Base do Bruscão se adequa à lei que cobra frequência escolar
Desde o início do ano, todos os jogadores menores de idade estão matriculados em escolas do município
Desde o início do ano, todos os jogadores menores de idade estão matriculados em escolas do município
Apenas 1% dos atletas que participam de seletivas para clubes profissionais conquistam um lugar ao sol. Os dados, revelados pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), apontam que a maior fatia dos aspirantes a jogador de futebol não chega lá. Se esses jovens dispensados não dividiram os treinos com a escola, terão um futuro difícil pela frente.
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Para precaver esse tipo de situação em Santa Catarina, o governo do estado sancionou uma lei na última semana obrigando que os clubes profissionais – registrados na Federação Catarinense de Futebol (FCF) – mantenham todos os seus jogadores menores de idade na escola. Os clubes deverão encaminhar à FCF, anualmente, os comprovantes de matrícula e, semestralmente, os atestados de frequência e boletim escolar dos jogadores. O descumprimento das obrigações impedirá o clube de participar das competições oficiais de futebol no estado.
Para o Bruscão, segundo o diretor da base, Jonas Stange, isso não é problema. O dirigente afirma que desde o início do ano, o clube se preocupa com a assiduidade escolar de seus atletas. “Temos a intenção de conquistar o selo de clube formador da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), e para isso a questão escolar é fundamental. Além disso, nós queremos formar cidadãos, não apenas jogadores”, complementa.
Caminho da educação
Segundo Stange, grande parte dos atletas do clube frequenta a Escola de Educação Básica Santa Terezinha, que fica a poucos metros do alojamento do clube. As matrículas são garantidas por meio de uma parceria com o educandário. “Nós combinamos as vagas com o diretor do colégio. Às vezes alguns saem durante o ano, outros vêm, e por isso temos que nos certificar de que o jovem terá presença escolar”, afirma. Há atletas da base do Brusque também no Feliciano Pires e no Osvaldo Reis.
O clube quer ir além do exigido, segundo o diretor da base. Em cooperação com o Centro Universitário de Brusque (Unifebe), professores ajudam no reforço escolar para jogadores que encontram dificuldades no aprendizado. Além disso, Stange revelou que é desejo do clube e da Unifebe a disponibilização de psicólogos para os jovens da base. “É um projeto que estamos conversando junto com o Günther (Lother Pertschy, reitor da Unifebe), poder contar com profissionais na área de psicologia esportiva”, diz.
Resultados em campo
Justamente no ano em que o clube passou a investir mais na educação dos seus atletas, os resultados surgiram no campo. Diferente de anos anteriores em que a base do Bruscão servia como sparring dos adversários, nesta temporada o grupo está competitivo. Prova disso é que o grupo Sub-17 vem fazendo campanha imponente, vencendo dentro e fora de casa.
Um dos principais desejos da diretoria do clube, principalmente depois de conquistado o selo de formador, é a inserção de jogadores em clubes maiores. Isso, inclusive, já vem acontecendo, como no caso do lateral-esquerdo Foguinho, hoje no Internacional de Porto Alegre. Ele foi monitorado no Brusque, passou duas semanas treinando com o grupo colorado e conquistou aprovação. “Estamos começando com esses contatos, e é bom saber que um trabalho de poucos meses já gera frutos. Além disso estamos servindo o time profissional do Brusque. Uma equipe Sub-17 com atletas que chama atenção da comissão técnica profissional é muito bom, porque antes, mesmo com o Sub-20 era difícil alguém ser aproveitado”, explica Stange.
Contudo, só o rendimento em campo já não basta para as novas diretrizes do clube. Casos de indisciplina não são mais tolerados como um dia foram no quadricolor. “Tivemos um atleta de Balneário Camboriú, bom de bola, mas teve problemas na escola. O diretor nos avisou e o dispensamos”, diz o dirigente.
Estrutura ampliada
Desde o ano passado, o Bruscão conta com alojamento para os atletas da base. O local conta com cozinha, dormitórios e um espaço amplo para o conforto dos jogadores. O CT Rolf Erbe, principal ambiente de treino dos garotos, também passou por reformas que melhoraram a qualidade do trabalho. “A gente não pode cobrar resultados em campo se não dá uma estrutura para os garotos. Foi por isso que focamos em providenciar essas condições”, diz.