Endometriose: não sofra em silêncio

Por Felipe Koleski, médico

Endometriose: não sofra em silêncio

Por Felipe Koleski, médico

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  • 14/08/2019
  • 14:09
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Em muitos anos tratando mulheres com endometriose, passei a entender o modo como elas costumam lidar com a doença. Infelizmente, muitas vezes as mulheres sofrem em silêncio. Por uma questão cultural, por medo de perder o emprego e às vezes até o companheiro, é comum a mulher só procurar ajuda quando a dor chega ao limite, isto é, quando a impede de trabalhar e levar uma vida normal. Até lá elas costumam ouvir caladas comentários depreciativos do tipo: “Mas você vive doente”, “Você parece a Maria das dores” ou “Por que você não engravida?”

A endometriose é uma condição na qual o endométrio, a mucosa que reveste a parede interna do útero, se desenvolve fora da cavidade uterina, expandindo-se para outros órgãos como trompas, ovário, intestino e bexiga. É uma doença que afeta 10% a 15% das mulheres em idade reprodutiva – estima-se de 6 a 7 milhões no Brasil. Deste universo, 40% desenvolvem o tipo mais avançado da doença, a endometriose grave ou profunda. São casos com maior enraizamento do tecido fora do útero e com indicação de cirurgia. Além da dor, a endometriose pode provocar a infertilidade.

O problema é que muitas mulheres demoram a fazer o diagnóstico porque – por razões culturais que todos nós temos o compromisso de combater – nem sempre se valoriza a dor da paciente. Ela trata como cólica menstrual normal, segue receitas caseiras ou vai de médico em médico até que um ginecologista especializado em endometriose faz o diagnóstico. Por isso, é muito importante que a paciente com dor procure o especialista.

Além disso, para aumentar o sucesso do tratamento, é importante a orientação de uma equipe multidisciplinar composta por ginecologista, cirurgião (para os 40% de casos de endometriose grave), urologista, psicólogo, fisioterapeuta pélvico e outros profissionais. O importante é fazer o diagnóstico o mais cedo possível e devolver a qualidade vida da mulher. Para os casos iniciais, é possível fazer o tratamento clínico da endometriose.

O conselho que dou às pacientes é: aos primeiros sinais de dor ou dificuldade para engravidar, procure ajuda. Não sofra em silêncio. A endometriose tem tratamento e você não merece viver assim.

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