Unimed encomenda estudo para decidir entre assumir HEM ou construir hospital
Consultoria Ernst & Young indicará qual a melhor alternativa para fazer frente à demanda
Diante da crise financeira do Hospital e Maternidade de Brusque (HEM), a Unimed, que concentrava boa parte de seus atendimentos na instituição hospitalar, contratou estudos da consultoria Ernst & Young para ajudá-la a definir a melhor alternativa para fazer frente à demanda.
Carlos Germano Ristow, presidente da Unimed de Brusque, afirma que a situação do HEM preocupa a instituição há bastante tempo, desde que o hospital começou a ter o fechamento progressivo de seus serviços.
“Temos certeza que isso trouxe um prejuízo de atendimento aos pacientes, diante das queixas que têm vindo em relação as dificuldades”, avalia Ristow.
Segundo ele, há mais de um ano a Unimed iniciou tratativas para assumir a gestão do hospital, mas isso não chegou a se concretizar, pois não foi aprovado pelo Conselho de Administração da cooperativa.
A resistência dos sócios se deve ao fato de que não há garantias de viabilidade econômica, caso ela se disponha a tocar o hospital.
Paulo Webster, vice-presidente da Unimed, afirma que a viabilidade econômica não pôde ser mensurada pelos sócios da Unimed e, na avaliação do conselho, o investimento poderia não ser “suportável” para a cooperativa.
Em uma assembleia realizada em fevereiro, os 148 sócios decidiram contratar um estudo técnico que pudesse mensurar se é viável assumir a gestão do hospital. Esse estudo deve ficar pronto até o próximo mês.
A construção dessa unidade depende da aprovação em assembleia, que só vai aprovar quando tiver o estudo pronto, que também vai nos dizer se talvez a melhor saida para nós seria construir
Carlos Germano Ristow,
presidente da Unimed de Brusque
O mesmo estudo da Ernst & Young servirá para analisar a viabilidade de outra opção para a cooperativa: a construção de um hospital próprio.
Segundo Ristow, essa proposta existe mesmo antes da crise no HEM. O projeto está pronto e praticamente todo aprovado, dependendo de poucas coisas para ser finalizado, do ponto de vista legal.
“A construção dessa unidade depende da aprovação em assembleia, que só vai aprovar quando tiver o estudo pronto, que também vai nos dizer se talvez a melhor saída para nós seria construir. Não sabemos ainda o que vai ser o futuro”, afirma o presidente da Unimed.
Absorção da demanda acumulada
Como boa parte dos clientes da Unimed utilizavam o HEM, a desativação dos serviços da unidade hospitalar gerou um problema de atendimento da demanda.
O presidente da cooperativa relata que aumentou significativamente a procura por serviços em outras cidades. Isso é prejudicial à Unimed em dois fatores.
Inicialmente porque reduz os ganhos dos médicos de Brusque, e também por aumentar os custos da cooperativa, que precisa pagar uma taxa administrativa cada vez que um cliente é atendido em uma unidade fora de Brusque.
Para ele, embora o Hospital Azambuja e o Hospital Dom Joaquim tenham absorvido parte dos atendimentos que eram feitos no HEM, as duas unidades não conseguem absorver 100%.
“E acreditamos que não seja possível que seja absorvido, diante do volume que tinha aqui. [no HEM]”, diz Ristow.
O fechamento do HEM tem prejudicado, além dos clientes, os médicos da cooperativa. Conforme o presidente, há médicos que só atendiam lá, e estão sem trabalho, neste momento.
“A Unimed fez algumas tratativas para que não chegasse nem a fechar, mas infelizmente as propostas que foram colocadas na mesa não nos foram viáveis”.
Ristow diz que, se eventualmente a Unimed vier a ser a gestora do hospital, não será fechado para seus clientes, mas atenderá a toda a população. Entretanto, tampouco buscará credenciamento junto ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Queda no número de clientes
A recessão econômica tem retirado clientes da saúde privada para o SUS. Na Unimed de Brusque, conforme o presidente, registrou-se uma queda no número de usuários em torno de 1%, de um ano para o outro.
Apesar disso, o superintendente da Unimed, Eduardo Ballester, afirma que a unidade de Brusque está investindo na melhoria dos serviços próprios, como o de atendimento domiciliar.
O vice-presidente Paulo Webster explica que há também a intenção de ocupar, com serviços, cidades que a Unimed incorporou à sua área de atuação há pouco mais de um ano: São João Batista, Nova Trento, Canelinha e Major Gercino.
O presidente da Unimed afirma que, neste momento, só se pode fazer investimentos menores, já que os projetos de grande impacto dependem da conclusão do estudo da Ernst & Young.