Barragem de Botuverá poderia ter evitado aumento de 1,5 metro do rio em meio a chuvas de outubro, avalia Defesa Civil
Casan atualiza situação da obra, que é discutida há 12 anos e nunca saiu do papel
Casan atualiza situação da obra, que é discutida há 12 anos e nunca saiu do papel
A barragem de Botuverá, um desejo antigo de Brusque e região que nunca saiu do papel, poderia ter evitado o aumento de aproximadamente 1,5 metro do rio Itajaí-Mirim em meio às chuvas intensas de outubro de 2023. Trata-se de uma avaliação básica feita pelo coordenador da Defesa Civil de Brusque, Edevilson Cugiki.
Nos últimos dias, chuvas intensas atingiram a região de Brusque e resultaram na cheia do rio. A Defesa Civil chegou a projetar 7,5 metros de nível do rio, o que pode ser considerado enchente, mas o pico foi de 6,91 m às 21h45 do dia 12 de outubro.
Conforme a avaliação de Cugiki, se a barragem já estivesse construída e em atividade, os efeitos da recente cheia poderiam ter sido minimizados. A análise em questão se refere somente a este recente evento climático que resultou na cheia.
“Teríamos que calcular o quanto tivemos de volume de chuva para verificar se a barragem iria verter ou não. Porém, de qualquer forma, pelos projetos dela, teríamos uma redução de 20% do nível do rio. Não é tão simples, mas, se calcularmos, deveria representar 1,5 metro a menos no nível do rio”, avalia.
A primeira menção sobre a construção de uma barragem em Botuverá no jornal O Município é referente a uma proposta do ex-vereador Eduardo Hoffmann, o Duda, no dia 16 de setembro de 2011, quando o então parlamentar defendeu a realização da obra.
No ano seguinte, 2012, o governador da época, Raimundo Colombo, foi a Itajaí para apresentar um projeto de prevenção de desastres que previa a construção da barragem de Botuverá em três anos e meio, mas sem prazo de início, com investimento de R$ 95 milhões. A obra nunca chegou a começar de fato.
Em janeiro de 2022, a Defesa Civil e a Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) chegaram a firmar termo de cooperação para execução da obra. O edital para construção foi lançado em evento com presença do então governador Carlos Moisés em Botuverá.
A publicação oficial ocorreu somente em maio. O investimento previsto na obra era de R$ 110 milhões. A abertura dos envelopes para a licitação, que estava marcada para 8 de setembro de 2022, foi adiada para 5 de outubro.
Em janeiro de 2023, o governo alegou que o projeto precisaria passar por revisão de valores. De acordo com a Casan, a revisão orçamentária do projeto de engenharia era necessária devido aos materiais que serão utilizados na construção, como, por exemplo, o concreto.
A reportagem procurou a assessoria da Casan em setembro, em busca de novos detalhes sobre a situação da obra da barragem. Consta no sistema da autarquia que o processo licitatório foi revogado.
De acordo com a Diretoria de Operação e Expansão da Casan, o “edital de licitação da Barragem de Botuverá precisou ser ajustado em virtude de questionamentos recebidos”. A Casan não divulgou quais foram as alterações.
O comunicado da autarquia ainda esclarece que no momento, o processo está paralisando para definição da fonte de recursos para execução da obra. A autarquia afirma que não há previsão da nova data de publicação da licitação.
*Colaborou Eliz Haacke
Dialeto bergamasco falado em Botuverá pode ser extinto nas próximas décadas: