Audiência pública discute barragem de Botuverá
Realizada no Ribeirão do Ouro na noite desta quarta-feira, 25, a audiência teve como objetivo esclarecer todas as dúvidas da população
Na noite de ontem, na capela do Ribeirão do Ouro, foi realizada a audiência pública sobre a barragem de Botuverá. O objetivo do encontro foi a apresentação dos resumos do projeto executivo e estudo de impacto ambiental realizados pela empresa Iguatemi à população.
A barragem será construída a aproximadamente 17 km do Centro de Botuverá, na localidade de Areia Baixa. A audiência pública é o último passo burocrático que precisa ser realizado para que a obra obtenha a licença ambiental e, para que seja autorizado o lançamento do edital de licitação para o início das obras, por isso, a Fundação Estadual do Meio Ambiente (Fatma) foi quem conduziu os trabalhos. “Hoje a Fatma está aqui por determinação legal e também na condição de ouvintes, para tirar nossas dúvidas assim como a população. É daqui que tiraremos o embasamento para dar nosso parecer sobre a obra e conceder a licença ambiental”, disse o presidente da Fatma, Alexandre Waltrick.
O representante da empresa Iguatemi, Alexandre Mossmann, abriu a audiência apresentando o projeto executivo. De acordo com ele, a obra terá 40,8 metros de altura, e deve segurar mais de 20 milhões de metros cúbicos de água. A empresa detalhou ainda as etapas do processo de construção da obra. “A primeira etapa será construir um túnel antes do local da barragem para desviar o rio por baixo do morro, por isso, precisaremos de uma ensecadeira para que a área esteja seca e possamos iniciar os trabalhos. O rio passará entre a ensecadeira e o morro. Com o túnel construído, removemos a ensecadeira e o rio voltará a seguir pelo seu leito normal. Passado o túnel, começamos a construir a ensecadeira para isolar o local da barragem. Ali, construiremos todas as obras civis. Na última etapa removemos a ensecadeira, fechamos o túnel, esperamos o reservatório encher e seguir o seu fluxo”, explica. Segundo ele, o orçamento total da obra gira em torno de R$ 81 milhões.
Na audiência pública também foi apresentado o resumo do estudo de impacto ambiental pela empresa e as compensações ambientais que devem ser feitas no local para evitar a agressão ao meio ambiente. A empresa analisou o local exato da barragem durante as quatro estações do ano, e também as proximidades, para entender as características do rio em cada período. Também foram analisadas a flora e a fauna da região, e segundo a empresa, o diagnóstico ambiental mostrou que a área é sensível ambientalmente, por isso haverá impactos negativos como erosão, assoreamento, afugentamento da fauna, supressão de vegetação, entre outros.
Com isso, a empresa propôs alguns programas ambientais para compensar os danos que serão gerados pela obra, entre as medidas estão o monitoramento da qualidade do ar, do lençol freático, programa de resgate da fauna. Após as explicações da empresa, a audiência foi aberta para responder os questionamentos e dúvidas da população.
Participação popular
O encontro teve grande adesão da população que está curiosa para entender todos os passos do processo de construção da barragem. O prefeito de Botuverá, José Luiz Colombi, o Nene, destacou a participação dos botuveraenses. “O interesse é de todo mundo. Temos a presença aqui não apenas de moradores de Botuverá, mas também da região que será beneficiada com a obra. Uma obra deste porte tem que ser discutida e explicada, e desde o início temos feito isso. A prefeitura está aberta a discussões”.
Moradora do Ribeirão do Ouro, a aposentada Mercedes Cristina Rezini, 62, participou da audiência para entender melhor a grande obra que acontecerá no município. “Estamos todos muito ansiosos por essa obra e curiosos também. Vim para entender melhor o que vai acontecer. Acho importante”, afirma.
A merendeira Marli Busquirolli, 45 anos, também participou do encontro. Ela mora da localidade de Areia Baixa, um pouco pra cima de onde a barragem será construída. “Espero que a obra beneficie muita gente, principalmente Brusque que sofre com as enchentes”.
O secretário de Estado de Defesa Civil, Milton Hobus, destaca que as áreas que serão desapropriadas – pouco mais de 30 – já estão mapeadas. “São poucas as residências que serão afetadas, a maioria das áreas fica dentro das dependências do Parque Nacional da Serra do Itajaí. A obra terá um impacto socioambiental muito pequeno”.
Segundo ele, as indenizações serão realizadas em paralelo à licitação da obra. “Queremos que o processo de indenização tramite junto com a licitação. O primeiro ponto que será indenizado será no canteiro de obras e no barramento da barragem, na sequência, as áreas alagadas”, explica.
Hobus também ressaltou o caráter de múltiplo-uso da barragem. “Será uma obra três em um, vai proteger contra as grandes enchentes, garantir o abastecimento de água e auxiliar na captação de energia. Além de Botuverá e Brusque, serão beneficiadas as cidades de Itajaí, Balneário Camboriú e Navegantes”.
Além da participação da população de Botuverá e autoridades estaduais, compareceram à audiência membros da Prefeitura e Defesa Civil de Brusque, e também de Itajaí, e ainda o vereador Guilherme Marchewsky, que foi representando a Câmara de Vereadores, que terá uma comissão interna para acompanhar os trabalhos de construção da barragem.