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Audiência pública na Câmara de Brusque discute a “pílula do câncer”

Evento recebeu o pesquisador Carlos Witthoeft, que ficou conhecido por fabricar e distribuir a fosfoetanolamina

Audiência pública na Câmara de Brusque discute a “pílula do câncer”

Evento recebeu o pesquisador Carlos Witthoeft, que ficou conhecido por fabricar e distribuir a fosfoetanolamina

A Câmara de Vereadores de Brusque realizou, na noite de quinta-feira, 9, uma audiência pública sobre a fosfoetanolamina sintética, a pílula do câncer. O encontro foi proposto pela vereadora Marli Leandro (PT) e realizado em parceria com a Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa (Alesc).

De acordo com a vereadora Marli, o objetivo da audiência pública é abrir o debate sobre a pílula do câncer. “Queremos esclarecer questões, conhecer experiências e os estudos que se tem até o momento sobre o tema. Sabemos que é bastante polêmico, existe divergências, dizem que faltam estudos, pesquisas, mas o que percebemos é que a população, principalmente os doentes, tem pressa e querem o quanto antes uma esperança a mais. Qualquer possibilidade que tivermos de curar qualquer doença, sem sombra de dúvida, vamos nos agarrar”, diz.

A presidente da Comissão de Saúde da Alesc, deputada estadual Ana Paula Lima (PT), destaca a importância de se discutir o tema. “Recebo diariamente relatos de pacientes que tomam a pílula e se sentem bem. Precisamos discutir, sim, esse assunto. Quem tem câncer, tem pressa”.

“Se eu não soubesse da eficácia, não produziria”

O químico Carlos Kennedy Witthoeft é morador de Pomerode e ficou conhecido nacionalmente em junho do ano passado quando ficou 17 dias preso por fabricar e distribuir a pílula do câncer para pacientes de todo o estado.

Ele teve o primeiro contato com a substância em 2007, quando sua mãe foi diagnosticada com um tumor no útero. Naquela ocasião, os médicos deram dois meses de vida para ela. “A cirurgia e a quimioterapia já não seriam suficientes para ajudá-la, disseram os médicos”.

Um mês e meio depois do diagnóstico, Witthoeft teve conhecimento da substância e decidiu experimentar. “Quando a fosfo chegou, minha mãe não levantava mais da cama e nem comia. Ela começou a tomar e no terceiro dia, nos surpreendeu levantando da cama e pedindo sopa”, lembra.

De acordo com ele, a sua mãe foi se recuperando aos poucos, foi então que ele decidiu compartilhar a substância com as pessoas. Viajou para o interior de São Paulo e integrou a equipe do pesquisador Gilberto Orivaldo Chierice, que ganhou notoriedade pelos estudos sobre a substância conduzidos no Instituto de Química de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP).

“Quando vi o que a fosfoetanolamina fez com a minha mãe decidi dividir isso com as pessoas. Eu fabricava e minha esposa distribuía. A notícia foi se espalhando, a nossa casa ficava aberta 24 horas por dia, sete dias por semana, formava-se filas. Todos atrás de esperança”, diz.
Em junho do ano passado, porém, Witthoeft foi preso devido à fabricação e distribuição da substância. Permaneceu 17 dias preso e afirma que não se arrepende. Ele acredita que a fosfoetanolamina é capaz de curar pacientes com câncer. “Se eu não soubesse da sua eficácia, não teria produzido. Acredito na comprovação, caso contrário, eu seria um hipócrita”.

“Não temos base científica suficiente para liberar o uso”

O médico oncologista da Associação Brusquense de Medicina, Marco Antonio Cortelazzo, também participou do encontro. Ele se diz preocupado com toda a comoção em torno da fosfoetanolamina, pelo fato de a substância não ter obedecido todos os trâmites para sua comprovação. “São passos importantes em defesa de quem vai fazer o consumo da substância. Por enquanto, não temos base científica suficiente para liberar o uso indiscriminado do medicamento e não podemos prescrever algo que não é aprovado”.

O médico também alerta para os efeitos que uma substância não aprovada pode acarretar no paciente. “Ainda não conhecemos os efeitos dessa droga, tanto os positivos quanto os negativos. Se existirem efeitos negativos, ao invés de ajudar, estaremos prejudicando este paciente”.

Por fim, o médico critica que o nome “pílula do câncer”. “Podemos abrir precedentes perigosos com relação às pesquisas. É chamada erradamente de pílula do câncer porque pode estar dando uma falsa esperança para os pacientes”.

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foto: audiencia
legenda: Carlos Witthoeft falou sobre sua experiência com a fosfoetanolamina
<INDESIGN;Créditos Foto>
Bárbara Sales

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