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Atletas brusquenses criticam FME e afirmam não terem recebido valores prometidos do Bolsa-atleta

Diretor do órgão respondeu e deu sua versão sobre o caso

Atletas brusquenses criticam FME e afirmam não terem recebido valores prometidos do Bolsa-atleta

Diretor do órgão respondeu e deu sua versão sobre o caso

Atletas brusquenses entraram em contato com o jornal O Município para criticar a Fundação Municipal de Esportes (FME). Segundo eles, a comissão de 2022 do órgão teria feito promessas de repasses de valores do Bolsa-atleta, porém, elas não teriam sido cumpridas. Alguns esportistas, inclusive, afirmam não receber nenhum valor do órgão.

O lutador de Jiu Jitsu e medalhista do Jogos Abertos de Santa Catarina (Jasc), Rodrigo de Souza Barni, 35 anos, conta que muitos profissionais estão sendo prejudicados com o descumprimento da promessa. Muitos deles, inclusive, teriam largado os empregos para representar a cidade nas competições esportivas.

“Fomos representar a cidade que amamos e mentiram para nós. Não pedimos para ganhar a bolsa, foram eles que prometeram. Disseram que se participássemos do Jasc seríamos contemplados. Se conquistássemos medalhas, o valor aumentaria. Eu participei e ganhei medalha, estava na lista prévia e final do bolsa”.

Porém, quando ligou para a FME para questionar quando o contrato seria assinado, foi dito que o nome dele não saiu na lista por não ter currículo na modalidade.

“Em quatro anos que o Jiu Jitsu está como modalidade no Jasc eu sou o único brusquense na categoria masculina que ganhou medalha. Sou atleta há 12 anos e já fui campeão mundial, sul-americano, sul-brasileiro, brasileiro entre outras competições”, disse.

Rodrigo conquistado o 3º lugar no pódio do Jasc em 2022/Arquivo pessoal

Rodrigo atualmente não recebe nenhum valor da FME. Há também o caso de atletas que estão recebendo R$ 300, porém, o valor é menor que havia sido prometido: R$ 500 (caso participassem do Jasc).

Alguns dos atletas não só participaram do Jasc como também foram medalhistas, o que faria o valor passar dos R$ 1,2 mil (valor prometido segundo alguns atletas), porém, nenhuma das promessas feitas foi cumprida. Questionado, Rodrigo diz que as conversas foram feitas “de boca”, ou seja, sem comprovação documentada.

Critérios

Outra reclamação por parte dos atletas são os critérios não específicos utilizados para a concessão da bolsa. Segundo as reclamações, isso poderia permitir que os escolhidos fossem ser favorecidos de diversas maneiras. Atualmente, há atletas que recebem R$ 300 mensais enquanto outros recebem mais de R$ 2 mil, porém, o critério para tal disparidade não está claro no edital atual.

O jornal O Município conversou com outros esportistas sobre assunto, que não quiseram se identificar, mas também teceram as mesmas críticas ao Bolsa Atleta. De acordo com eles, seria necessária uma criação de um esquema de pontuação (ranking), assim a escolha dos agraciados poderia ser mais precisa. Também questionaram o pagamento das bolsas para esportistas de municípios vizinhos, segundo eles, os editais deveriam proibir este tipo de prática.

O que diz a FME

De acordo com Edemar Aléssio, o Palmito, diretor da fundação, todas as decisões da FME são tomadas por uma comissão de cinco pessoas. “As decisões buscaram respeitar o orçamento que temos. Estamos com 42 pessoas a mais na lista de quem recebe e por isso as parcelas de alguns valores foram esticadas (que resulta em um valor mensal menor). Vamos iniciar o acompanhamento dos atletas por agora”, conta.

Ele confirma que alguns atletas recebem mais que os outros já que as competições e as colocações dos atletas nos campeonatos são diferentes.

“Queremos fazer um trabalho sério e não queremos prejudicar ninguém. Estamos buscando melhorar. Já estamos avaliando os critérios sugeridos e isso deve servir para um estudo. Quem sabe no futuro podemos ter critérios mais definidos. Como não participei da comissão anterior, não sei dizer se houve promessa. Porém, vamos tentar consertar isso”, conclui.

Rodrigo diz já ter ouvido a mesma resposta da FME, mas rebate dizendo que a culpa é das duas comissões.

“O erro é das duas. Eles (comissão atual) dizem que não tem culpa, mas é claro que tem. Por qual motivo não foram conversar com os atletas para rever os critérios. Ninguém veio atrás. Não há como tirar a culpa dessa nova comissão, ela teve tempo suficiente, mas pensou que não iríamos abrir a boca”, concluiu Rodrigo. 

Projeto de Lei

Em virtude das reclamações, tramita na Câmara de Brusque o Projeto de Lei 13/2023, com alterações no Programa Arthur Schlösser de Incentivo ao Esporte (Lei 4.468/2022), como a instituição de um sistema de pontos e ranqueamento dos esportistas e a necessidade de comprovação de residência para ser contemplado em bolsa-atleta e bolsa-técnico.

De autoria do vereador Nik Imhof (MDB), o PL entrou oficialmente na casa em 7 de março e ainda tramita nas comissões do poder Legislativo. Um dos pontos propostos por Imhof é a adição de um novo requisito para que um atleta seja contemplado pelo programa: a comprovação de residência em Brusque ou atuação constante representando o município ao longo do ano.


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