Associações de apicultores alertam para a venda de mel falso na região
Entidade de Lontras teve informações cadastrais clonadas; saiba como identificar o produto falsificado
Entidade de Lontras teve informações cadastrais clonadas; saiba como identificar o produto falsificado
Produtores de mel de toda a região têm enfrentado um problema que se agrava a cada ano: a venda de mel falsificado.
De acordo com a Associação dos Apicultores de Botuverá (Apibo), é comum estabelecimentos comerciais disponibilizarem produtos de má qualidade para seus clientes, já que o preço de compra costuma ser mais em conta do que o cobrado pelo mel puro.
Segundo a entidade, que é formada por 55 produtores da região, algumas marcas que são comuns em mercadinhos de Brusque são de origem duvidosa e já são alvo de investigação pelo Ministério Público de Santa Catarina.
Veja também:
Brusquense tem parto na rua em Balneário Camboriú
Motociclista de 23 anos morre em acidente no Rio Branco e motorista foge do local
Diretor-presidente do Samae diz que problema na captação de água foi completamente resolvido
Uma das marcas é a Vida Mel, que já foi apreendida em anos anteriores por fiscais da prefeitura de Joinville, por exemplo, e agora pode ser encontrada em estabelecimentos da região de Brusque e litoral.
No rótulo do produto da Vida Mel consta um número do Serviço de Inspeção Federal (SIF), do Ministério da Agricultura que, segundo o presidente da Associação Lontrense de Apicultores (Alap), Volnei Rocha, foi clonado.
“Estamos há mais de cinco anos lutando contra essa situação. Clonaram nosso rótulo, nosso SIF e informam que o produto é envazado pela nossa associação, mas não é. Tudo é falsificado”, diz.
De acordo com ele, esta situação já é de conhecimento das autoridades, mas até agora, muito pouco foi feito para resolvê-la e tirar os produtos de circulação definitivamente. Rocha, inclusive, já fez boletim de ocorrência informando a falsificação do rótulo da associação. Segundo ele, produtos das marcas Vida Mel e Mel Silvestre foram encontrados em Navegantes, Joinville, Brusque, Gaspar, Itajaí, Camboriú e Florianópolis.
“No litoral sempre tem apreensão, mas uma semana depois, já é possível encontrar os mesmos produtos à venda novamente. Recentemente, encontrei o mel à venda em Brusque, peguei nota fiscal e levei para a Promotoria em Florianópolis, agora estamos no aguardo de um encaminhamento”, afirma.
Ex-presidente da Associação dos Apicultores de Botuverá, Antonio Bonomini, destaca que a concorrência com o mel falsificado se torna desleal, devido ao preço muito baixo praticado por eles. “Se você for comprar mel e ver que o preço do quilo é muito baixo, desconfie”, diz.
O presidente da Associação Lontrense ressalta que o preço do quilo do mel da entidade custa em média R$ 20. Já os produtos suspeitos vendem a R$ 12 o quilo. “O consumidor compra porque é mais barato, mas na verdade não é mel, é açúcar fervido. Vários já entraram em contato com a associação reclamando da qualidade do mel, mas não é o nosso produto, é o mel com o rótulo falsificado.”
Orientações para o consumidor
O coordenador do escritório da Epagri em Botuverá, Edegar Becker, destaca que a identificação do mel falso por parte do consumidor é difícil porque são adicionadas substâncias como corantes e aromatizantes no produto, além de outros componentes que facilmente se confundem com mel.
“A recomendação é adquirir mel que tenha rótulo com inspeção federal, estadual ou municipal e, de preferência, que seja da região. Quando o consumidor deseja adquirir mel diretamente do produtor, deve comprar daquele produtor que ele conhece, confia e que já adquire por vezes seguidas. Não é recomendado comprar mel de pessoas desconhecidas. Essa é uma dica muito importante”, orienta.
De acordo com ele, os riscos do consumo de mel falsificado podem ser variados e agravados de acordo com o tipo de adulteração. “Tem-se informações de adulteração com xarope de açúcar, glicose de milho, essência de mel e amido, entre outros.”
Becker diz ainda que o mel pode ter cor, consistência e sabor diferentes de acordo com a época do ano porque será originado de flores diferentes. O representante da Epagri em Botuverá também destaca que o mel puro cristaliza quando as temperatura baixam, geralmente no inverno. A cristalização é um indicativo de que o mel é puro e pode ser consumido sem problemas.
Se o consumidor desejar, poderá aquecê-lo em banho-maria, que voltará ao estado natural. “Mel adulterado dificilmente cristaliza”, finaliza.
Irregularidades mais encontradas
Em agosto do ano passado, a Epagri emitiu um comunicado alertando os consumidores sobre o tema.
O documento mostra as principais irregularidades encontradas e que podem auxiliar o consumidor a identificar o mel falsificado, que na verdade, é xarope de açúcar ou glicose de milho, que são vendidos como mel. Confira algumas:
Preço
O comerciante paga pelo xarope entre R$ 9 e R$ 11 o quilo e repassa ao consumidor por R$ 20 ou R$ 25. O mel puro, o comerciante normalmente paga para o entreposto R$ 20 a R$ 22 e repassa ao consumidor por R$ 35 a R$ 45 potes de um quilo.
O órgão, entretanto, alerta que o preço é apenas um indicativo, pois pode-se encontrar mel puro no mercado com preços mais acessíveis.
Rótulo
– Rótulos clonados de marcas conhecidas: são utilizados rótulos clonados de entrepostos legalizados que tem bom nome no mercado, muitas vezes de entrepostos de associações para utilizar também o apelo de produto artesanal.
A Epagri diz que quando existe suspeita de rótulo clonado, o consumidor pode averiguar buscando o telefone da empresa na internet. A empresa, então, poderá informar se vende mel naquela região e se utiliza aquele tipo de embalagem.
Geralmente, xaropes vendidos com rótulos clonados são comercializados fora da região da empresa que está sendo vítima
– Rótulos falsificados ou criados com alguma marca: os rótulos de grandes falsificadores normalmente são bem feitos, e se parecem com rótulos de mel puro legalizado
– Rótulos falsificados, feitos de forma artesanal: já o rótulo de pequenos falsificadores normalmente tem uma qualidade de impressão inferior, com poucos dados
Embalagens
Pequenos e médios falsificadores envasam em potes de plástico, que são mais baratos que os tradicionalmente utilizados para mel. São potes plásticos normalmente utilizados para geleias, comprados em lojas de embalagens. No Oeste de Santa Catarina é muito comum também a utilização de baldes e garrafas pet
CNPJ e inscrição estadual
Quando o rótulo é clonado, o CNPJ e a inscrição estadual normalmente conferem com o nome da empresa e correspondente SIF. Quando o rótulo é falsificado, normalmente não corresponde. Nesses casos, é colocado número de SIF de frigoríficos, SIF inexistente ou SIF de municípios ou estados não correspondentes
Veja também:
Promessas na Segurança Pública: câmeras na entrada de Brusque não saem do papel
Procurando imóveis? Encontre milhares de opções em Brusque e região
Bombeiros salvam bebê de 17 dias que se engasgou com leite
Contatos da empresa
– Telefone: quando o número do telefone que está no rótulo é inexistente, por via de regra se trata de mel falso, alerta o órgão
– Endereço: Exceto em casos de clonagem, o endereço indicado no rótulo de xaropes normalmente é inexistente ou aleatório e não confere com os demais dados
Locais de venda de mel falso
De acordo com o comunicado da Epagri, nas margens de rodovia a presença de xaropes vendidos como mel é muito grande. Em pequenos supermercados, padarias, sacolões e outros estabelecimentos que normalmente não tem controle com nota fiscal, os índices também são altos.
Já em mercados maiores, que só trabalham com nota fiscal, é difícil encontrar falsificações, especialmente as grosseiras. Entretanto, às vezes é possível encontrar clonagem de rótulos de marcas de mel conhecidas e regularizadas, porém com mel que tem origem no contrabando.