Atrasos em obra colocam em risco etapa do Catarinense de BMX

Secretaria de Obras tenta acelerar conclusão da pista de bicicross para a cidade não ter etapa cancelada pela terceira vez

Atrasos em obra colocam em risco etapa do Catarinense de BMX

Secretaria de Obras tenta acelerar conclusão da pista de bicicross para a cidade não ter etapa cancelada pela terceira vez

A cerca de um mês para receber a quarta etapa do Campeonato Catarinense de BMX, Brusque precisa correr contra o tempo para terminar a pista de bicicross em frente ao Pavilhão da Fenarreco. Em obras desde o fim de 2013, o espaço já deveria ter sido finalizado até o meio deste ano, mas recorrentes atrasos deixaram a pista na berlinda pela terceira vez. A imagem da cidade já ficou comprometida com o cancelamento de duas etapas previstas anteriormente, uma programada para abril e outra para junho, respectivamente, conforme assume o piloto da Associação Brusque Bicicross Clube, Felipe Brick. “A imagem já está ruim, porque a nossa etapa era em abril e a da BBF (outra associação de Brusque) em junho, e nenhuma das duas fez. Agora, com esse calendário que deu errado para todas as cidades, vamos conseguir uma nova data”, revela.

O presidente da BBF, Helcius Zimmermann, admite que houve um desgaste em todo processo de reconstrução da pista, que chegou a ficar em xeque no último mês em razão da construção da Vila Olímpica, cujo projeto já prevê  uma pista oficial. “Nesse momento coloquei para eles que os pilotos precisam deste espaço, pois já estão há muito tempo sem e não podiam esperar pela Vila Olímpica. A prefeitura foi sensível a essa situação, refez os cálculos em cima dos projetos, e autorizou a conclusão”, explica. Ele minimiza os problemas enfrentados em relação as edições perdidas ao alegar que outras cidades também enfrentaram situações semelhantes para a realização de etapas do Catarinense. “Blumenau cancelou porque houve alagamento e estragou a pista, Rio do Sul também porque não conseguiram apoio da administração. O campeonato está prejudicado, por isso é importante que Brusque apareça neste calendário”, confia.

O projeto da pista de bicicross é de responsabilidade da Secretaria de Obras, em parceria com a Fundação Municipal de Esportes e as duas associações de clubes: Associação Brusque Bicicross e Bicicross Berço da Fiação (BBF). O valor do investimento no espaço não foi repassado pela administração municipal. Segundo o secretário de Obras, Gilmar Vilamoski, isso só poderá ser estimado após a conclusão final do projeto.

 

Passos lentos

A reforma da pista de bicicross é uma reivindicação antiga dos atletas de BMX de Brusque. Sem espaço para treinar, as opções são locais alternativos e o uso de pistas de cidades vizinhas. Inicialmente, os próprios atletas se viravam como podiam para adequar o local. As obras começaram há cerca de dez meses, mas até hoje não foram entregues por problemas de ordem técnica, estrutural e de reavaliação do projeto. Um dos pontos chaves para o atraso, segundo o superintendente da FME, Deivis Silva, que faz a intermediação entre as equipes e a Secretaria de Obras, que passou a ser parceira para a adequação da pista nos primeiros meses deste ano, foi a necessidade de se fazer uma nova drenagem no local. A intervenção ocorreu no mês de maio. “Havia problema de drenagem e as pistas de rolamento também não estavam com uma boa altura. Qualquer chuva inundava a pista. Por isso, foi decidido zerar. Começar tudo de baixo, do subsolo, até em cima das rampas”, esclarece.

Zimmermann diz que não participou da discussão que tratou sobre a mudança em razão de estar numa competição no exterior, mas concorda que a alteração era necessária. “A pista foi toda posta abaixo. Precisava fazer drenagem e mexer nas rampas. Àquela parte que estava feita, tinha erosão e ação do tempo já”. Brick comenta que estava na mesma competição e também não participou da discussão, mas mostra ponto de vista contrário. “Se perguntassem para mim, eu diria que não, pois faltava muito pouco para acabar. Agora, a nova drenagem que foi feita, do jeito que a pista está sendo construída, não será muito mais útil do que a anterior”, observa.

O atleta elogia o trabalho da prefeitura, mas acredita que a mudança ocorreu sem necessidade. A preocupação é de que a pista enfrente justamente os mesmo problemas daquela oportunidade, quando já estava praticamente pronta. O fato de as obras estarem sendo terminadas em um período chuvoso é a justificativa para que o ganho real com a mudança seja pequeno, segundo Brick. “O barro que estão fazendo agora está caindo na vala de volta. Então tem que se terminar toda a pista e depois abrir a vala de novo. Aí a gente tenta tampar com lona, mas ela não aguenta, pois o barro é muito mais pesado”, comenta.
O secretário de Obras, Gilmar Vilamoski, assegura que a estrutura não terá problemas. Segundo ele, o dreno foi feito com bidim, um material que deixa passar a água e retém a lama. “Depois da água entrar ela faz um percurso e segue adiante”. Ele justifica que a opção pela drenagem foi em consenso com demais profissionais da secretaria durante uma das visitas à pista. “O que existia antes era algo totalmente sem técnica. Quando eles pediram nossa ajuda, disse que se fosse para fazer, teríamos que fazer uma coisa bem feita para não ter problemas depois”, comenta. “Fizemos uma drenagem bem acima do que estava previsto, já para fazer um serviço duradouro”, completa.

 

O processo passo a passo

Após a drenagem feita em maio, a previsão era de que a pista fosse entregue até o fim de junho. Mas novamente o processo acabou interrompido antes do encerramento em razão do mau tempo e de festas como a Fenajeep. Mais recentemente o Rodeio também atrapalhou a execução. “Essa parte da drenagem começou em maio, depois veio a Fenajeep, chuva, Rodeio, chuva de novo, e travou tudo”, justifica Zimmermann.

No primeiro evento, o local ficou inacessível, no outro, houve problemas estruturais, mas ele minimiza o fato. “Na Fenajeep, o local ficou inacessível e durante o Rodeio, sem autorização, foram colocados postes no meio da pista, houve acampamento no local e o paredão foi estragado’, diz ele, mantendo o tom ameno para não entrar em conflito com a administração municipal. “A prefeitura pediu para passarmos por cima disso, pois os outros eventos também são importantes para a cidade e não vamos promover essa discórdia. Depois de pronto, a intenção é de que o espaço fique cercado e ninguém entre. A nossa única preocupação agora é terminar a pista”, relata.
Vilamoski cita vários fatores para o atraso na conclusão da obras. Além dos motivos já mencionados anteriormente, ele comenta ainda que, como os atletas muitas vezes estavam em competições, não foi possível adiantar alguns processos em razão da falta de orientação técnica para os responsáveis pelo maquinário. Observa, ainda, que em agosto não conseguiu deslocar equipes para a estrutura em razão da inauguração de obras na cidade.
Na terça-feira (23), a reportagem do MDD esteve no local. Havia apenas uma máquina Bob Cat trabalhando sobre orientação do piloto Marcelo Debrassi, da BBF. Ele é um dos que se alteram para coordenar as questões técnicas da pista. “Hoje, estamos trabalhando só com a Bob Cat, mas geralmente temos três máquinas na pista, mais os caminhões de barro: Temos o rôlo, a Bob Cat, a carregadeira e mais os caminhões de barro que chegam com frequência”, declara o atleta.

Vilamoski ressalta que as ações no local dependem da disponibilidade dos equipamentos conforme as necessidades da cidade em obras realizadas em outros locais. “Não posso afirmar que vai estar tantos equipamentos durante tanto tempo. Estará conforme a disponibilidade. Mas creio que está caminhando para um bom término, conforme nos comprometemos com os líderes das duas entidades. Estamos empenhados, em parceria, para entregar a pista dentro do prazo que eles têm para a competição”.
O superintendente da FME, Deivis da Silva, diz que a ideia da Secretaria de Obras é focar especificamente na conclusão nestes próximos dias, mas lembra que tudo dependerá das condições do tempo. Brick comenta que foi repassado às associações cerca de 10 dias úteis para o término, mas chuvas como a de quarta-feira colocam novamente a previsão em xeque, o que preocupa o atleta. “Acredito que será tudo muito corrido para terminar logo, porque a gente não tem muito tempo. Acho que a pista vai sair, e tem que sair, mas sairá daquele jeito: praticável. Boa ou ruim acredito que ficará no padrão. Até porque com o maquinário e o barro não tem como não ficar”, diz o atleta.

Debrassi e Zimmermann são outros a mostrar preocupação com o mau tempo. “A cada passo que a gente dá, quando chove, voltamos quatro atrás”, diz o primeiro. “Parece que é ligar a máquina e toda a água do céu caí. Se temos duas semanas de sol, agora que a prefeitura deu sinal verde, a gente termina”, confia o segundo. Atualmente, de acordo com os pilotos, cerca de 60% da obra está pronta. Os focos agora estão no acabamento da primeira e segunda reta com colocação dos obstáculos. Além disso, será necessário realizar ainda o acabamento do piso e alisar e socar o local.¶

Os meses chaves da obra
Maio/Junho
A conclusão da pista parecia ser questão de dias, mas uma avaliação da Secretaria de Obras detectou a necessidade de fazer uma nova drenagem no local em maio. Em competição no Equador, os pilotos não chegaram a serem avisados da decisão. No mês seguinte, em junho, períodos chuvosos atrapalharam o andamento. A realização da Fenajeep, de 18 a 22 de junho, fez com que as obras no local fossem paralisadas em razão da falta de acesso.

Julho/Agosto
O mês de julho e agosto concentrou poucas chuvas, mas com a inauguração de obras pela cidade no segundo mês, foram raras as intervenções na pista em virtude da falta de maquinário. O fato de os pilotos estarem frequentemente em competições também prejudicou, já que não havia um responsável por passar orientação técnica aos funcionários. A obra ainda sofreu danos estruturais, segundo os pilotos, em razão da realização do Rodeio no início de agosto.

Setembro/Outubro
Com o aval da Secretaria de Obras, os trabalhos na pista foram retomados com a disponibilidade de mais maquinários. Uma reunião com os pilotos definiu um novo prazo para o encerramento da obra, em torno de 15 dias, caso o tempo colabore. A intenção é encerrar a readequação da estrutura para que a cidade sedie a quarta etapa do Campeonato Estadual de BMX, prevista para o dia 25 do próximo mês.

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