Aumentos nos preços da gasolina A trazem perdas a postos e ao consumidor em Brusque

Reajustes no combustível vendido nas refinarias se aproximam de valores anteriores à pandemia, mas procura segue baixa

Aumentos nos preços da gasolina A trazem perdas a postos e ao consumidor em Brusque

Reajustes no combustível vendido nas refinarias se aproximam de valores anteriores à pandemia, mas procura segue baixa

A Petrobras reajustou em 4% o preço da gasolina nas refinarias a partir de 17 de julho, naquela que foi a 10ª elevação e a 22ª alteração em 2020, chegando a uma média de R$ 1,78 o litro no terminal de Itajaí. O combustível, que tem o valor atrelado aos mercados internacionais, volta a níveis semelhantes aos do início do ano, mas sem a mesma procura na pandemia, postos de combustíveis têm perdido margens de lucro, e o preço na bomba sobe.

A desvalorização do petróleo no contexto internacional ocorrida no primeiro semestre causou quedas bruscas também no valor da gasolina A nas refinarias, o que se refletiu em quedas nos preços de combustíveis em vários postos. Com as cotações voltando a subir, a gasolina A também tem passado por frequentes aumentos, quase recuperando valores vistos antes das quedas.

A diferença para os postos de combustíveis é que o movimento de consumidores não tem acompanhado os reajustes. De acordo com um proprietário de postos de combustíveis de Brusque, que prefere não se identificar, a queda de preços acompanhou uma queda de venda. No entanto, as vendas de combustíveis, em especial da gasolina, ainda são 70% do normal de antes da pandemia, enquanto os aumentos nas refinarias continuam.

“Se agora, o último aumento foi de sete, oito centavos, nós passamos 10, porque já está previsto um aumento de ICMS. O governo estadual faz uma média e calcula o imposto. Não pagamos o imposto sobre o valor pelo qual vendemos, mas sim sobre uma pauta do estado. A distribuidora simplesmente repassa os reajustes que ocorrerem”, comenta o empresário.

Uma medida adotada tem sido comprar o combustível em quantidades para mantê-lo por prazos maiores. “Não temos um controle sobre o preço. Se eu decidir aumentar 10 centavos agora, o cliente abastece na estrada, em outro lugar, outra cidade. Muito por causa disso os preços ficam parecidos. O cliente tem rodado menos. Se ele gastava R$ 100, ele segue gastando R$ 100, mas consome menos, e o volume de combustível vendido caiu.”

O reflexo no preço final ao consumidor existe, sendo resultado de uma série de fatores. Em levantamento na semana de 18 a 25 de julho da Agência Nacional do Petróleo (ANP) com 10 postos, o preço médio do litro gasolina comum em Brusque é R$ 4,22. Em abril, a ANP registrou R$ 3,95. Em maio, caiu a R$ 3,80. Em junho, o preço médio subiu a R$ 3,85, e em julho atingiu R$ 4,17, se aproximando de janeiro e fevereiro, os meses com maior média do ano: R$ 4,32. Os arquivos da ANP foram consultados pela reportagem em 27 de julho.

De acordo com a Petrobras, o preço da gasolina comum possui a seguinte composição:

– 29%: preço do combustível nas refinarias

– 29%: ICMS

– 17%: Cide, PIS/PASEP e Cofins.

– 13%: preço do etanol anidro

– 12%: distribuição e revenda

A gasolina que recebe os reajustes semanais da Petrobras de acordo com a cotação internacional é a gasolina A. Esta gasolina é vendida aos distribuidores, que adicionam álcool anidro, formando a gasolina C, que chega a bomba para o consumidor. A gasolina A pode ser produzida na Petrobras ou por outros refinadores do país, por formuladores e centrais petroquímicas. Empresas autorizadas pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) podem importar este produto.

Sejam reduções ou aumentos, as alterações do preço na refinaria não são repassadas diretamente ao consumidor final. Além da mistura com o álcool anidro, o preço tem influência de 46% de tributos, além dos custos de distribuição e revenda. Repassar ou não alguma alteração no preço na transação distribuidora-posto é uma questão que não é referente apenas aos preços de refinaria, e depende do modo como cada empresa no ramo vende e compra o produto.

A adição do etanol é uma obrigação legal dos distribuidores desde a lei 8.723/93. Em poucos anos, novos decretos alteraram a porcentagem da mistura. Desde março de 2015, o percentual obrigatório de etanol anidro combustível na gasolina comum é de 27%.

O Município utilizou, como parâmetro, a média dos preços exercidos no terminal de Itajaí da Petrobras. A gasolina A é vendida por metro cúbico, ou seja, por 1 mil litros. A matéria, no entanto, converte os dados para o preço por litro, para aproximar à realidade da venda ao consumidor final.

O terminal de Itajaí opera com três modalidades de venda: ex-ponto A (EXA), entregue no terminal terrestre (ETT) e livre no compartimento de carga do veículo recebedor (LCT). O gráfico usa a média dos três valores de cada data.

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