Aumento do abandono de animais no fim do ano preocupa Acapra de Brusque
Legislação tipifica a prática como crime no Brasil
Legislação tipifica a prática como crime no Brasil
A chegada do fim do ano traz preocupação a Associação Brusquense de Proteção aos Animais (Acapra). Segundo a presidente da ONG, Jéssica Ricardo, anualmente a equipe se prepara para o período, pois o número de abandono triplica. São pessoas que saem de férias e acabam deixando cães e gatos sozinhos nas residências, muitos privados de alimentação. Ou até mesmo os abandonam na rua.
“Também temos uma baixa no número de voluntários, alguns viajam, outros trabalham no comércio, com horários de Natal. Infelizmente a demanda é muito maior do que a ONG pode suprir”, conta.
Para o aumento, Jéssica explica que muitas pessoas adotam animais por impulso, sem pensar que o pet será uma responsabilidade a longo prazo. “As pessoas acham mais fácil abandonar para viajar. Acham mais fácil cometer o crime do que buscar alguma alternativa correta”, continua.
Com o objetivo de evitar esses casos, ela conta que a ONG faz entrevistas com os tutores antes da adoção dos animais resgatados. O trabalho é feito para filtrar os interessados, para dar prioridade àqueles que realmente estão preparados para adotar.
Ainda, Jéssica traz orientações aos que não sabem o que fazer com o animalzinho no fim do ano.
“Existem alternativas acessíveis para poder viajar e garantir que seu pet esteja em segurança. É possível pedir para algum amigo ou familiar cuidar no período que está fora, tem as opções de hotéis, clínicas que hospedam, e até atendimentos de serviço de Pet Sitter a domicílio”, completa.
De acordo com Jéssica, em 2020 foram registrados mais abandonos durante o ano por conta da pandemia da Covid-19. Ela explica que, nestes casos, muitas pessoas passaram por questões financeiras e não conseguiram manter o pet.
“No lugar de tentarem achar uma alternativa, preferiram o abandono. Também, pelas incertezas na questão do vírus, pois saiu que o animal poderia contaminar o ser humano. Então, teve mais abandono ao longo do ano, ao longo dos meses”, conta.
Neste ano, entretanto, a expectativa é que o número de abandono seja maior no fim do ano. “E já vem sendo. Com a flexibilidade das questões sanitárias, a tendência é as pessoas irem viajar e decidirem pelo abandono”, diz.
Ela aponta que o número de abandonos neste ano está sendo maior do que em 2020. “A gente vai levando, não vamos conseguir resgatar todos, mas vamos fazer uma triagem para tentar ajudar. De pouquinho a pouquinho, vamos fazer o melhor”, finaliza.
O delegado da Polícia Civil, Egídio Ferrari, destaca que o abandono pode configurar o crime de maus-tratos, previsto na Lei de crimes ambientais. Ainda, o crime prevê pena de prisão de dois a cinco anos.
“Então, quem abandona pode ser preso em flagrante se for pego na hora ou responder a um inquérito policial. O final de ano é sempre muito complicado porque temos um aumento significativo de abandono de animais”, conta.
Em caso de abandono, o delegado orienta que seja feita a denúncia pelo crime de maus-tratos, portanto, um Boletim de Ocorrência. É possível fazer o BO rapidamente pela internet no site da Polícia Civil de Santa Catarina, para que os fatos sejam apurados.
Também, o delegado orienta que é possível fazer denúncias via WhatsApp, encaminhando fotos e vídeos para o número 48 98844-0011.
“A orientação que passamos ao flagrar um abandono é chamar a polícia, filmar ou, se não for possível filmar, procurar câmeras que possam ter registrado o fato. Tendo essas provas é possível dar continuidade na denúncia. Muitas vezes as pessoas nos mandam fotos da placa, é interessante tentar identificar o tutor. Porém, para conseguir provar precisamos do vídeo do abandono”, finaliza Jéssica.
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