“Atrito político foi o que marcou, o resto foi aprendizado”, diz o prefeito
Jonas Paegle comenta sobre seus planos até o fim do mandato
Jonas Paegle comenta sobre seus planos até o fim do mandato
O prefeito Jonas Paegle recebeu O Município para uma entrevista exclusiva em seu gabinete. Após dois anos, ele se mostra mais à vontade no cargo e fala sobre como foram os dois primeiros anos.
Na entrevista, Paegle, que é médico, comentou sobre a satisfação de ver o início do curso de Medicina na Unifebe e o impacto positivo que terá na cidade e região.
Paegle também falou sobre a constante falta d’água em Brusque e acerca da politização de alguns cargos dentro da prefeitura, como Dejair Machado e Ademir Gamba, o Nino, no Samae, e Moacir Giraldi, no Zoobotânico.
Confira, também, o que o prefeito tem planejado para os últimos dois anos de mandato.
Curso de Medicina
“É importante pensar nisso no momento em que vemos situações difíceis na área da saúde em várias cidades. É o pontapé inicial para o crescimento da Medicina na cidade. Como médico que veio para cá há 47 anos, e agora como prefeito, para mim, é um ponto marcante e preponderante iniciar as aulas de Medicina da Unifebe no meu mandato.
Serão formados 40 médicos em seis anos, depois terá, seguramente, pós-graduação. Outros poderão ir para fora e depois voltar para cá construir uma clínica, crescendo o atendimento especializado na nossa cidade.
Cirurgias de alta complexidade serão realizadas na nossa cidade, isso é importante. Até o presente momento são encaminhadas para fora. Isso é ruim para Brusque, Guabiruba e Botuverá.
“É um ponto marcante e preponderante iniciar as aulas de Medicina da Unifebe no meu mandato”
A prefeitura colocou à disposição oito UBS para acadêmicos atuarem, para irem praticando Medicina e um melhor relacionamento com o paciente e com a comunidade como um todo.
Vejo como um novo momento que Brusque vai passar, uma nova dimensão em termos de saúde, de crescimento do atendimento, do diagnóstico, do tratamento mais efetivo, da cura, e de prolongar a vida, Medicina é isso: prolongar a vida”.
Permanência dos médicos
“Quando fiz residência no Hospital Celso Ramos, em Florianópolis, o próprio diretor clínico me chamou e me aconselhou a ir para cidades médias, como Brusque. Mas muitos também ficaram lá, atuando em Florianópolis.
Claro que aqui a mesma coisa vai acontecer, vão se formar, fazer residência até fora do país e voltar para cá já com foco na região. Vão conhecer nossa saúde aqui, se aprofundar lá fora e voltar com mais enriquecimento em termos de Medicina.
Até outros médicos que se formam em cidades menores podem fazer residência aqui. A tendência é crescer como referência na região. Não podemos perder para Blumenau e Itajaí, por que Brusque vai ficar parada?
Hoje, a referência para São João Batista é São José. Por que não trazer para Brusque? Nós temos condições, temos uma faculdade, temos um grupo de professores especializados. Tudo é um crescimento que deixará um legado, que a tendência é crescer. O povo vai ser bem atendido”.
Expectativa para os últimos dois anos
“É acabar a estrada da Fazenda, a rua Alberto Muller, que vai para Camboriú, a rua Padre Antônio Eising, que é fundamental na chegada ao hospital, e o recape nas ruas centrais e na rua General Osório. Estamos esperando o Luciano fazer a terceira pista [na Primeiro de Maio, ao lado da Uniasselvi/Assevim] e a gente vai fazer o recape do Bandeirante até o Venzon.
Na Educação, é fundamental resolver o problema das creches para os pais que trabalham. Dificuldades existem, mas vamos lutar nesse lado também.
Na área econômica, é importantíssimo trazer empresas. Nos meus primeiros dois anos, vieram a Casas da Água, a Fredy Pneus e a Ecoville.
Na assistência social, já temos um albergue que é importante. Tem gente que está no albergue, trabalha e já está encaminhada para se integrar à sociedade.
Em moradia, a casa individualizada é importante. Temos vários terrenos que estão sendo estudados para entregar casas populares para as pessoas que preenchem o cadastro feito pela Secretaria de Assistência Social.
A terceira idade também é muito importante. Já estão acontecendo festas e entrelaçamento, isso alonga a vida, tira o pessoal da depressão, leva para o entusiasmo e para a alegria.
No esporte, quando estiver pronto o asfalto, logo vai despertar no Kart Clube, no Brusque FC o desejo de fazer uma Arena lá na estrada da Fazenda. Isso vai incentivar o futebol e o esporte na cidade, com isso terá jogadores a escolinha de futebol.
O pessoal vai se entusiasmar passando por lá e vendo a área exposta com asfalto belo. É só aparecer um investidor que acredite no esporte.
Nas festas, estamos pensando em terceirizar a Fenarreco, no sentido de pensar num negócio maior, para vender mais o nome de Brusque em nível estadual, nacional e até internacional, porque estamos tendo muito entrelaçamento com a Alemanha.
O Festival da Cuca também é importante para Brusque ser a capital da cuca. É uma dieta diferente, tem vários sabores, em vários festivais vimos sabores diferenciados que dão prazer sentar na mesa para comer uma cuca com café.
A Fenajeep também é muito importante, para a venda de peças e assessoria aos jipeiros. O Kart Clube é importante também. Vejo como um momento feliz e importante passar o fim de semana envolvido no esporte.
Na cultura, também temos ideia. No esporte, no sentido do vôlei e do basquete. A gente sabe que Brusque tem história nessas modalidades.
Estamos nos organizando de forma devagar, porque tem a crise econômica. Não adianta a gente chegar lá e trazer o campeão do vôlei ou do basquete, pagar altas somas e não ter condições de sustentar os nossos daqui”.
Avaliação de Bolsonaro
“Tiro por mim, tive dificuldades quando assumi. Em Brasília, ele comprou uma briga com a rede Globo, já com certos cortes de gastos, e até com os artistas. Vem o carnaval e teve cortes de verbas que favoreciam os cantores famosos e os menores não recebiam nada. É um começo difícil.
Ele tomou uma facada antes de ser eleito, passou durante o período com bolsa de colostomia, tomando remédio e vitaminas. Depois de assumir, com todas as agressões dadas pela imprensa, fez a cirurgia de colostomia, pegou pneumonia e agora está em convalescença, seguramente tomando remédio.
Imagina a cabeça de um homem desses, será que está no prumo? Dá para saltar, pular e agir? Imagino que não. Leva uns 60 dias para ele voltar ao vigor normal.
Espera-se que ele agirá de forma coordenada do lado da direita, ligado ao Exército, ao militarismo, à honestidade, ao civismo, ao respeito, ao hino à bandeira, ao hino nacional, nesse caminho mais honesto.
Como vinha o Brasil não podia continuar, a gente ia ser como a Venezuela”.
Avaliação de Carlos Moisés
“Ele assumiu e não esperava. Houve um descuido político entre o Merísio e o Mauro Mariani, bobearam e de repente cresceu o Moisés.
Para ele, deve ter sido uma surpresa porque sem experiência política, assumiu o governo. Torcemos que vá bem, porque aí a prefeitura vai bem”.
“Assim que tiver a ETA, vai sobrar água”
Falta d’água
“A ETA da Cristalina era coisa antiga da época do Ciro. Prefeitos passados demoraram [a agir]. O projeto demorou um pouco porque tem opinião de cá e de lá.
Tivemos que comprar terrenos. Três famílias venderam para a prefeitura e até consolidar o processo demora. Até ver a área e tudo mais, levou o ano passado inteiro.
Estamos com o projeto já para a execução da ETA de lá, aí não vai faltar mais água. Lá no Cedro, voltando a chover e enchendo os mananciais, creio que não vai mais faltar.
Assim que tiver a ETA, vai sobrar água até para vender para Itajaí e Camboriú. Foi um problema político-administrativo e no ano passado já começamos a largada do projeto, só que tudo demora”.
Politização de cargos
“Não é prejudicial, porque o alicerce da administração já está formado. O Dejair é engenheiro e o Gamba já trabalhou no Samae e conhece.
Do DEM, o Moacir da Acapra [foi para o Zoo] já está acostumado com cachorrinho, essas coisas, lidar com animais, tem histórico assim. Não é pessoa inocente nessa área.
Ele conhece, lembro quando foi candidato a vereador, ele já tinha essa noção.
Politizou em parte, mas sempre tem que ter um pouco de política no meio do negócio, sem política não vai ter harmonia, o sabor e o paladar”.
Principal frustração
“Atrito político foi o que marcou [os dois primeiros anos], o resto foi aprendizado. Não devia ter acontecido, mas, infelizmente, em política existe isso. Também não é frustração de ficar com mágoa, foi um momento que eu esperava uma coisa e as coisas evoluíram para o outro lado.
Eu já tinha um leve pensamento do que poderia acontecer e aconteceu o que eu tinha receio, na área política. Isso atrasou um pouco a administração, podiam estar mais avançados o projeto da Cristalina e outros”.