Associação incentiva prática de esportes entre surdos em Brusque
Desde 2013, Asbru também promove atividades de lazer e confraternização
Desde 2013, Asbru também promove atividades de lazer e confraternização
Entre um campeonato e outro, os times esportivos da Associação de Surdos de Brusque (Asbru) vão conquistando troféus.
O último foi disputado em agosto, quando foram campeões no futsal e vôlei misto no IVº Torneio de Futsal e Voleibol para Surdos, da Associação de Surdos da Grande Florianópolis (ASGF).
O atleta da Asbru, Welinton Voss, 26 anos, que é surdo e jogador de fustal, conta se sente muito bem praticando o esporte. Quem faz a leitura de sinais é a ouvinte, intérprete e diretora de comunicação da associação, Rosana Gomes Jacinto, 32.
Segundo Welinton, em 2008, ele jogava no Jogos Abertos Paradesportivos de Santa Catarina (Parajasc). Em 2009, foi para a Associação dos Surdos de Blumenau (Asblu), pois em Brusque não tinha uma associação.
Ele conta que, em 2013, com a criação da Asbru, o time entrou em sintonia, após começar a treinar com mais frequência. Depois disso, relembra de um dos primeiro jogos, que foi em Jaraguá do Sul, no qual o time perdeu. “Foi uma lavada”, relata rindo.
De acordo com o treinador da Asbru, Altair Voss, 53, que é ouvinte e também pai de Welinton, o atleta treina desde pequeno. “Como tentei ser profissional e não fui, coloquei ele para jogar. Aprendeu com o pai”, diz. Hoje, Welinton é destaque no esporte.
Altair conta que outras modalidades também são praticadas pela Associação, como bocha e tênis de mesa. No primeiro Parajasc que participaram, em 2013, a associação ficou em primeiro lugar no futsal masculino e no tênis de mesa feminino.
A Asbru, além de organizar os times, trabalha no transporte e alimentação dos atletas. Dentre os campeonatos, os mais importantes citados por ele é o de aniversário da Asbru, que reúne as associações de outras cidades de Santa Catarina; a ParaCopa do Sesc e o Parajasc.
Além do futsal, o vôlei da Asbru também traz troféus para casa. A diretora de esporte da associação Camila Nascimento da Costa, 25, é a treinadora da modalidade.
Segundo ela, que também é surda, o esporte pode motivar as pessoas e ajuda a criar muitos contatos. “Não gostava do vôlei e hoje eu amo”, conta, também por intermédio de Rosana.
Entretanto, ela não pode jogar, devido a uma cirurgia no ombro. “Então eu vi que podia contribuir como técnica”, explica.
Para Camila, é um trabalho pesado e demanda muita responsabilidade. Porém, teve resultados: como treinadora de vôlei, foi campeã duas vezes pelas Asbru.
Altair costumava acompanhar os jogos do filho, até que em um dia foi convidado para ser técnico na Asblu. “Comecei a sentir gosto, fui atrás de cursos e aceitei. Começamos a ser campeões”, conta.
Segundo ele, por ser ouvinte, muitos achavam que ele falava com o juiz, o que trouxe dificuldades. “Ficavam desconfiados. A relação com o meu filho ajudou a criar confiança”, explica.
Quando fala do filho, Altair não esconde o orgulho de pai. Hoje, ele continua nos treinos de futebol de salão, junto com Matheus Orsini Diegoli.
Em 2012, após o torneio do Parajasc, foi feita uma reunião na casa do Altair. Segundo a equipe, estavam presentes 30 surdos, que conversaram e manifestaram a vontade de criar uma associação.
Muitos deles, eram associados a Asblu e tinham a vontade de que a cidade tivesse a sua própria associação.
O auxiliar de expedição e atual vice-presidente da Asbru, André Fachini, 28, recorda que sentia a necessidade de um contato maior entre os surdos da região, além de que os gastos para irem até outra cidade eram altos.
Portanto, em 2 de fevereiro de 2013 ocorreu a primeira assembleia. “Foi bem democrático, foi todo mundo junto”, recorda Rosana.
A diretora de comunicação relata que no início a equipe não tinha muita ideia de como funcionava uma associação. A primeira dificuldade foi em fazer as documentações, como atas e estatutos. “Foram seis meses aprendendo”, diz.
Até que em 24 de julho de 2013, foi criada oficialmente a Asbru. A primeira gestão foi composta por Rafael Mafra, como presidente, e Jucele Cunha, como vice-presidente. Cada gestão dura três anos.
Rosana destaca que o lado romântico atrai muitas pessoas para a associação. Ajudar o outro e fazer a diferença. Porém, com a escolha vem muita responsabilidade.
“Com documentação e eventos para participar. É um trabalho voluntário de muito comprometimento”, avalia.
Hoje, a Asbru conta com cerca de 90 associados. Muitos deles moram em outras cidades, e 30 são mais presentes.
O operador de máquinas e presidente da associação, Rafael Mafra, 37, destaca que, em Brusque, há muito surdos, mas que não estão presentes. “Eles estão escondidos”, conta em linguagem de sinais, traduzidos por Rosana.
Para ele, não existe uma cultura de ‘estarem juntos’ entre os surdos. “Tem muitas crianças que não se reconhecem como surdas, como a gente também não se reconhecia. Tivemos contato com a linguagem de sinais depois de adultos”, ressalta.
Altair alerta que a associação precisa de investimentos. Atualmente, segundo ele, a Havan e a Fundação Municipal de Esportes ajudam a Asbru.
Fachini conta que é muito difícil para os surdos acessarem os serviços do dia a dia. A associação promove, então, um apoio com intérprete, por exemplo. Mas, a equipe avalia que ainda faltam profissionais nessa área, principalmente para realizar trabalhos para a associação.
Além disso, Rosana vê que ainda é necessário realizar mais ações. Como abrir um curso de libras, com a associação podendo pagar o professor, os materiais didáticos e disponibilizar o local.
Interessados em entrar em contato com a Abru podem ligar para 47 9909-1710 ou pelo WhatsApp no 47 99935-2819.