Associação de moradores propõe revitalização da Cachoeira do Merico
Local está degradado devido à falta de manutenção e de uso ao longo das últimas décadas
Local está degradado devido à falta de manutenção e de uso ao longo das últimas décadas
Um dos principais atrativos naturais do Cedro Alto e de Brusque está abandonado. Há cerca de nove anos, representações comunitárias, como a associação de moradores do bairro, tentam sensibilizar o poder público quanto ao uso da área da Cachoeira do Merico como espaço de lazer.
Para chegar até a cachoeira, é preciso cuidado e conhecer o percurso. A estrada não tem pavimentação e a única placa, na entrada, está apagada. Desníveis e pedras exigem atenção dos que se aventuram até o local e o acúmulo de mato dificulta a visibilidade de buracos ou pedras.
O cenário contrasta com a história da área. Há cerca de 40 anos, segundo o presidente da Associação de Moradores do Cedro Alto, Adilson Sapeli, a situação era outra. “Na minha juventude, isso aqui era muito frequentado. Muita gente vinha para cá para passar o domingo”.
A área tornou-se um dos principais pontos de encontro entre as cidades da região. Ao longo do tempo, chegou a abrigar um bar, piscina, toboágua e pontos com churrasqueiras.
Hoje, a antiga infraestrutura está em ruínas. Do prédio do bar só restaram escombros do que já foi um banheiro. Escadas e o toboágua desativado foram feitos em concreto. Eles sobrevivem ao tempo, mas acumulam limo, vegetação e sinais de depredação. O mesmo ocorre com a antiga piscina, com as bordas pichadas.
Uma nova chance
Na avaliação do presidente, mesmo em condições precárias, o espaço tem potencial de voltar a ser uma área de uso comum entre os moradores. As primeiras mobilizações para tentar reativar e manter a área preservada começaram em 2009.
Desde lá, Sapeli reconhece que as tentativas tiveram poucos avanços. Atribui a condição às trocas de governo e falta de apoio à medida. Segundo ele, já houve tratativas sobre o tema com o vice-prefeito, Ari Vequi, para tentar encontrar uma alternativa para a área, mas os debates não foram retomados.
Sapeli diz que é necessário haver um controle do espaço. Nos tempos de movimento intenso, havia a exploração comercial indevida, já que o local não estava regulamentado. Boa parte da estrutura foi construída neste período. “Comecei a cobrar que a comunidade não pode usar este espaço e havia pessoas utilizando de forma injusta”.
A intenção do projeto de revitalização, afirma o presidente, envolvia uma parceria entre a associação e a prefeitura para garantir a manutenção e o uso seguro do espaço. Pela proposta, o poder público faria uma revisão e limpeza, enquanto a entidade ficaria com parte da área para realização de atividades comunitárias e auxiliaria na preservação do ambiente.
Segundo o presidente, o local é uma das poucas alternativas de áreas públicas para uso dos moradores locais. Com a limitação, eles precisaram locar espaços particulares para a realização de atividades, como jogos e eventos.
Apreensão
Sapeli vê a condição atual da área da Cachoeira do Merico com preocupação. Segundo ele, além do abandono da área, a situação também gera insegurança. Rodeada por residências e propriedades rurais, as belezas do espaço passam despercebidas para a quem percorre a rua José Dada.
Ele acredita que os relatos de consumo de entorpecentes no interior do espaço só não são mais frequentes devido às condições do acesso. Outro problema recorrente é a extração ilegal de bens naturais, principalmente de palmito. Partes de árvores cortadas são visíveis ao percorrer o interior da área.
Futuro incerto
Há cerca de três anos, o Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae) cogitou o uso da área para uma estação de tratamento de água. Na época, segundo o diretor-geral do órgão, Dejair Machado, a possibilidade foi descartada pelas características da área.
Segundo ele, o local não apresentava boa vazão para o investimento. A água precisaria ser bombeada e aumentaria os custos de operação.
Em 2015, durante o governo interino de Roberto Prudêncio Neto, houve uma tentativa de vender 43 mil m² de área à autarquia, o que não foi concretizado. A área, de acordo com a gestão da época, integrava a Cachoeira do Merico.
No entanto, a diretora do Instituto Brusquense de Planejamento (Ibplan), Heloísa Almeida, afirma que é preciso verificar as matrículas atribuídas ao espaço onde fica a Cachoeira do Merico. Hoje, não há consenso sobre possibilidades de uso.