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Atletas de downhill de Brusque lutam para a modalidade resistir no município

Sem apoio do poder público, equipe brusquense repleta de campeões tem dificuldades para seguir competindo

 

Downhill, em sua tradução literal, significa descer a colina. É isso que os atletas da Associação Brusquense de Mountain Bike (ABTMTB) fazem sobre duas rodas, sempre em busca dos melhores resultados e, principalmente, de destaque para a modalidade que sofre com a falta de espaço no município.

Sem bolsa-atleta ou participação nos Jogos Abertos de Santa Catarina (Jasc) – geralmente são competidores de fora da cidade que são contratados para representar Brusque – os atletas se viram como podem. É com a ajuda de patrocinadores, do trabalho fora e até mesmo da família que os cerca de 20 atletas, entre competidores e os que apenas praticam por hobby, conseguem manter a prática viva na cidade.

Os equipamentos de segurança, bem como os utensílios e a própria bicicleta têm um custo salgado para os atletas, o que ocasiona muitas desistências no grupo de downhill brusquense. “Eu estou há dez anos praticando o esporte, já vi muitos começarem e muitos desistirem. Da turma que começou em 2007, creio que dá para contar nos dedos quais que praticam ainda hoje”, explica o piloto Daniel da Silva Mafra.

Do começo aos títulos

Brusquense Daniel Mafra chegou a competir em Whistler, no Canadá. Foto: Divulgação

Os expoentes do downhill em Brusque, quando a modalidade ainda era pouco conhecida no município, foram Luiz Antônio Archer, o Tunico, e Flávio Hodecker, o Alemão. Tunico, inclusive, colocou Brusque no cenário internacional da prática quando foi vice-campeão mundial na categoria Máster.

Depois da semente germinada, novos talentos foram surgindo e representando Brusque nas competições regionais, estaduais e nacionais. Os títulos foram questão de tempo e muito treinamento. O município possui títulos importantes e campeões em Open Latino-americano, Brasileiro, Copa Brasil, Catarinense, entre outros. Além disso, é um esporte que atrai cada vez mais jovens sedentos por adrenalina, como o exemplo de Gabriel Muraro, de 14 anos, que procura participar de todas as competições que estão a seu alcance.

Os treinamentos

Na região, os lugares mais utilizados pelos brusquenses para treinar a descida não ficam na cidade. Em Botuverá, o Pedra Bike Park é um dos ambientes cobiçados pelos pilotos. Já em Guabiruba, o morro do Santo Antônio, no Lageado Alto, é o destino dos praticantes.

Além dos municípios vizinhos, Nova Trento, Gaspar e Balneário Camboriú também possui estradas inclinadas para a descida.

Em Brusque, o trabalho feito pelos atletas é mais voltado para o condicionamento físico. Visando as principais provas da temporada, os atletas fazem crossfit durante a semana. Os treinamentos práticos são realizados somente nos fins de semana.

Poucas oportunidades
A maior parte das desistências no downhill são relacionadas ao custo da competição. Além do dinheiro gasto com a manutenção das ferramentas de trabalho, gasta-se com as taxas para participar de torneios. “Este ano deixei um pouco de lado as competições, pois o investimento está cada vez maior para poder competir e estar entre os cinco da categoria. Agora estou praticando apenas pelo gosto, mas pretendo voltar no próximo ano”, diz Mafra.

Um dos pilotos mais vencedores do município na atualidade, Renato Pereira afirmou que foi convidado por representantes da Fundação Municipal de Esportes (FME) para competir pelo município nos Jasc, mas que recusou em respeito aos colegas. “Falei que iria se fossem mais competidores de Brusque, mas disseram que só iria eu e contratariam outros de fora, então neguei. Eles dizem que não temos mais pilotos de ponta, mas sem investimento nos atletas da cidade não tem como formar competidores em alto nível”, afirmou.

Das vertentes do ciclismo praticadas em Brusque – BMX, ciclismo de estrada e downhill -, apenas a modalidade das descidas em morros não recebe bolsa-atleta.

O downhill

O downhill é uma modalidade do mountain-bike que surgiu na Califórnia, nos Estados Unidos. Consiste em descer o mais rapidamente possível um determinado percurso, geralmente em uma estrada rochosa e não pavimentada, sendo que os competidores não largam todos de uma vez e a descida é cronometrada. A prática exige muito dos freios, equipamentos de segurança e habilidade dos atletas.