Atletas da região se destacam na modalidade extrema das corridas de montanha
Competidores contam suas histórias com a modalidade, que exige muita força física e psicológica
A corrida de montanha é um dos esportes que podem ser definidos como extremos, pois exigem muito preparo físico, resistência excelente e, tão importante quanto, uma força psicológica invejável. Afinal, atletas que competem nesta modalidade costumam correr de 5 a 50 quilômetros em trajetos de trilhas no meio da mata, e os trechos mais “leves” são aqueles em estradas de chão batido.
Os percursos mais longos chegam a durar mais de seis horas, ou seja, 25% de um dia correndo sem parar. Subidas e descidas acumuladas podem chegar às marcas 1 mil, 2 mil ou 3 mil metros. Com tudo isto, os riscos de lesão são altos.
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A modalidade está dentro da corrida de aventura, que inclui diversos tipos, como mountain bike, corrida, canoagem e rapel. O caminho não é marcado, e os atletas são guiados por um mapa topográfico no local da prova momentos antes da largada.
Ao longo do trajeto, existem diversos postos de controle (PC), que precisam ser encontrados na ordem correta. Os PCs são encontrados utilizando o mapa e uma bússola.
No ano de 2014 fomos campeão catarinense, e 2016 conseguimos novamente ser campeão catarinense de corrida de aventura.
Provação que virou paixão
Em Brusque e região, há quem consiga competir nestas condições extremas. O guabirubense Marcos Boos, de 22 anos, se interessou pela modalidade em 2015, lendo uma nota em O Município. A motivação, no entanto, veio por meio de seu pai, que duvidava que ele conseguisse terminar um trajeto de 5 km, extensão pequena para a corrida de montanha.
Boos não só completou o percurso como venceu a prova em sua categoria, depois de duas semanas de treinamentos. Com a evolução, o atleta também passou a buscar provas mais longas. Criou ainda o desafio na volta da Guabiruba, com 60 km passando por todos os bairros do município. Conseguiu bons resultados em Garopaba e na Maratona do Vinho, no Rio Grande do Sul.
A dedicação pelas radicais corridas de montanha cresceu a ponto de Marcos visar a seleção brasileira, que disputa esporádicas provas internacionais. No entanto, uma lesão o impediu de completar a prova da seletiva para integrar a equipe. O atleta ainda tentou participar do Campeonato Brasileiro, mas não possui patrocinadores suficientes para arcar com os altos custos. No momento, ele conta com o apoio da Guabifios.
“Geralmente são atletas mais velhos que disputam as provas. Acho que uma das causas é a maturidade psicológica. Correr por horas, sem ninguém por perto, em trilhas, é algo que requer um psicológico muito forte”, comenta. Atualmente, Boos treina seis dias por semana, por pelo menos uma hora, a partir das 6h.
Superação
Depois de quase dois anos parado por causa de uma grave lesão em um dos joelhos, André Ristow voltou a competir em 2019. A paixão pela modalidade veio naturalmente. “Sempre gostei de andar pelo mato, e foi me despertando uma vontade de me desafiar, ver quais são os limites. Hoje participo só de provas de longa distância.”
O vendedor de 32 anos chegou a ser campeão catarinense de corrida de aventura em duplas por duas vezes, em 2014 e 2016, de corridas que abrangiam mais de uma modalidade: corrida, rafting e ciclismo. Apesar dos desempenhos, há a dificuldade em encontrar patrocinadores. Hoje, Ristow arca com todos os custos existentes para treinar e competir. A preparação para a corrida de montanha é diferente da preparação para as corridas tradicionais no asfalto.
“Há muitos obstáculos. Raízes, buracos, pedras, é necessário passar por tudo isto. Então o risco de lesão é muito grande. Não é difícil cair e torcer o pé, por exemplo. Geralmente corremos em matas fechadas, por trilhas de bicicleta e moto. Se a cabeça não ajudar, não se consegue completar a prova”.
Os treinos são realizados toda semana, quase sempre nas regiões com mais morros em Guabiruba. Quando alguma prova é visada no calendário, Ristow tenta reproduzir nas preparações um trajeto com características semelhantes às do que a competição terá.
“Faço treinos específicos para cada prova. Os treinos mais leves são de 10 km, durante a semana, e no fim de semana são três, quatro horas de duração. Sobre alimentação, só evito comer muita porcaria [risos]. Costumo incluir mais aipim e batata-doce na alimentação.”
Resultados impressionantes
No sábado, 16, foi realizada a Ultra Trail Rota das Águas, em Gaspar (SC). Marcos Boos finalizou a prova no 3º lugar geral nos 25 km. Seu tempo foi de 3h28, largando às 7h30. Cerca de 75 pessoas competiram.
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Ristow, por sua vez, correu a ultramaratona de 50 km e ficou em 5º lugar geral, em uma prova na qual o campeão e o vice eram integrantes da seleção brasileira. O atleta foi um dos 50 que participou e um dos 35 que finalizou o trajeto. A largada foi dada às 7h e o brusquense cruzou a linha de chegada às 13h44. Foram 3 mil metros de altimetria acumulada no total.
“O principal desafio do percurso era no quilômetro 40 da prova, onde tínhamos que encarar uma subida de 1,2km com 400m de altimetria. Era uma subida muito íngreme, e para dificultar ainda mais havia muita lama. Se não houvesse algumas cordas para auxiliar na subida, seria quase impossível subir”, comenta Ristow.