Atleta que nasceu sem as duas mãos fala sobre trajetória de vida em Brusque
Yohansson do Nascimento Ferreira participou da programação da 6ª Paracopa Sesc
Yohansson do Nascimento Ferreira participou da programação da 6ª Paracopa Sesc
Ele inspira confiança e otimismo. Em poucos minutos ao seu lado, percebe-se que não há dificuldade ou empecilho para quem sonha. Assim pode ser descrito Yohansson do Nascimento Ferreira, 30 anos, atleta paralímpico brasileiro, que esteve em Brusque pela primeira vez nesta quarta-feira, 25, para palestrar durante a programação da 6ª Paracopa Sesc.
Nascido sem as duas mãos, em 1987, em Maceió, Alagoas, Ferreira nunca deixou-se abater pela deficiência. Muito pelo contrário: ele sempre foi atrás de tudo o que dava brilho aos seus olhos. Não é à toa que o paratleta acumula mais de 170 medalhas, com destaque para as cinco conquistadas nos Jogos Paralímpicos de 2016, no Rio de Janeiro.
“Quando eu nasci sem as duas mãos foi uma surpresa para a minha família. Porém, a surpresa maior seria eu me tornar um multicampeão que daria tanto orgulho para eles”.
Ferreira conta que na infância nunca deixou de fazer nada por não ter as mãos, inclusive, muitas brincadeiras nortearam àquela época, como andar de bicicleta e jogar bola de gude.
“Desde criança sempre pensei em realizar meus sonhos e correr atrás deles. Por isso, (não ter as mãos) era apenas um detalhe”, conta.
E foi essa determinação que tornou Ferreira o campeão que é hoje – tanto no esporte como na vida. Em 2005, mesmo com dificuldades, sem patrocínio e tendo que fazer rifa para comprar a primeira sapatilha para correr, ele conquistou a sua primeira medalha.
“Sem nenhuma estrutura, participei de uma prova de 100, 200 e 400 metros e ganhei a de 400m. Me lembro que coloquei a medalha no pescoço e mesmo depois de descer do pódio eu queria continuar com ela. Foi o gostinho de competir, e percebi que era isso que queria pra minha vida”, revela.
Além desta conquista, que Ferreira considera uma das mais especiais da sua carreira, a medalha de ouro nos Jogos Paralímpicos de Londres, em 2012, nos 200m, com o tempo de 22s05, também é uma das mais comemoradas. “Foi o ápice da minha carreira”, afirma.
Para ele, poder inspirar outras pessoas a lutar pelo que acreditam é importante. “É preciso olhar além das dificuldades, sabendo que uma hora tudo acontece. Foi isso que eu fiz. Quando me perguntam o que eu não consigo fazer, eu penso… eu consigo fazer tudo”.
Ferreira não para de sonhar e mesmo tendo apenas concluído o Ensino Médio para seguir a carreira de atleta, no fim do ano pretende fazer vestibular. A área ele ainda não escolheu.
“Quando o sol nasce, brilha para todos. Deus não escolhe – vou realizar o sonho desse e o desse não -, ele dá capacidade para todos e depende de como você vai encarar, se vai encarar como a Muralha da China ou se vai encarar como um simples obstáculo e vai em busca do seu sonho”.
Valorização
O gerente do Sesc de Brusque – entidade que promove a 6ª Paracopa -, Edemar Luiz Aléssio, o Palmito, avalia que é um momento muito importante para o município. Para ele, valorizar a presença destes atletas “que são verdadeiros exemplos não só dentro do esporte, mas na vida”, é fundamental.
Palmito afirma que Ferreira traz mensagens que fazem as pessoas repensarem muitos aspectos no seu dia a dia. Além disso, por ser um atleta vitorioso no esporte, faz com que a sociedade valorize os talentos do Brasil que se destacam mundialmente.
O evento
A 6ª Paracopa Sesc acontece de 18 a 29 de outubro com cursos, palestras e oficinas para a comunidade. Neste fim de semana acontece a 11ª Copa SC de Basquete em Cadeira de Rodas, que contará com as equipes de Brusque, Balneário Camboriú, Florianópolis, Joinville, Caçador e Foz do Iguaçu.