As Sufragistas
As mulheres têm o poder de criar e mudar seus próprios destinos e não precisam de um homem para isso. “As Sufragistas” é o filme que dá fortes tapas na cara do telespectador, que reflete nos olhos de cada mulher a angústia de ser do sexo feminino em uma sociedade patriarcal e que revolta toda massa populacional dotada de amor ao próximo. Para quem não tem empatia, ou finge ter, o longa é “só mais um filme, nada demais”, mas acredite, ele é muito, muito mais que isso.
“As sufragistas” além de nos trazer uma temática muito relevante, nos entrega de bandeja a ótima interpretação de Brendan Gleeson, que merece elogios por seu trabalho como o chefe da inteligência, até por ser o único personagem mais complexo. Meryl Streep pareceu forçada na sua minúscula participação como a líder maior das sufragistas. Cena lamentável. Helena Bonham Carter, como Edith Ellyn, também aparece no filme, mas nada demais. Apesar das falhas interpretativas e a sobra de personagens rasos, temos a fotografia monocromática do filme, que cumpre seu papel nos contextualizando num cenário social ainda mais sujo e deturbado da Inglaterra pós-revolução industrial e uma produção incrível dos figurinos. Todos esses fatores dão ao filme a notória qualidade de ser extremamente revelador e importante, socialmente falando.
“Ouço o som de pés. Mil vezes, dez mil, milhares e milhares estão vindo para cá. São os pés daqueles que seguirão você. Lidere-os” . Assim, o filme encerra nos dando a tão almejada notícia: em 1918 o voto foi dado a algumas mulheres acima dos 30 e 10 anos depois, todas as mulheres obtiveram direitos iguais aos homens, em relação ao sufrágio. Mais de mil mulheres foram aprisionadas durante a luta e centenas foram mortas em confrontos ou nas prisões. Elas deram tudo o que tinham para que as outras tivessem o que não tinham, assim, serão lembradas como heroínas, guerreiras e salvadoras. Uma salva de palmas para cada uma delas, e para todos, ao redor do mundo, que até hoje lutam para adquirir algum direito social.
Pedro Rabelo de Araújo Neto – 17 anos – calouro no curso de Relações internacionais na UFSC