Quando se fala de cuidados dentários em crianças, a cárie normalmente é a primeira situação que vem à mente. Porém, além deste cuidado, crianças e adolescentes podem evitar muitas dificuldades com a Ortopedia Funcional dos Maxilares. Trata-se de uma especialidade da Odontologia, que resolve problemas ósseos, musculares, além do alinhamento dos dentes, funcionamento e problemas de articulação.
A especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial Dra. Adriana Baumgärtner, tem 23 anos de experiência. Ela explica que a estrutura óssea da boca é a mesma do nariz. “Caso a boca esteja pequena, o nariz também estará. Então, avaliamos a criança como um todo. Da parte respiratória, até a postural, que pode estar relacionada com a mordida”, conta.
Nessa área, uma doença comum é a Síndrome do Respirador Bucal, que afeta a respiração, desenvolvida deste o nascimento. A função da respiração é filtrar, aquecer e umidificar o ar antes de ir aos pulmões.
A respiração nasal é a forma normal e saudável de fazer esse processo. No entanto, quando essa ação passa a ser feita pela boca, alterações físicas e até psicológicas afetam as crianças.
São alterações otorrinolaringológicas, como aumento da adenoide, rinites, sinusites, bronquites, dor de garganta, rouquidão, desvio de septo; alterações de sono, que ocasiona agitação, ronco e apneia (segundos sem respirar enquanto dorme); pesadelos frequentes e terror noturno.
E não para por aí: o simples respirar de forma incorreta causa também alterações da fala, mudanças odontológicas, como dentes tortos e queixo para trás, assimetrias da face, olheiras, rosto com aspecto de cansaço; alterações posturais, como a escoliose, e até outras questões, que se confundem com a Síndrome do Respirador Bucal, como a hiperatividade e TDH.
“Às vezes a criança vai mal na escola porque não descansa. A grande maioria das crianças com respiração bucal possui algum grau de atrofia das arcadas, sendo que 90% dos casos conseguimos resolver sem procedimentos cirúrgicos”, destaca.
Acompanhamento e tratamento
Com isso, a especialista fala que é possível fazer um tratamento rápido e indolor, com uso de aparelhos específicos. Adriana conta que fazer o tratamento antes dos seis anos facilita na busca por resultados.
Ela também indica fazer o acompanhamento desde cedo, pois ao fazer consultas periódicas facilita a observação de alterações ósseas. A avaliação precoce é muito importante, pois 80% do crescimento da face já estão completas aos seis anos de idade.
“A ideia de tratamento somente aos 12 anos, quando todos os dentes permanentes já estão na boca, é um equívoco, pois nessa idade muitas alterações já poderão estar instaladas definitivamente, como, por exemplo, uma assimetria facial. É claro que trataremos também nessa idade, mas talvez os recursos ortopédicos não sejam mais tão eficazes como em uma idade mais precoce”, destaca.
Além da respiração bucal, várias outras alterações na mordida podem ser resolvidas com a Ortopedia Funcional, dentre elas a mordida profunda, mordida cruzada, falta ou o crescimento acentuado do queixo.
Idade e qualidade de vida
Não há idade limite para buscar qualidade de vida. Na Baumgärtner Odontologia, Adriana faz avaliação ortopédica a partir de três anos de idade. Mas não são somente as crianças que podem se beneficiar da Ortopedia Funcional dos Maxilares. Esta especialidade trata também alterações das articulações, conhecida como DTM, que é caracterizada por bruxismo, apertamento dos dentes, dores de cabeça, estalos ao abrir e fechar a boca, além de tratar outras alterações como ronco e apneia do sono.
A Ortopedia Funcional vê o paciente como um todo e relaciona as alterações encontradas na boca com outras questões físicas, como por exemplo alterações na coluna. Muitas vezes o tratamento será multidisciplinar e precisaremos contar com a avaliação do médico otorrino, fonoaudiólogos e fisioterapeutas, a fim de buscar o total equilíbrio, saúde e qualidade de vida.