Área urbana de Brusque cresce mais de 45% em 17 anos; veja números
Projeção é que só o bairro Limeira Alta cresça mais de 50% até 2025
Em 17 anos, a área urbana de Brusque cresceu 45,20%. E este crescimento foi, principalmente, em direção às áreas mais afastadas do Centro, nas regiões periféricas da cidade.
Em 2003, a área ocupada do município era de 3.358 hectares. Em 2010 foi para 4.067,2 hectares e, em 2020, aumentou para 4.875,7 hectares.
Os dados foram apresentados durante audiência pública para a revisão do Plano Diretor de Brusque.
Além da área urbana, nos últimos 17 anos, Brusque teve também um crescimento expressivo da sua população: 61%.
“Esses números mostram que existe bastante atratividade das pessoas para a nossa cidade. O que é bom. Mas também indica um desafio. Onde essas pessoas vão morar? Como a cidade tem se estruturado para isso?”, observa o professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unifebe, Karol Carminatti, que faz parte do grupo de trabalho de revisão do Plano Diretor.
O professor avalia que Brusque cresceu de forma espalhada e este pode ser considerado um dos principais problemas da cidade, já que demanda custos extras de infraestrutura e serviços.
“Temos quase 140 mil habitantes e muitas pessoas morando espalhadas, cada vez mais longe, e isso gera custos, desafios. O transporte coletivo é um exemplo, os ônibus precisam ir até o final para buscar duas, três pessoas, e assim o serviço acaba não conseguindo se pagar. Este é um modelo de cidade desafiador economicamente”.
Crescimento em direção à Limeira
Os dados avaliados pela comissão responsável pela revisão do Plano Diretor de Brusque mostram também a tendência de crescimento dos bairros da cidade.
Até 2025, a população do bairro Limeira Alta tem uma projeção de crescimento de mais de 50%, em relação ao último levantamento realizado em 2015. Esta é, justamente, a região da cidade que mais se expandiu nos últimos anos.
“Este crescimento é visível. Muitos loteamentos, novas áreas de moradias. Sabemos disso e nos preocupamos, principalmente em relação à mobilidade do bairro que está em expansão”, destaca o secretário de Desenvolvimento Econômico, Ademir José Jorge.
Já prevendo o crescimento exponencial do bairro, a prefeitura projeta um anel viário, que passará entre as ruas 25 de Julho e Alberto Muller. A extensão da obra, que ainda não tem previsão de início, é de 5,9 quilômetros. Com isso, o acesso ao bairro ocorrerá de duas formas: pela rua Alberto Muller, já existente, e a partir da rua 25 de Julho, que será a segunda alternativa.
“É na Limeira que fica nossa área industrial, constituída já há muitos anos. Fazemos o acompanhamento desta área industrial, porque precisamos dar infraestrutura para que as empresas permaneçam ali e gerem cada vez mais empregos”.
O secretário destaca que, com a quantidade de empresas crescendo naquela região, a tendência é que os moradores não precisem se deslocar para outros bairros para trabalhar.
“É importante dar estrutura para as comunidades. A Limeira, por exemplo, ainda não tem escola pública com ensino médio. Essa é uma grande necessidade e a prefeitura está atenta a isso. Com a revisão do Plano Diretor, teremos um documento importante para nortear as ações em busca do desenvolvimento da cidade”, destaca Ademir.
Além do Limeira, os bairros Cedrinho, Planalto, Souza Cruz e São João, devem crescer em torno de 26% até 2025.
As projeções feitas em 2015 apontam ainda para um crescimento de até 14% em 2025 nos bairros Jardim Maluche, Azambuja, Paquetá, Zantão, São Pedro e Santa Rita.
Devem crescer até 17% nos próximos três anos o Centro 1, Centro 2, Guarani, Limoeiro, Nova Brasília, Santa Terezinha e São Luiz.
Já os bairros Águas Claras, Bateas, Steffen e Dom Joaquim tem uma projeção de crescimento de até 18% em 2025.
O levantamento mostra também que Brusque conta, atualmente, com mais de 8 mil lotes com infraestrutura. Dentro deste número são contabilizados 7.357 loteamentos e mais 652 no formato de condomínios fechados.
Densidade populacional baixa
Os estudos para revisão do Plano Diretor mostram, ainda, que a densidade populacional de Brusque é baixa, se comparada a outras cidades.
O professor Karol explica que densidade populacional é a quantidade de pessoas que moram em um hectare ou em um quilômetro quadrado. “Quanto mais pessoas morando em um mesmo espaço, mais fácil de pagar pela infraestrutura, mais fácil ter acesso aos lugares, mais os serviços conseguem se sustentar”, destaca.
Atualmente, o bairro mais denso de Brusque é o Santa Terezinha, região que tem a maior densidade populacional, chegando a 100 habitantes por hectare.
“Junto com o Santa Terezinha, o Centro 1 e o São Luiz apresentam uma maior densidade populacional. Fora disso, temos um decréscimo. O que explica muito o nosso desafio em relação ao transporte coletivo, por exemplo, quanto menos pessoas tem e mais longe o ônibus precisa ir, mais custoso e menos pessoas para pagar. A ideia de densidade populacional nos faz entender que é importante compreender melhor as regiões mais centrais e periféricas”.
O grupo também avaliou a densidade de moradia nos bairros da cidade. A região com mais moradias por hectare é o Centro 1, seguido por São Luiz, Santa Rita, Santa Terezinha e Limeira Baixa. “Para regiões mais centrais, até 60 moradias por hectare seria o mínimo, para poder utilizar bem a infraestrutura que já está disponível nessas áreas. Em Brusque, quem chega em 60 moradias por hectare é apenas o Centro 1”.
O professor traz como exemplo a cidade de Curitiba, no Paraná. Na capital paranaense, bairros mais periféricos trabalham com 80 moradias por hectare, enquanto que na região do Centro da cidade o parâmetro é de 200 a 400 moradias por hectare.
Já em Brusque, nos bairros periféricos, a densidade é de 10 a 20 moradias por hectare, enquanto que nas regiões mais centrais, a densidade é de 40 a 60 moradias por hectare. “Nossa cidade tem um problema muito sério pelo formato que tem, de ter muita gente morando em áreas cada vez mais periféricas, de forma bastante espalhada, o que reverbera nas questões de infraestrutura para a cidade”, observa.
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