Atleta com surdez é a única selecionada nas seletivas do Barateiro
Com apenas 16 anos, a atleta já é destaque em nível nacional
O grupo Barateiro Futsal, acostumado a superar barreiras pelas quadras de todo o mundo, terá, desta vez, um desafio inédito. A atleta Stefany Krebs, que nasceu com surdez, foi aprovada na seletiva da equipe feita no dia 24 de janeiro. Stefany apresentou um futebol de tanta qualidade que, deste ‘peneirão’, foi a única jogadora incorporada à equipe sub-17. Foram 30 garotas observadas.
A jogadora se apresentou essa semana na equipe. A ala já fez sua mudança para a casa alugada pelo Barateiro, no bairro Maluche, onde dividirá espaço com outras 26 jogadoras. Agora, tanto ela quanto as companheiras e a comissão técnica precisarão se adaptar para poder conviver em harmonia.
Com apenas 16 anos, a atleta já é destaque em nível nacional. Stefany defende a Seleção Brasileira Feminina de Surdos e participou da equipe no título Sul-Americano de 2013, em Santiago, no Chile. À época, a jogadora do Barateiro tinha apenas 15 anos. Este ano, ela já está selecionada para disputar o Mundial da modalidade na Tailândia, em novembro. A ala joga na seleção principal, categoria livre. Antes de defender o Barateiro, Stefany era jogadora do CFA Juventus de Erechim.
Em busca de um sonho
Nada interrompeu Stefany de lutar pelo seu maior sonho: Ser uma jogadora profissional de futsal. A atleta veio do Rio Grande do Sul até Brusque acompanhada de sua mãe, Roseli Marcia Benati Krebs, para participar da seletiva em janeiro. A mãe auxiliou a filha, traduzindo para a linguagem de sinais as orientações do treinador Esquerda. Agora que a filha foi aprovada, Roseli já está de volta em Erechim. Stefany precisará seguir seus passos sozinha em Brusque.
As viagens com a seleção já afastaram a atleta de familiares por até dois meses, mas será a primeira vez que a mais nova ala do Barateiro ficará longe por tanto tempo. Apesar da saudade, a atleta diz que seus pais a apoiaram desde o início. “Eles me falaram que eu precisava vir. Que esse era o meu sonho. Sempre recebi suporte da minha família”.
A atleta ainda está se adaptando com o novo município. Em breve, iniciará o terceiro ano do ensino médio no colégio Dom João Becker, junto com as colegas de equipe. “Fiquei nervosa e assustada quando cheguei a Brusque. Mas agora já estou melhor, porque as colegas são muito queridas comigo. Quero ficar para jogar e aprender muitas coisas com o time”.
A atleta comenta que já conhecia o Barateiro, e havia acompanhado partidas do time de Brusque. “É o melhor time de futsal do Brasil. Admiro o trabalho feito aqui”.
Além da distância, outra barreira precisa ser superada todos os dias pela jogadora. Com sua condição de surdez, Stefany diz que muitas pessoas não acreditaram no seu potencial. “A maioria acha que os surdos não são capazes de conseguirem o que querem. Fiquei muito feliz que o Barateiro me aceitou para jogar sem preconceitos”, diz.
Oportunidade por méritos
Engana-se quem pensa que Stefany conquistou a vaga graças à condição de surdez. A supervisora do Barateiro, Caroline Bezerra, garante que foi a qualidade técnica da atleta que chamou a atenção. “Ela não tem um bônus pelo fato de ser surda. A Stefany passou porque joga bem e vai ajudar muito a equipe sub-17”, explica. Para Caroline, a comissão técnica precisará se adaptar, mas a experiência com o esporte pode ajudar o grupo. “Será um desafio, mas o futsal é cheio deles”.
Bezerra também mora com as atletas no bairro Maluche. A supervisora explica que este é um momento de adaptação para as novas jogadoras, muitas delas recém-contratadas. “No começo é difícil. Elas não se conhecem e têm opiniões diferentes em muitas coisas, mas nós passamos as regras de convívio. Todas acabam vivendo bem e respeitando os espaços”.
Em breve, Stefany e a equipe sub-17 farão as primeiras partidas oficiais pelo Barateiro. As reuniões entre a Federação Catarinense de Futebol de Salão (FCFS) que definirão o calendário de competições estão marcadas para o dia 7 de março.