ARTIGO – Dia da Bandeira
Por Marcos Eugênio Welter, vice-presidente nacional da Academia de Letras do Brasil
É um privilégio falar sobre este dia porque poucas pessoas puderam se emocionar mais do que eu, quando via nossa Bandeira do Brasil ser hasteada no mais alto dos mastros, em vários países em função das conquistas internacionais de meus filhos Marlon, Maicon e Rodrigo, que para o Brasil conquistaram, dentre outros os títulos de Campeões Sul-Americanos, Campeões Panamericanos e Campeão Mundial de Bicicross. Ao ser hasteada nossa Bandeira no lugar mais alto e ser entoado o Hino Nacional, eu, com a mão no peito, os olhos lacrimejando de emoção, cantava com as cordas vocais e a alma nosso belíssimo Hino Nacional em outros países.
Que saudades da minha infância querida, quando, ainda no primário, às sextas-feiras, no Grupo Escolar Rui Barbosa em Joinville, fazíamos a Homenagem Bandeira, ocasião em que nosso pavilhão era hasteado e todos cantávamos o Hino Nacional.
Depois, no tempo em que fazia o Ginásio, (hoje segundo grau), tínhamos, dentre outras matérias, Educação Moral e Cívica, onde consolidávamos nosso respeitoso sentimento de Amor à Pátria. Hoje tudo faz parte de um passado, as crianças não aprendem mais a cultuar e honrar nossos símbolos, nossos hinos, nossos heróis.
A Bandeira Nacional, com muito orgulho está sempre no meu carro e também hasteada no meu escritório. Não precisa ser data especial, pois para expressarmos nosso sentimento de amor à nossa querida Pátria, não precisamos olhar no calendário e ver se é 7 de setembro ou Dia da Bandeira.
Dados históricos
Um dos mais importantes símbolos das sociedades humanas – A Bandeira- nasceu há muito tempo, a partir de uma necessidade puramente prática. Nos campos de batalha da antiguidade, quando a estratégia de então recomendava que as tropas se dispersassem em diferentes direções, para confundir o inimigo, era necessário que tivessem um ponto de orientação visível, à distância, “um pedaço de pano”, de cores vivas (porque o “pano branco” significava “rendição”). Pedaço de pano este amarrado a uma haste. Foi assim, portanto nas guerras, nas batalhas, que surgiram as primeiras bandeiras. Aliás, não só as bandeiras tiveram origem nas guerras, nos confrontos de armas. As próprias letras dos hinos pátrios, dos diversos países da antiguidade que sofreram guerras têm as letras dos seus hinos baseadas na própria guerra.
Os Assírios e Persas foram os primeiros que abriram o desfile das bandeiras na história do mundo. O emblema dos Assírios era uma pomba, embora aquele povo não fosse muito amante da paz. Já os Persas preferiram uma Águia Dourada de Asas Abertas. Os estandartes gregos levavam a figura de algum animal sagrado ou divindade protetora. Os romanos além das bandeiras levavam emblemas chamados de Siena (de Signal).
Em todas as variações, as bandeiras, estandartes e emblemas, havia um sentido comum: simbolizavam os valores mais caros de cada povo. E comum era também o seu objetivo = levantar o moral dos exércitos, a partir de uma imagem à qual se ligava uma forte paixão afetiva.
E no Brasil
A 15 de novembro de 1889, no mesmo dia em que se proclamou a República dos Estados Unidos do Brasil, discutia-se no Parlamento de então, como seria a bandeira nacional. O projeto vencedor foi de autoria de Raimundo Teixeira Mendes, mas o decreto autorizando a criação da bandeira data de 19 de novembro de 1889. O emblema “Ordem e Progresso” foi inspirado no filósofo positivista Augusto Conte. A parte artística foi confiada ao pintor Décio Vizares, e somente em 1.908 uma comissão em que figurava entre outros o grande poeta Olavo Bilac, apelou para que se comemorasse condignamente o Pavilhão Nacional. O dia escolhido foi 19 de novembro. Olavo Bilac, para isto muito se empenhou e traduziu em versos os magníficos significados que a bandeira simbolizava dizendo:
“Criança, ama com fé e orgulho a terra em que nasceste”.
A cor amarela representa as suas riquezas, representadas pelo ouro e pelos minerais nela existentes. O azul representa a benção que vem lá de cima, da abóboda celeste. O branco ensina aos homens que eles devem manter a pureza do coração, devem ser “Justos e Perfeitos”. E o verde não simboliza somente as matas, mas principalmente a esperança que deve existir no coração de cada um de nós, em dias melhores se não para nós, para nossos filhos e netos e para todos os nossos compatriotas.
A Bandeira está posta para ser honrada. Não para ser manchada por corrupção, mentira, incompetência, engodo, fingimento de democracia. Ela se santificou com o sangue dos que morreram no Paraguai, na Itália. Foi sangue que a purificou. A que foi consagrada no sangue não pode ser manipulada por mãos cheias de lama da decadência da política e da ética.
Todo e qualquer estabelecimento em que esteja hasteado o Pavilhão Nacional deveria primar pela correção, pela justiça, deveria honrar os dizeres “ORDEM E PROGRESSO”.