Arautos do Evangelho: ex-integrantes da instituição denunciam violência e tortura psicológica no Norte de SC
Grupo religioso nega acusações e alega perseguição
Grupo religioso nega acusações e alega perseguição
Violência física, tortura psicológica, racismo, homofobia, práticas de exorcismo e colocar os filhos contra os responsáveis. Essas são algumas situações que ex-integrantes alegam que aconteciam no colégio Arautos do Evangelho, em Joinville, instituição católica ligada a ideias ultraconservadoras.
A ex-aluna dos Arautos do Evangelho em Joinville, Manuela*, de 22 anos, conta que conheceu o local quando tinha 10, por meio de um “sorteio” após uma apresentação musical na escola municipal que estudava, localizada no bairro Adhemar Garcia. A garota começou a frequentar o local nos fins de semana, nas atividades públicas, porém, cerca de um semestre depois, mesmo não querendo, viu sua mãe colocá-la, por não ter condições de pagar uma escola privada, em definitivo na instituição. “Meus pais foram embora e eu fiquei chorando por medo”. Lá, ela permaneceu até 2013.
A experiência foi traumática. Manuela ressalta que nunca sofreu agressões físicas, mas sofreu com violências psicológicas. “Quando eu saí, eu queria sair, mas tinha medo. Eu só fui entender o que passei quando surgiram as primeiras denúncias na internet”, afirma.
Em um vídeo, é possível ver João Clá Dias, fundador dos Arautos do Evangelho, realizando a prática de exorcismo em uma garota. O vídeo, gravado em 2016, em São Paulo, ainda mostra ele agredindo a jovem na cabeça, que é segurada por outras duas meninas.
Para ela, a relação com os pais durante o internato foi o maior sofrimento. “Aos poucos, vão falando que não é para gostar dos pais. Deve amar o Monsenhor João Clá [fundador dos Arautos do Evangelho]. Não é nada imposto, mas é em repreensão”, lembra.
A justificativa, segundo a garota, é que o pai e a mãe eram os responsáveis pelas coisas ruins que acontecem na sociedade. “Falavam que o ‘mundo estava perdido’ e os meus pais que me colocaram na ‘vida mundana’, que éramos responsáveis por eu fazer coisas ruins”, pontua. No local, a jovem diz que as crianças eram ensinadas a se referirem aos familiares apenas com a letra “F”.
Em outro vídeo, também de 2016 e de São Paulo, é possível ver uma menina sendo segurada por diversos outros integrantes dos Arautos do Evangelho. Ela está rodeada por outras diversas pessoas, enquanto João Clá grita e a agride no rosto com uma folha de papel. Os acontecimentos são realizados durante a prática de exorcismo.
Passar a odiar a família biológica também foi um fato notado por Catarina*, de 21 anos, e Humberto*, que preferiu não dizer a idade, ambos ex-internos dos Arautos em Joinville. A garota, que manteve contato com a instituição entre 2010 e 2017, diz que as crianças tinham vergonha de abraçar e demonstrar afeto aos familiares durante as visitas. “Todos te olhavam com cara feia. Tinha que falar ‘salve, Maria’ na chegada e saída deles, se falasse ‘oi’ ou ‘tchau’ já praticavam bullying”, aponta.
Já Humberto, que esteve no lugar entre 2001 e 2003, conta que os Arautos ensinam que a família educa errado e que também era mal visto se demonstrasse carinho pela mãe. “Era muito mal visto. Ligar para os pais era quase um crime. Os internos eram incentivados a pegar dinheiro da família, mas ignorar os pais”, lamenta.
Eles contam que além de violências físicas e mentais, os Arautos do Joinville também cometem diversos preconceitos no colégio. Um deles é o racismo. O caso de apenas pessoas negras trabalhando na cozinha é citado por todos os ex-internos ouvidos pela reportagem. Cleiton*, de 40 anos, que ficou no local entre 1996 e 2003, corrobora. “Algumas pessoas só trabalhavam na cozinha e limpavam banheiro. Todos nós limpávamos as coisas, mas alguns não saiam de lá. Geralmente, os pobres e negros”, afirma.
Manuela fala sobre a situação, hoje, com indignação. “Não tinham pessoas negras fora da cozinha e, neste setor, todas eram negras. Isso era visto como ‘vocação’”, explica. Além disso, ela também conta que, em um dia, as meninas mais velhas estavam arrumando o cabelo das mais novas e falavam que às vezes não ficava liso, e sim parecendo “cabelo de negro”.
Já Catarina amplia sobre o pouco convívio que as pessoas na cozinha tinham com as demais da casa. “As cozinheiras eram todas negras e ficam separadas de todos. Tem quarto para elas na cozinha, a vida delas é toda ali dentro”, lamenta.
Em 1998, Cleiton revela que foi encarregado pelos Arautos do Evangelho de Joinville para ir a Londrina expulsar um homem LGBTQIA+ da instituição. Ele explica que o grupo ensina que “homossexualidade é ir para o inferno”. Em tom de arrependimento, o homem conta que os internos tinham vontade de agredir pessoas homossexuais que entravam na instituição. “Eram rejeitados, muitos saiam por contra própria, eram maltratados”, fala. Neste caso da cidade paranaense, porém, eles o expulsaram e chamaram os responsáveis do garoto para explicar o motivo.
Cleiton integrou um grupo, nos Arautos de Joinville, que promovia ações radicais e extremas contra quem não concordava com as ideias da instituição. Outras igrejas e, principalmente, pessoas LGBTQIA+ faziam parte desta lista. Em 1997, ele conta ter participado de uma ação contra um bar localizado na rua Aubé, no bairro Boa Vista, que reunia homossexuais. “Jogamos pedra e comida podre”, recorda. Nos atos violentos, inclusive, haviam pessoas armadas. “O encarregado tinha duas armas de fogo, os mais velhos tinham armas. Existia uma sede militar. Um encarregado chegou a ser expulso por conta disso”, expõe.
Ele explica que a violência não é ensinada para os internos da instituição, mas o fanatismo gera o desejo de atacar quem vai contra os princípios dos Arautos do Evangelho. “O radicalismo das ideias contribui para que crianças e jovens fiquem bitolados e ataquem outros grupos. Se o João Clá mandar matar pessoas, eles vão fazer. Estão dispostos a tudo por ele”, afirma.
Catarina, que entrou nos Arautos de Joinville em 2010, após uma visita da instituição na escola pública que estudava, na zona Sul de Joinville, conta que sua saúde mental ainda é afetada pela experiência como interna do local, principalmente nos momentos recentes após a sua saída, em 2012. “A minha sexualidade foi afetada. Na escola, todos já paqueravam, ficavam e namoravam, e eu ficava com vergonha, nunca tinha beijado alguém. Me sentia culpada. Parece que perdi uma etapa da minha vida lá dentro”, lamenta.
Cleiton também expressa que sofre com sequelas por ter entrado nos Arautos do Evangelho. “Saí sem estudos e sem experiência profissional. Não consegui um emprego decente e nem fazer a carteira de motorista. Atrapalhou muito. Sempre achei que ia para o inferno por sair de lá”, conta.
Manuela, por sua vez, fala que teve inúmeras dificuldades para reatar a relação com os pais. “Quanto mais amoroso você é com os pais, pior você é. Minha mãe ia me visitar e isso era ruim para mim. Todas as meninas me julgavam. Demonstrar afeto é uma fraqueza, deve estar 100% do tempo pensando apenas no espiritual”, lembra do tempo de interna.
Além disso, a garota conta que sua religiosidade foi afetada, tendo dificuldades para voltar à igreja, pois tem receio de novamente sofrer com impactos em outros aspectos da sua vida pessoal. “Qualquer situação que me sinto coagida, não consigo mais fazer”, pontua.
No dia 28 de maio deste ano, o bispo da Diocese de Joinville, Francisco Carlos Bach, visitou, pela primeira vez, a sede feminina dos Arautos do Evangelho de Joinville. No local, ele celebrou uma missa e, conforme uma publicação da instituição, diz que ele “demonstrou muito contentamento com o projeto de evangelização e resgate de valores realizado junto à juventude por este ramo dos Arautos”.
Nas fotos divulgadas nas redes sociais, é possível ver o bispo junto com diversas meninas no local, incluindo crianças. Todas vestem as roupas tradicionais dos Arautos do Evangelho.
Procurada pela reportagem do jornal O Município Joinville, a Diocese de Joinville, por meio de nota oficial, afirmou que todas as denúncias que chegam a seu conhecimento são direcionadas aos órgãos competentes logo após o seu recebimento, sendo este um procedimento padrão.
Atualmente, a Diocese de Joinville diz que conta com uma comissão de sacerdotes e profissionais técnicos para acolhimento e direcionamento de eventuais denúncias. Contudo, em algumas situações, seguindo as normativas próprias da Igreja, as dioceses não possuem gerência prática.
Citando o caso das denúncias, a Diocese de Joinville cita que as decisões e atividades de uma Associação Internacional de Fiéis de Direito Pontifício aprovada pela Santa Sé, como é o caso dos Arautos do Evangelho, não estão nas mãos dos bispos diocesanos.
“Por isso, reforçamos: sendo ou não uma responsabilidade direta da Diocese de Joinville, todas as denúncias são acolhidas e tratadas com o devido cuidado, humano e pastoral, que é próprio do Evangelho”, finaliza o texto.
Em abril de 2022, de forma liminar, a Vara da Infância e da Juventude, do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), proibiu os Arautos do Evangelho, em todo o território nacional, de realizar novos acolhimentos e matriculas. Além disso, obrigou, até julho, o retorno de todas as crianças para a casa, impedindo a permanência em regime interno na instituição.
O TJ-SP ainda determinou que os Arautos apresentassem uma lista à Justiça, contendo o nome de todas as crianças e adolescente institucionalizadas em regime de internato em suas unidades, com a identificação de seus respectivos responsáveis legais e domicílio de origem. A multa para descumprimento seria de R$ 1 mil para cada aluno não entregue à família; e R$ 10 mil para cada nova matrícula.
Os Arautos do Evangelho, porém, entraram com recurso e um desembargador derrubou a liminar emitida pela vara, alegando que as crianças não conseguiriam vaga em redes de ensino até o meio do ano. A defensoria pública, agora, pretende recorrer.
Em um áudio obtido pela reportagem do jornal O Município Joinville, o arcebispo-emérito, Dom Raymundo Damasceno Assis, nomeado como interventor do caso pelo papa Francisco, ressalta que a instituição tem até o fim do ano para enviar todas as pessoas menores de idade para casa e encerrar o regime de internato. “É um decisão de Roma. Já não tem mais recurso”, fala.
Sobre a adoração às figuras dos líderes dos Arautos do Evangelho, Damasceno diz que a Igreja Católica está “trabalhando devagar” e que pretende fazer mudanças nos estatutos. “Nós vamos tomar alguma medida em relação a isso. Não estamos parados. Vamos tentar cortar esse mal pela raiz”, afirma.
Em 2019, uma pessoa que a reportagem entrou em contato denunciou os casos de abusos e violência nos Arautos do Evangelho à Polícia Civil de Joinville, porém, diz não saber o desfecho das investigações. Entretanto, ela lamenta que ouviu dos investigadores que “exorcismo não é caso de polícia”.
Ela crava haver diversas pessoas na cidade que passaram pelas mesmas situações abusivas, mas têm medo de denunciar.
Procurado pelo jornal O Município Joinville, o delegado Pedro Alves, da Delegacia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso (Dpcami), afirmou que a Polícia Civil de Joinville já realizou apurações preliminares anos atrás sobre o caso e enviou os materiais para a Justiça de São Paulo.
Ele ressalta, porém, que quem tiver novas denúncias de violências ou preconceitos praticados nos Arautos deve procurar a Dpcami para denunciar à Polícia Civil.
Fundada no Brasil em 1999 por João Clá Dias, a Associação dos Arautos do Evangelho teve aprovação da Igreja Católica em 2001, pelo Papa João Paulo II. Em 2009, foi classificada à condição de sociedade de vida apostólica, pelo papa Bento XVI. Em Joinville, a instituição privada e religiosa tem duas unidades. Uma voltada só para garotos, localizada no bairro Nova Brasília; enquanto as meninas ficam em uma estrutura no bairro Glória.
Além de promover constantemente a imagem de seu fundador, a instituição faz inúmeras referências à Lucilia Ribeiro dos Santos, mãe de Plinio Corrêa de Oliveira, líder católico, admirado por João Clá e principal fundador da sociedade Tradição, Família e Propriedade (TFP), grupo conservador, de extrema-direita, que viveu seu auge durante a ditadura militar.
À época, o grupo foi um dos organizadores das “Marchas da Família com Deus pela Liberdade”, movimento que apoiou o golpe contra João Goulart, último presidente do país antes do início dos “anos de chumbo”.
Entre as denúncias envolvendo a adoração, os denunciantes citam que os interno são motivados a colecionar materiais usados por João Clá e Plínio, chegando a guardar unhas, fios de cabelo, papel de bala, broches com sangue dele.
Uma das pessoas conta que, nos aniversários das crianças, durante a celebração, a aniversariante era chamada em uma sala exclusiva do fundador dos Arautos, sendo que algumas meninas eram beijadas por João Clá no local.
No dia 24 de novembro de 2021, o Conselho Estadual da Educação de Santa Catarina (CEE-SC) autorizou que um colégio do Instituto Educacional Arautos do Evangelho passasse a ser gerenciado pelo Instituto de Ensino Proeza do Saber. Na decisão, se cita que a instituição tem o direito de oferecer o ensino fundamental, dos anos iniciais aos finais, em Joinville.
A mudança teve a ex-secretária de Educação do estado Simone Schramm como relatora e foi aprovada por unanimidade por todos os presentes na reunião.
A reportagem do jornal O Município Joinville foi até o local para apurar se a instituição teria ainda alguma ligação com os Arautos do Evangelho. Uma funcionária, que não quis se identificar, afirmou que a escola não tem ligação com a instituição religiosa e que não poderia passar mais detalhes sobre o funcionamento do colégio.
Após ser procurada pela reportagem, a Secretaria de Educação de Joinville, por meio de nota, afirma que, desde 2021, quando iniciou a gestão no governo de Adriano Silva (Novo), não tem contato e nem registrou nenhuma visita do grupo Arautos do Evangelho nas escolas da rede pública municipal.
Além disso, desde o ano passado, a secretaria diz que todos os grupos e entidades que desejam realizar apresentações, palestras e outras atividades dentro das escolas e CEIs municipais precisam formalizar o pedido junto à Diretoria de Políticas Educacionais, com projetos e objetivos especificados. O encaminhamento é realizado às unidades somente após análise e aprovação do projeto.
A Secretaria de Estado da Educação (SED) afirma que entrou em contato com diversas escolas e não encontrou nenhum registro de atuação dos Arautos do Evangelho nas unidades educacionais da cidade. Além disso, também por meio de nota oficial, disse que educação pública é laica e, em respeito à liberdade e diversidade religiosa, a escola não privilegia e muito menos desprestigia qualquer religião.
Leia a nota completa da SED:
“A atuação de pessoas externas às Unidades Escolares da Rede Pública Estadual de Ensino, para desenvolver projetos, entrega de materiais, proferir palestras para alunos ou formações continuadas de professores, seguem três procedimentos:
1º Quando é de interesse do cidadão ou de entidade da sociedade civil, deve-se apresentar projeto para a direção da escola que, a depender da abrangência do projeto, encaminha à Coordenadoria Regional de Educação para análise e parecer. O principal critério de análise é se a ação proposta contribui com o projeto pedagógico da escola e se dialoga com o Currículo Base do Território Catarinense e a Base Nacional Comum Curricular;
2º Quando é de interesse da escola convidar pessoas ou entidades externas, ela é orientada a fazê-lo considerando a sua proposta pedagógica, explicitada em interesses ou necessidades de temáticas necessárias ao desenvolvimento de aprendizagens específicas dos estudantes;
3º Quando a SED ou as Coordenadorias Regionais de Educação firmam parcerias com entidades da sociedade civil ou governamentais para desenvolver ações ou projetos de interesse da Rede Estadual de Ensino. Nestes casos, as unidades escolares são informadas previamente das ações a serem desenvolvidas, cabendo aos gestores organizar a operacionalização das ações decorrentes.
No tocante às temáticas de cunho religioso, ressaltamos que a educação pública é laica e, em respeito à liberdade e diversidade religiosa, a escola não privilegia e muito menos desprestigia qualquer religião. Por isso, o componente curricular de ensino religioso, conforme previsto no art. 33 da LDB/1996, bem como a Base Nacional Comum Curricular (2017), aborda os conhecimentos religiosos a partir de pressupostos éticos e científicos, respeitando a diversidade cultural religiosa, sem quaisquer formas de proselitismo”.
Procurada pela reportagem do jornal O Município Joinville, a Associação Internacional Privada de Fiéis de Direito Pontifício Arautos do Evangelho, por meio de nota (, classificou as denúncias como “persecutórias”, ou seja, que promovem perseguição.
No texto, a associação afirma que o “processo judicial será extremamente favorável para o estabelecimento da verdade, pois permitirá, finalmente, que todos os nossos colaboradores, integrantes, professores e estudantes tenham voz e vez”.
Já a Associação de Mães e Pais de Arautos Estudantes (Ampare), também através de nota oficial, classificou as denúncias como “inautênticos” e que são realizados por pessoas que “nutrem antipatia à religiosidade dos Arautos e ao nosso Projeto Educacional”.
No texto, a Ampare diz que além de promover a transmissão do conhecimento acadêmico, função basilar de uma escola, diz que “nossos filhos são bem cuidados, recebem carinho, atenção, orientação, são bem alimentados e, principalmente, sairão de lá com um caráter ilibado, algo mais do que necessário em nossa sociedade”.
A associação ainda afirma que se os filhos deixarem as unidades dos Arautos do Evangelho, terão que “ir à procura de outros estabelecimentos cujos problemas podem inclusive oferecer risco à sua integridade física e moral”.
Procurados pela reportagem por telefone, a unidade de Joinville dos Arautos do Evangelho não quis se manifestar. O Município Joinville também foi até as sedes da instituição. Na feminina, localizada no bairro Glória, em um primeiro momento, uma menina com voz infantil atendeu o interfone e, em seguida, chamou outra garota. Esta optou por não dizer seu nome, mas disse ter 18 anos, ser de Brasília (DF) e que está há três meses em Joinville. Ela afirma que o grupo não tem mais colégio na cidade e, no local, funciona a “casa das irmãs”.
Neste local, de acordo com a jovem, algumas crianças se hospedam com autorização dos responsáveis durante a semana, que definem também o horário que os filhos ficam na residência. “Conforme autorização dos pais, podem dormir no local”, diz ela. Ao ser questionada sobre quantas meninas estão no local e o que fazem no espaço, ela se recusa a responder. “Não tenho o porquê dizer isso”, exclama.
Já no setor masculino, localizado no bairro Nova Brasília, um garoto que fazia a limpeza de um setor externo à sede, também sinaliza que não há mais colégio dos Arautos do Evangelho em Joinville. Em seguida, um funcionário abordou a equipe de reportagem, interrompendo o diálogo, solicitou nome, telefone e afirmou que a instituição iria retornar o contato. Porém, até a publicação desta reportagem, os Arautos de Evangelho não procuraram o O Município Joinville, não atenderam telefone, não responderam e-mails e nem mensagens por aplicativos.
Confira a nota completa da Ampare:
“A AMPARE – Associação de Mães e Pais de Arautos Estudantes – vem a público para se manifestar consternada com as recentes notícias relativas ao funcionamento das escolas Arautos do Evangelho e de seu Projeto Educacional, das quais nossos filhos são honrosamente participantes.
Primeiramente, ficamos perplexos por saber que estão discutindo e decidindo a vida de nossos filhos sem nos ouvirem, baseados em relatos inautênticos, já conhecidos, oriundos de pessoas que nutrem antipatia à religiosidade dos Arautos e ao nosso Projeto Educacional.
Contudo, estamos felizes e tranquilos por termos nossos filhos aos cuidados educacionais regulares destas escolas e deste nosso Projeto.
Por nossa própria experiência, temos a certeza de que, além da transmissão do conhecimento acadêmico, função basilar de uma escola, nossos filhos são bem cuidados, recebem carinho, atenção, orientação, são bem alimentados e, principalmente, sairão de lá com um caráter ilibado, algo mais do que necessário em nossa sociedade.
Surpresa nos traz uma rede de televisão que há poucos dias noticiou a “epidemia” de violência nas escolas, com casos inclusive de facadas entre alunos, criticar uma instituição que nunca teve um caso de violência sequer, ainda que verbal, desde sua fundação, em 2003.
O que querem? Desejam que nossos filhos interrompam seus estudos, saiam desse ambiente profícuo, pacífico e construtivo, e tenham que ir à procura de outros estabelecimentos cujos problemas podem inclusive oferecer risco à sua integridade física e moral?
Os Colégios, neste Projeto Educacional, recebem pessoas de todas as classes sociais, com amor, seriedade e qualidade. Somos 505 (quinhentos e cinco) pais felizes por termos nossos filhos nesse ambiente. Que sejamos ouvidos!
Agradecemos aos Arautos do Evangelho pela existência deste Projeto Educacional e pelo amparo proporcionado por eles. Rogamos que não desistam de sua missão jamais e que, como Maria, que viu seu Filho morrer na Cruz, mantenham a força e o amor para seguir em frente.
Ao Poder Judiciário, clamamos por sermos escutados, nós, que realmente temos legitimidade para tratar deste tema. E que haja justiça ao final desse processo.
AMPARE – Associação de Mães e Pais de Arautos Estudantes”.
*Os nomes são fictícios para preservar a integridade dos denunciantes.
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