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As telas à nossa frente – parte 2

Perdidos na transição

Joguem fora os relógios, não precisamos mais marcar o ritmo dos dias. Basicamente, ficamos o tempo todo em um único status: on. O tempo passa voando, porque está todo preenchido com uma tarefa inesgotável: ver tudo. Ler (só o primeiro parágrafo, só o título, só poucas palavras) tudo. Fazer tudo. Cumprir tudo. Curtir tudo. Estar presente o tempo todo na vida online de todo mundo. Queremos ser onipresentes. Como assim, todo mundo já sabe e eu ainda não dei meu pitaco? Pecado. Mortal.

A vida online é ruim? De jeito nenhum. Ela nos expande, elimina distâncias, dispensa intermediários. E é aí que a gente se complica. Tendemos a nos perder, ao tentar fazer o papel de nossos próprios curadores. A mídia, os mestres, os (bons) ídolos cumprem essa função, a de nos mostrar o que acompanhar. Estamos perdendo os críticos, perdendo a fé em quem sabe mais do que a gente. Temos um mundo inteiro na ponta dos nossos dedos. E não sabemos para que lado ir, por onde começar.

É só uma transição, minha cabeça inquieta tenta me convencer… é só um tempo em que tudo está se modificando tão rápido que não tivemos como substituir antigos protocolos por novos “modos de fazer”. Uma hora ou outra vamos achar de novo um ritmo mais confortável para essa caminhada doida. Mas… e se tudo continuar mudando rápido e o mundo continuar a ser despejado inteirinho nas nossas telas, telinhas e telonas, quando vamos conseguir uma adaptação… humana?

 

Claudia Bia – jornalista e vivente online

 

 

 

 

Vamos ficar em off

Tudo me leva a crer que estamos arrependidos de onde a tecnologia nos trouxe.

Nossas roupas remetem a modas passadas, estamos fazendo toca-discos muito semelhantes aos de antigamente e tantas pessoas idolatram os dizeres encontrados em alguma cafeteria por aí: “não temos wi-fi, conversem entre si”!

Eu digo, assumindo toda pretensão de dizer algo assim, que estamos apavorados. Nos assustamos ao perceber onde a tecnologia nos trouxe, pois temos um mundo sem fronteiras onde muita gente tem medo de olhar nos olhos de seu semelhante.

A praticidade da comunicação à distância nos acomodou em um limbo que confunde intimidade com desconhecido, conforto e fuga com a necessidade de enfrentamento. Não quero acreditar que ficaremos parados, construindo robôs com pele sedosa enquanto nos abstemos do calor humano.

Chega de drama para uma quarta-feira só. Vamos nos olhar nos olhos, vamos sentir uns aos outros, independente de dia do amigo, do beijo ou dos namorados.

Vamos nos amar verdadeiramente! Para que a internet encurte distâncias, e nunca se imponha entre elas.

 

Eduarda Paz – Psicóloga Clínica

 

 

 

 

Hora de deslogar

Tenho pensado até onde essa tecnologia toda vem a nosso favor. Sou, e meus amigos mais próximos sabem, uma fã de tudo isso, computadores, smartphones, internet. Vejo como é bom estar aqui sentada em casa e podendo falar e ver pessoas amigas que há anos não via, pessoas que moram em todos ou lugares do mundo, conhecer lugares, saber as notícias em segundos, mas essa ânsia que tudo isso gera nas pessoas, o desejo de estar na frente, de estar mais bonito, de estar melhor, a ânsia pelo poder, a ânsia do ter esquecendo-se do SER.

Esquecem-se de quem está ao lado na cama, na mesa, no restaurante, dos filhos, dos pais, dos irmãos, dos amigos. E toda essa loucura de estar ligado, ou logado, pra não perder nada, e perde-se o mais importante, perde-se a vida, que passa num pulo, num segundo em um piscar de olhos. Então me pego pensando em tudo isso, crianças que já não brincam, adolescentes trancados em seus quartos e disponíveis para o mundo, mundo digital, que hoje tem tantos perigos quanto a rua… Adultos, adultérios, crimes…. Enfim, precisamos acordar dessa loucura digital antes que percamos para ela a nossa vida.

 

Dilara Domingos Imianosky –  Mãe e Empresária