Arquiteta desenvolve projeto para utilização do espaço da Schlösser
Valorizando a história, profissional propõe a criação de um centro de negócios têxteis para o complexo
O anúncio da compra da sede da Companhia Industrial Schlösser pelo grupo Havan, por R$ 25 milhões, deu esperança a muitos brusquenses que desejam ver o patrimônio da fábrica centenária preservado e ativo novamente.
O local é tema recorrente em pesquisas e trabalhos acadêmicos, principalmente dos cursos de Arquitetura e Urbanismo das universidades da região. Recém-formada pela Assevim/Uniasselvi, a arquiteta brusquense Tamires Bononomi desenvolveu seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), apresentado no fim do ano passado, propondo uma nova ocupação para aquele espaço.
De acordo com ela, a proposta buscou aliar a história da Schlösser no ramo têxtil a uma nova utilidade. Por isso, o eixo central do trabalho foi o desenvolvimento de um centro de negócios têxteis no espaço onde funcionou a fábrica.
A ideia da arquiteta também foi utilizar o local para abrigar feiras, como a Pronegócio, que atualmente ocorre no pavilhão Maria Celina Vidotto Imhof, reuniões, assembleias, espaços de negociação comunitários e coworking.
A arquiteta destaca que um novo espaço para eventos e negócios é necessário no município. Na visão dela, com um espaço de 60 mil m², o local poderia abrigar as feiras têxteis da cidade. “Trazendo as feiras para o complexo, poderemos ter espaços de apoio que atendam, especificamente, às necessidades do setor têxtil, que não são possíveis em um pavilhão genérico como o que temos hoje”.
Integração com a comunidade
Além disso, a proposta procurou conectar a comunidade ao espaço, integrando elementos de lazer e cultura, fazendo com que o local seja utilizado com frequência. De acordo com ela, dar oportunidades para que a comunidade possa frequentar o espaço é fundamental para torná-lo útil e viável.
“A inclusão da comunidade no complexo tem como finalidade, além de garantir a utilização constante do bem, aproximar a população ao patrimônio, de forma que o espaço sirva como referência à história da cidade e da formação da comunidade”.
Para desenvolver o projeto, Tamires realizou pesquisa de opinião com a população. De acordo com ela, foram entrevistadas 36 pessoas, com faixa etária de 21 a 55 anos. A pesquisa revelou que 94% dos entrevistados acreditam que é importante preservar os edifícios históricos da cidade. Eles também sentem falta de mais espaços de lazer, como praças e parques; espaço para crianças e infraestrutura de transporte.
Durante o trabalho, a arquiteta chegou a conclusão que a área onde está localizada a sede da Schlösser, tem uma característica flutuante, ou seja, poucos moradores e muitos trabalhadores do comércio no entorno.
“A maior parte desses comércios fecham para almoço, e existe um déficit de espaços para que essas pessoas se apropriem em seu intervalo de serviço, por isso, é importante tornar o espaço atrativo ao público”.
A divisão dos espaços
O projeto divide o local em ambientes temáticos. A área da memória, por exemplo, é o setor que reúne os espaços destinados a celebração da história da industrialização na cidade e funcionaria com os mesmos princípios de um museu.
O setor administrativo é o local onde estariam os serviços financeiros, de coordenação e todos os processos administrativos necessários para o complexo. A intenção de unir todos esses espaços em um único setor é permitir que as atividades que acontecem nos diferentes ambientes do complexo sejam coordenados.
No projeto, o setor de negócios é onde estão todos os espaços cujo objetivo sejam suprir as necessidades de um local que seja propício para receber feiras têxteis, serviços de negociação e comércio. Neste setor estariam um salão de jantar e eventos, salão de exposições, salas de negociações, coworking, feira permanente e auditório.
Por fim, o setor comunitário é onde estão os espaços destinados aos usuários presentes na comunidade, com academia para todas as idades, playground, praça, biblioteca e espaço para oficinas.
Planos da Havan
Por meio da assessoria de imprensa, a Havan divulgou que a ideia é instalar um espaço multiuso com prioridade para assuntos relacionados à cultura e serviços, unindo entretenimento e gastronomia. “Preservaremos de 80% a 90% das construções existentes e restauraremos a casa principal”, diz o presidente da Havan, Luciano Hang.
A arquiteta vê com bons olhos a atitude da empresa brusquense. “A preservação de um espaço como este é de suma importância para a cidade. Espero que sirva de exemplo e inspiração para outros empresários e também mostre as pessoas a importância que os espaços históricos tem para a cidade”.