Asfalto está longe de ser realidade na SC 486 de Botuverá a Vidal Ramos

Reunião com engenheiros do Deinfra e da Prosul não trouxe boas notícias

Asfalto está longe de ser realidade na SC 486 de Botuverá a Vidal Ramos

Reunião com engenheiros do Deinfra e da Prosul não trouxe boas notícias

Empresários, vereadores, autoridades municipais e comunidade participaram de reunião na Câmara de Vereadores de Botuverá com engenheiros do Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra) e da Prosul sobre a antiga reinvidicação de asfalto na SC 486, no trecho de Botuverá a Vidal Ramos, na manhã desta quarta, 20. 

Carlos Ferrari, gerente de projetos do Deinfra, e Robson Sebastiany, coordenador do projeto pela Prosul, explicaram o projeto existe há um ano e inclui a duplicação da mesma rodovia no trecho que liga Brusque à BR 101, em Itajaí. Segundo Ferrari, com o financiamento pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a obra custaria 300 milhões de dólares, o que representa 70% do orçamento do BID para o Estado de Santa Catarina. 


Em Botuverá
Para Botuverá as notícias não são nada boas. Na reunião de ontem, Ferrari salientou que esta obra incluiria a abertura de um contorno rodoviário e, que por diversos problemas (como desapropriações, instabilidade dos terrenos e encostas, diferenças entre os solos) e cuidados técnicos que precisam ser levados em conta, na primeira prévia da análise econômica constatou-se que a obra é inviável financeiramente.

Aproximadamente 1500 veículos pesados trafegam por dia, escoando a produção de calcário da região, e, de acordo com os estudos, no novo trecho a velocidade máxima em seria de 60km/h, e nas curvas seria de, no máximo, 40km/h, o que criaria outro problema: congestionamento.  

– O projeto já pode ser licitado, é perfeitamente exequível, mas está parado pela inviabilidade econômica. É triste estar aqui para dizer que o projeto não tem viabilidade econômica, não é o que vocês queriam ouvir. Agora será preciso muita força política e mobilização social para despertar o interesse do governo neste projeto. – disse Ferrari.


Em Brusque
A parte do projeto que trata da duplicação da rodovia no trecho que Brusque a Itajaí, conforme informações no site do Deinfra, passa pelo processo de licenciamento ambiental e posteriormente será feito o encaminhamento para a licitação do empreendimento. Até o primeiro trimestre de 2013 todas as licenças devem ser liberadas e a meta é entregar a obra finalizada em dezembro de 2014 ou janeiro de 2015, segundo Sebastiany, o engenheiro responsável pela obra. 

A audiência pública foi realizada no dia 15 de outubro, em Itajaí. No site não é informado o custo para esta obra, mas no trecho citado, com 24,4 quilômetros, além da duplicação com três metros de canteiro central, estão previstas quatro faixas com 3,75 metros cada e acostamento de 2,5 metros de largura. Também serão implementadas seis interseções, sendo quatro em viaduto. Para aumentar a segurança da via foram projetadas quatro travessias para pedestres nas comunidades de Itaipava, Arraial do Cunha e Limoeiro, e a melhoria de uma curva, e todas essas interferências teriam recebido o adequado tratamento ambiental.


Curto prazo
O que a população, empresários e políticos de Botuverá realmente precisam é a pavimentação do trecho que vai até o Parque Nacional das Grutas de Botuverá, no bairro Ribeirão do Ouro, 45 quilômetros antes de Vidal Ramos. 

Ferrari garantiu que a preocupação com o problema da cidade existe, principalmente com as comunidades que moram no meio do trecho, que são as pessoas que mais sofrem, mas além da inviabilidade financeira, o licenciamento ambiental com o FATMA (Fundação do Meio Ambiente) e demais órgãos competentes seria outro enorme obstáculo para a realização do projeto.

Salvio Colombi, representante da empresa Rio do Ouro Mineração Ltda declarou que é necessário dividir o projeto e resolver a situação a curto prazo, com a pavimentação da SC 486 até o Parque Nacional das Grutas de Botuverá. Neste trecho encontram-se as empresas Rio do Ouro e Calwer Mineração Ltda, que representam 30% do movimento econômico do município. 

– Se as empresas pararem, a cidade vai parar também. Botuverá é um dos maiores consumidores de energia elétrica, proporcionalmente à sua população, pela quantidade de indústrias que temos. Os impostos recolhidos e o retorno financeiro ao Estado evidenciam a viabilidade financeira. – rebateu Colombi.

Alessandra Regina Weiss dos Santos, 32, moradora do Ribeirão do Ouro recolheu 800 assinaturas em um abaixo-assinado que foi encaminhado ao Deinfra e lamentou a resposta que foi dada na reunião de ontem. 

– A situação está complicada, mas a esperança permanece. Queremos esse asfalto e para nós foi uma grande conquista eles (Deinfra e Prosul) terem vindo aqui para conversarmos. Agora queremos que tudo o que foi colocado aqui seja levado para frente e que o Deinfra nos dê uma satisfação. – enfatizou Alessandra.


S.O.S
O problema da SC 486 em Botuverá é bem mais simples: falta manutenção neste trecho da estrada. José Augusto Werner, da Calwer Mineração, disse que desde 2004 tem feito pedidos ao Deinfra para a construção de pontes em diversos trechos perigosos e a solução dos problemas com os boeiros. 

– A falta desses elementos pode paralisar as atividades da fábrica. Estamos todo esse tempo doando nossos materiais e nossos equipamentos para arrumar essa estrada para podermos continuar trafegando. – disse Werner. 

Nilo Barni, vice-prefeito eleito a partir de 2013 e ex-prefeito da cidade por três vezes, disse que o descaso nunca chegou a esse ponto. 

– Sentimos na pele o problema e não vamos sossegar, vamos trabalhar em conjunto. Temos orgulho de sermos botuveraenses e estamos sentidos com todo esse descaso. Como vice-prefeito vou lutar por essa causa. Tem gente se escondendo de vir aqui, estão fugindo do compromisso. Acho até estranho sempre vir alguém da Secretaria Regional nas inaugurações que fizemos e hoje aqui não veio ninguém para nos dar esse esclarecimento que foi dado. – desabafou Barni.

O prefeito que assume a administração pública municipal em Botuverá em 2013, José Luiz “Nene” Colombi, já foi vereador pela cidade e também desabafou sobre o problema que se arrasta há anos. 

– A população aqui sabe que tudo isso já foi cobrado, mas agora estamos no limite. Se precisar trancar a estrada, eu estarei junto. Vamos unir CDL, ACIB, empresários, vereadores e a população. Se não é possível asfaltar agora, nós entendemos, mas nem a conservação está sendo feita.- declarou Colombi.  

Problemas
Botuverá é o único município produtor de calcário dolomítico e calcítico (usado como corretivo de solo) de Santa Catarina. E  mesmo assim os problemas se arrastam há anos. Quando não chove o problema é a poeira e os próprios moradores irrigam a estrada, e quando chove o problema é a lama. Margarete Terezinha Leitis, advogada e moradora de Botuverá, disse que esse problema não é de 2010, nem do ano passado, é um anseio de mais de 50 anos, a mesma idade do município. 

– Entra governo, sai governo e nada é feito. Se tivermos que mobilizar a cidade, vamos fazer, mas precisa haver cooperação do governo. Temos pouca expressão política, mas há vidas em risco. Estão esperando que morra alguém para fazer alguma coisa? – indagou Margarete.

Jovânia Bissoni Delabona, 41 anos, secretária e moradora da SC 486 afirmou que dependem do caminhão-pipa para abri as portas e janelas de casa por causa da poeira. 

– Como dona de casa tenho vergonha de receber visitas. Sem falar da falta de segurança, inclusive para as crianças, que dependem dos ônibus que trafegam nessa estrada para estudar. A poeira não permite enxergar nada na estrada e algumas vezes quando batemos o carro por causa disso. – disse Jovânia.

O secretário de obras do município, Vitamir Costa, chamou a atenção para a necessidade de pontes mais reisistentes no trecho. 

– Precisamos de pontes para 20 a 40 toneladas. As pontes que existem suportam 10 toneladas, o que não é nada para nós. Também já pedimos ao Deinfra bocas-de-lobo e não tivemos respostas. Queremos que todos os nossos pedidos sejam reforçados e queremos uma nova reunião.- declarou Costa.

Ferrari acredita que o problema que precisa ser resolvido com maior urgência agora é o da conservação da rodovia. 

– Faço questão de levar ao Deinfra tudo o que foi dito aqui, especialmente em relação à conservação da rodovia. Existem possibilidades de parcerias para isso. Não demorem para fazer cobranças novamente. Tudo o que foi debatido aqui não vai parar nessa reunião e acredito que o presidente do Deinfra dará uma resposta. – afirmou Ferrari.
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