Bombeiro de Brusque retorna de Petrópolis e comenta atuação no local da tragédia

Cabo de Souza foi enviado para missão junto com Zaara, a cadela do Corpo de Bombeiros de Brusque

Bombeiro de Brusque retorna de Petrópolis e comenta atuação no local da tragédia

Cabo de Souza foi enviado para missão junto com Zaara, a cadela do Corpo de Bombeiros de Brusque

O cabo Carlos Alexandre de Souza e a cadela Zaara, do Corpo de Bombeiros de Brusque, já retornaram da missão em Petrópolis, cidade na região serrana do Rio de Janeiro que foi palco da tragédia que deixou 233 mortos em decorrência das chuvas.

Foram registrados mais de 3 mil deslizamentos e 4 mil ocorrências associadas à tragédia. Pessoas, animais e veículos foram arrastados pelas enxurradas e diversos moradores ficaram desabrigados e desalojados.

Em entrevista ao jornal O Município, cabo de Souza detalhou os trabalhos realizados em Petrópolis, explicou a divisão das funções entre os bombeiros e comentou os desafios de atuar em mais uma ocorrência de grande porte.

Todos os 12 bombeiros com especialidade em busca com cães do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina foram enviados para atuar no local da tragédia. As equipes foram divididas em duas, sendo a segunda – no qual estavam cabo de Souza e Zaara – enviada posteriormente.

“Nos primeiros dias, pensei que não seríamos acionados. Pelos noticiários, dava a entender que os bombeiros do estado do Rio de Janeiro dariam conta do atendimento da ocorrência. Como a situação evoluiu, eles pediram apoio dos bombeiros do Brasil inteiro”, diz.

Cabo de Souza atuou em Petrópolis entre os dias 27 de fevereiro e 6 de março. Atuaram, ao todo, mais de 200 bombeiros e 50 cães do Brasil, todos militares especializados em alguma área de atendimento ou com noções básicas em diversos serviços.

Zaara, do Corpo de Bombeiros de Brusque, em Petrópolis. Foto: Arquivo pessoal

O bombeiro explica que a missão foi dividida em duas etapas. A primeira equipe enviada tinha uma demanda de trabalho mais complexa, com maior número de pessoas desaparecidas e dificuldade para dimensionar o tamanho da tragédia.

A missão principal da equipe de cabo de Souza era fazer varredura das áreas para ter certeza de que não ficaram vítimas soterradas para trás em determinadas regiões. De início, havia duas pessoas desaparecidas, um homem e uma mulher, que foram localizados com ajuda dos cães.

Na prática, os bombeiros passavam com os cães em áreas que poderiam ter vítimas. Caso não identificassem a presença de corpos, os militares faziam a varredura do local.

“Trabalhamos em pontos em que houve deslizamentos e que existia possibilidade de ter alguém soterrado. Eram locais bem definidos, não na cidade inteira. O local de maior complexidade foi o morro da Oficina”, afirma Souza.

*Texto continua após o vídeo.

Os bombeiros acordavam por volta de 5h e se deslocavam para início dos trabalhos nos pontos da tragédia. Eram cerca de três horas de atuação e uma de descanso, dividindo os períodos, visando resguardar as condições físicas dos cães.

Em cada turma enviada, além dos seis bombeiros e dos seis cães, tinha um oficial do Corpo de Bombeiros que conduzia os trabalhos. Uma das áreas em que cabo de Souza atuou, também, foi no rio que divide a cidade, local em que um ônibus foi arrastado.

Atuação em tragédias

Não é a primeira vez que cabo de Souza é enviado para operações de grande porte e complexidade. Em 2019, ele e Zaara atuaram por três semanas em Brumadinho, cidade mineira em que houve rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão. Na ocasião, mais de 250 pessoas morreram na tragédia.

O bombeiro já atuou também na enxurrada que deixou 18 mortos em Presidente Getúlio, no Alto Vale, em 2019; e quando a região de Brusque foi atingida por um ciclone extratropical, em 2020.

Em Brumadinho, os trabalhos de busca por vítimas ocorreram em duas partes. A primeira durou uma semana e eles ficaram 15 dias atuando na segunda operação.

Souza e Zaara em Brumadinho, em 2019. Foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação

Questionado sobre qual ocorrência de grande porte foi mais complexa, cabo de Souza afirma que ambas foram de grande dificuldade, mas pontuou características específicas de cada uma delas.

“Na questão do trabalho, a tragédia de Brumadinho foi a de maior complexidade de serviço de busca e resgate com cães. Na questão de dano populacional, com certeza foi a de Petrópolis, pelo número de vítimas e por danos materiais, além de histórias perdidas. Em questão humanitária, a tragédia de Petrópolis foi chocante”, avalia.

Trabalhos encerrados

A missão em Petrópolis pelos bombeiros catarinenses foi finalizada e todas as áreas de deslizamento foram varridas, pois não havia mais ninguém a ser localizado na região em que atuaram Souza e Zaara. Segundo ele, a cidade já passou pela fase dos trabalhos emergenciais.

“Dava para ver o maquinário limpando as vias, retirando o lixo e barro das áreas que houve deslizamentos. Já estava saindo da fase de atendimento emergencial, do resgate, para fase de recuperação e restauração dos serviços essenciais”, conta.

Como a situação já é considerada controlada, o restante dos serviços na cidade devem ficar a cargo do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro. Sendo assim, não há qualquer previsão de retorno dos bombeiros de Santa Catarina para o local da tragédia.


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