Batistense transforma rede social em auxílio às mulheres com câncer de mama
Caroline Pereira compartilha sua rotina de tratamento e dá dicas para enfrentar a doença
Após ser diagnosticada com câncer de mama, em outubro de 2017, a batistense Caroline Pereira, 30 anos, passou a utilizar suas redes sociais para compartilhar sua nova rotina de tratamento. De uma forma leve e bastante positiva, Carol se tornou inspiração e motivação para outras mulheres que também sofriam com a doença e até mesmo pessoas sem nenhum diagnóstico.
Na época da descoberta, a batistense recém havia se mudado para Curitiba (PR), onde iniciava uma vida nova, conforme havia planejado, próxima ao namorado. O nódulo palpável apareceu na mama direita e uma biopsia confirmou a doença. “A minha reação, acredito que tenha sido a mesma de todas as mulheres que descobrem. Fiquei assustada, com medo, mas fui forte e decidi enfrentar com positividade”, conta.
E, para isso, ela contou com a ajuda do seu perfil no Instagram (@caroline_pereiraa), no qual relatou para os seguidores o que estava enfrentando e buscou mostrar que, mesmo com o câncer, poderia ter uma vida normal.
“Quis compartilhar com as pessoas, até porque eu não sentia dor. As minhas sessões de quimioterapia não me traziam reações fortes. Não precisei parar de trabalhar e nem deixei de fazer academia, que sempre gostei”.
A rotina de Carol e a sua motivação diária começaram a atrair mais seguidores, especialmente outras mulheres que também enfrentavam a doença.
“Recebo muitas mensagens todos os dias de pessoas que dizem que eu tenho muita luz, que o que eu falo nos stories muda o dia delas, e para mim, saber disso também me deixa feliz, me motiva ainda mais a ficar forte diante de tudo que venho enfrentando”, diz.
A batistense realizou ao todo 16 sessões de quimioterapia, com isso, perdeu todo o cabelo, sobrancelhas e cílios. “Na época eu estava com minha autoestima muito elevada, então para mim era tudo novidade. Queria saber como ficaria careca e levei na esportiva. Até quando fui raspar a cabeça, mandei uma foto para meu namorado e brinquei com ele que nem tinha ficado tão ruim assim”, lembra.
Em agosto de 2018, Carol foi então submetida à cirurgia de mastectomia total, ou seja, retirou todo o seio direito. “Mesmo depois da cirurgia, fiquei tomando remédios, mas me senti vitoriosa, pois havia enfrentado tudo aquilo de uma forma positiva, com fé, e tinha vencido o câncer até aquele momento e já estava voltando com minha rotina de forma mais efetiva”.
Troca de energia
Pela rede social, Carol diz que consegue trocar experiências com as pessoas e receber energia positiva.
“Gosto sempre de interagir, respondo todas que me chamam, que respondem a um story meu, porque eu posso até passar a minha positividade e força para as pessoas, mas elas também me passam muita coisa boa. Porque não é sempre que estou bem. Quando sinto dor, são os piores dias para mim, e são aqueles que fico mais afastada. E tem pessoas que vem perguntar como estou, porque sumi da internet”, diz.
Em uma das interações feitas por Carol, ela questiona os seguidores: “O que você faria se soubesse o tempo que tem aqui na terra?”. Para sua surpresa, muitas pessoas responderam que aproveitariam mais a vida ou ficariam mais próximas da família.
“Chega a ser engraçado, porque as pessoas deixam as coisas para a última hora. Ninguém sabe o dia de amanhã. Eu tenho um diagnóstico de uma doença, mas quem não tem também corre o risco de morrer a qualquer hora, pode sofrer um acidente ou qualquer outra coisa. Então por que não fazer essas coisas agora? E é isso que venho tentando mostrar para as pessoas”, diz.
Novos diagnósticos
Em dezembro do ano passado, após sentir dores muito fortes na coluna, Carol procurou o pronto-atendimento, em Curitiba. Sem aparecer nenhuma anomalia no raio-X, os médicos tratavam o problema como dores musculares.
Porém, ao pedir uma ressonância para a médica, a batistense recebeu um novo diagnóstico: estava com metástase óssea. “Foi um choque. A cada novo diagnóstico é uma reação triste, porque a gente só pensa que está morrendo. Mas decidi que enfrentaria de cabeça erguida mais essa batalha, sem pensar na morte”, diz.
Por meio do Instagram, Carol continuou informando os seus mais de 9,4 mil seguidores, e recebendo apoio de cada um. “Desde a descoberta do câncer de mama, eu que já tinha fé, me apeguei ainda mais em Deus, me tornei mais íntima, e é Nele que encontro o consolo diário e tenho fé que um milagre ainda possa acontecer comigo”, afirma.
Ainda em Curitiba, Carol realizou a radioterapia, mas pouco tempo depois, novos diagnósticos: a doença havia se espalhado e agora encontra-se também na garganta, ossos da bacia, no lado esquerdo do crânio e pulmões. “Só então eu soube que o meu câncer de mama é o triplo negativo, que é o tipo mais agressivo da doença. Ele geralmente dá em mulheres mais jovens, e se espalha muito rápido”, conta.
Um novo tratamento foi iniciado e a cada 21 dias é preciso realizar novas sessões de quimioterapia. A primeira já ocorreu em Curitiba.
Retorno ao berço
Com os novos diagnósticos da doença, Carol decidiu retornar para São João Batista e ficar mais próxima da família. “Esse novo tratamento deve ser mais forte, por isso posso precisar da ajuda da minha família”, informa.
O tratamento foi transferido para o Centro de Pesquisas Oncológicas (Cepon), em Florianópolis, onde realizará todas as demais quimioterapias.
“O que mais mexe comigo agora é saber que vou ficar sem o cabelo de novo. É pela questão de vaidade, porque para a mulher, o cabelo faz muita diferença. Pode se arrumar com a melhor roupa, melhor maquiagem, mas sempre vai faltar o detalhe do cabelo”, lamenta.
Sem poder pegar peso, Carol agora está desempregada. Porém, busca alguma ocupação para seus dias. “Gosto muito de escutar música, ler trechos da Bíblia, ou algum livro. Mas estou em busca de algum trabalho que possa realizar para ajudar alguém e também me ocupar de alguma maneira”.