da amputação da perna esquerda, o punho do braço direito de Comandoli quebrou e está na fase de calcificação. Já o braço esquerdo continua quebrado e precisará de cirurgia, que deverá ser feita em março.

A perna direita, que já possuía plantina devido a outro acidente sofrido por ele há dez anos, ainda não encosta no chão.

Também como consequência do acidente, Comandoli, que é empresário no setor de automóveis e imóveis, precisou realizar hemodiálise até 11 de janeiro, já que o rim foi bastante afetado.

Todos os procedimentos ortopédicos estão sendo realizados com profissionais de Brusque, e as cirurgias serão feitas em Itajaí ou Florianópolis.

A perna amputada logo receberá prótese. Neste momento, ele aguarda uma infecção melhorar para depois fazer o molde e colocar a prótese. O processo depende da recuperação de cada pessoa, mas acredita-se que neste ano já estará em condições.

Sem lembranças
Comandoli não possui lembranças anteriores ao acidente e tampouco depois. Ele afirma que não recorda o veículo invadindo a sua pista.

O empresário havia voltado do litoral, passando por Nova Trento um pouco antes da tragédia. Ele esteve numa loja no Águas Claras para pegar uma latinha de tinta, que deveria ter colocado no bolso.

No entanto, ao chegar no seu estabelecimento percebeu que estava sem a tinta e decidiu retornar para buscá-la. Foi neste momento que o acidente aconteceu. Comandoli retornava pela avenida Primeiro de Maio, devagar e atrás dos carros, como conta, quando o veículo invadiu sua pista. “Não vi o carro e não me lembro de nada do acidente”, ressalta.

“Eu não vi o vídeo, mas todos me falam que ele (o motorista que causou o acidente) se abaixou dentro do carro para pegar alguma coisa. Os automóveis desviaram e ele veio em cima de mim”, diz.

Quase 50 dias no hospital
Comandoli ficou internado no Hospital Azambuja durante 49 dias – destes, 16 foram na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Nos primeiros dias ele apenas balançava a cabeça para se comunicar.

Foi no nono dia que descobriu que havia perdido a perna esquerda. Elisângela diz que queria prepará-lo para contar, no entanto, o empresário acabou percebendo sozinho que estava sem o membro.

Na ocasião, ficou ruim e vomitou, mas logo percebeu que isso não era problema. “Lembrei de um amigo de Gaspar que não tinha as duas pernas e mesmo assim andava de jet ski, então eu também vou conseguir.”

Comandoli afirma que não “tem sentimento ruim” pelo homem que causou o acidente. Já Elisângela diz que se o jovem viesse falar com eles, gostariam da atitude, já que é isso que fariam se a situação fosse inversa.

“Pra mim está tudo certo, só quero andar de novo, mexer meus braços”, diz Comandoli. “Cada um planta o que colhe, se fizer o bem, se arruma de novo e segue a vida. Sou católico e rezo, poderia acontecer com qualquer um.”

Um dia após o outro
Atualmente, ele passa seus dias deitado numa cama, na sala de casa, descansando, vendo televisão, escutando música e recebendo visitas. De manhã, antes dos filhos de 21 e 24 anos saírem para trabalhar, eles ajudam a levar o pai ao banheiro e tomar banho. Para isso, é necessário a cadeira de rodas. À noite Comandoli já dorme na cama do quarto.

Ele também já passeia de carro com a família, tanto no sítio, como na praia. Inclusive, já passou pelo local do acidente.

O empresário faz fisioterapia três vezes por semana, em casa, e toma três medicamentos diferentes: para anemia, rim e pressão.

“É um dia após o outro. Os médicos falaram que foi um milagre ter sobrevivido. E o bom é que ele tem muita força de vontade”, diz a esposa.

Para Comandoli, o desejo após se recuperar por completo é apenas um: comemorar os 25 anos de casados com a esposa com uma viagem para Grécia. O casal acredita que neste ano não será possível, mas em 2019 “certamente” poderão celebrar a data especial.

Carro invadiu a pista do motociclista e o atingiu em novembro do ano passado, no Primeiro de Maio / Foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação

O acidente
Comandoli pilotava uma motocicleta BMW 800 quando bateu de frente com um HB20 branco, conduzido por Henrique de Lima Knihs, 20 anos, que não sofreu ferimentos.

O acidente aconteceu por volta do meio-dia de 23 de novembro do ano passado, na rua Florianópolis, na região conhecida como Boa Parada, no bairro Primeiro de Maio.

Imagens de câmera de monitoramento mostram que o carro invadiu a pista contrária e, na curva, bateu de frente com a moto.

Assista ao vídeo da batida: