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Bombeiros comunitários de Brusque trocam fins de semana de descanso pelo trabalho voluntário

Diferente da maioria, Bruna Gonçalves, de 23 anos, e André Martins, de 42, usam o tempo livre em prol do próximo

Fim de semana, para grande parte da população, é sinônimo de descanso e de lazer. Depois da jornada desempenhada ao longo de cinco dias, os trabalhadores têm, geralmente, 48 horas livres para si mesmos. Diferente da maioria, Bruna Gonçalves, de 23 anos, e André Martins, de 42, usam o tempo livre em prol do próximo. Eles integram o efetivo de bombeiros comunitários do Corpo de Bombeiros de Brusque e auxiliam nos atendimentos relacionados desde a acidentes de trânsito até a incêndios.

Ambos dedicam pelo menos 24 horas por mês à corporação. Atualmente, além deles, cerca de 25 pessoas prestam o serviço voluntário na região. Para tornar-se bombeiro comunitário é necessário passar por um curso básico, de 40 horas/aula, e um curso avançado, de 332 horas/aula.

Bruna prestou o curso em 2014 em Itajaí e iniciou o voluntariado em Brusque em 2015. Técnica em segurança do trabalho e estudante de engenharia de produção, ela costuma prestar o serviço voluntário na corporação, a cada 15 dias, das 22h de sexta-feira às 18h de sábado.

“Eu já havia feito alguns cursos de primeiros socorros de forma particular, e como alguns amigos haviam feito esse curso dos bombeiros comunitários, eu quis fazer também. Admiro a profissão, a forma que os bombeiros ajudam. Foi por isso que comecei, por querer ajudar e fazer parte de alguma coisa que ajudasse o próximo”, afirma Bruna.

Segundo ela, são atendidas média de seis ocorrências por sábado. Em dias atípicos, já chegou a atender 11 ocorrências. Ela explica que, quando os comunitários atuam na ambulância, eles desempenham papel semelhante a um terceiro socorrista, auxiliando os bombeiros militares. Ainda assim, Bruna garante que os voluntários podem realizar as mesmas funções dos militares.

“No fim do expediente, eu tenho a sensação de dever cumprido. Por mais que seja cansativo já que a gente vai para vários lugares, como Botuverá, eu tenho a sensação de que fiz o que me propus, que era ajudar”, diz. Embora pretenda seguir a carreira de engenharia de segurança no trabalho, ela não descarta definitivamente tentar a carreira militar nos bombeiros. Por enquanto, a única certeza, afirma ela, é seguir como bombeiro comunitário.

Sem preço

Na mesma linha de Bruna, o empresário André Martins também começou a prestar o serviço voluntário no batalhão de Brusque. Ele realizou o curso em 2011 e em 2012 e logo ingressou no efetivo dos comunitários. “Eu decidi pelo fato do voluntariado mesmo, pela questão de poder ajudar o próximo. Foi uma forma que eu vi de poder colaborar com a comunidade. É gratificante poder ajudar, isso não tem preço”, diz.

Martins faz média de 12 horas por semana de trabalho voluntário no batalhão. Geralmente, nas sextas-feiras, nos sábados e nos domingos.

Voluntariado virou trabalho

Aos 58 anos, o bombeiro comunitário Júlio César Souza é um dos integrantes mais antigos do trabalho voluntário na corporação. Ele participou do primeiro curso realizado em Brusque, em 1997. Antes de ingressar no serviço, ele já realizava trabalhos voluntários na igreja.

Ao longo dos quase 20 anos dedicados aos bombeiros, Souza já atuou em ocorrências categorizadas, por ele, como “chocantes”. Um exemplo, conta ele, foi a chamada para atendimento de um atropelamento de uma criança de cinco anos na rodovia Ivo Silveira.

“A criança escapou da mão da mãe e acabou sendo atropelada. A gente acaba sentindo isso, principalmente quando é com crianças. Com o tempo se acostuma, mas ainda há situações que marcam”, diz.

Em 2008, Souza foi recompensado pelo serviço voluntário. Ele foi contratado como Agente da Defesa Civil (ADC). O voluntariado, no entanto, não ficou de lado porque, para manter o cargo de ADC, é necessário continuar prestando o voluntariado.

O mesmo ocorreu com Leila Prin, de 36 anos. Quando ingressou no voluntariado, em 2006, ela não tinha pretensão de se tornar ADC. A prefeitura de Brusque iniciou algumas contratações para a Defesa Civil apenas em 2008, ano em que Leila foi contratada.

“Eu fiz o curso de bombeiro para ver como que era, entender um pouco mais sobre o trabalho, e acabei gostando. Dependendo da situação, a gente acaba tendo um serviço bem próximo com a vítima. O trabalho acaba sendo apaixonante”, conta.