Brasil tem primeira morte por sarampo após 20 anos
Criança faleceu no início de janeiro em Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro
A primeira morte por sarampo confirmada no Rio de Janeiro, em 20 anos, ocorreu em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, região que registra o maior número de casos no estado. A vítima foi o bebê de oito meses David Gabriel dos Santos, que vivia no abrigo Santa Bárbara, local que recebe crianças acauteladas em situação de vulnerabilidade social.
Segundo a Secretaria de Estado da Saúde (SES), ele deu entrada no Hospital Geral de Nova Iguaçu no dia 22 de dezembro, com quadro de pneumonia, e faleceu no dia 6 de janeiro. A confirmação da doença foi feita em duas análises de amostras do sangue de David e divulgada na noite nesta sexta-feira, 14, pela SES.
De acordo com o secretário, Edmar Santos, este foi o primeiro óbito por sarampo no estado desde o ano 2000 e também a primeira morte do ano no Brasil: “Isso traz para a gente uma situação de bastante perplexidade, uma vez que é uma doença que tem como ser evitada. Basta que haja a vacinação, que está disponível em todos os postos. Há 20 anos a gente não tinha uma morte por sarampo no estado do Rio de Janeiro.”
A subsecretária de Vigilância em Saúde, Claudia Maria Braga de Melo, explicou que o bebê não foi vacinado: “À época, quando foi feita a vacinação de rotina nesse abrigo, a criança tinha menos de 6 meses. Por isso ela não foi vacinada. Teve mais duas crianças e uma cuidadora que pegaram sarampo, mas já estão curadas.”
A secretaria está atuando no local e fará a vacinação de quem eventualmente não tenha sido imunizado.
Importância da vacinação
Edmar Santos fez um apelo para que toda a população compareça aos postos de vacinação para se imunizar contra a doença.
“A população de menor idade é justamente a mais vulnerável às complicações graves por sarampo e ao risco de vir a falecer pelo sarampo. Se todos forem se vacinar, a gente consegue criar uma rede de proteção para minimizar a circulação do vírus e proteger inclusive aqueles que eventualmente não podem se vacinar por alguma contra indicação.”
Ele também fez um apelo os pais e responsáveis para que não caiam na “armadilha das fake news sobre os riscos da vacina”. Segundo ele, se a população não for imunizada, o estado pode registrar 10 mil casos da doença este ano.
“O sarampo estava banido do estado. Em 2016 e 2017 não tivemos casos de sarampo. Éramos um país, um estado livre do sarampo. E o crescimento que a gente vem observando de 2018 até o início de 2020, já tivemos 189 casos só nos primeiros dois meses de 2020, mostra uma curva de subida que aponta que podemos ter no Rio de Janeiro este ano mais de 10 mil casos e, infelizmente, com outros óbitos que podem vir com esses 10 mil casos, a exemplo do que aconteceu com São Paulo.”
Em 2018 o Rio de Janeiro registrou 20 casos de sarampo e em 2019 foram 333. A campanha de vacinação contra o sarampo no estado começou no dia 13 de janeiro e vai até 13 de março, mas o secretário destaca que as doses estão disponíveis sempre nos postos.
A meta é imunizar 3 milhões de pessoas, mas até o momento apenas 200 mil tomaram a vacina. Neste sábado, 15, os postos estarão abertos para acompanhar o Dia D da Campanha Nacional do Ministério da Saúde.
Público-alvo
Devem procurar os postos de vacinação todas as pessoas entre 6 meses e 59 anos que não tiverem sido imunizadas ou não tenham tido sarampo anteriormente. Para maiores de 29 anos, é necessária apenas uma dose.
Crianças e jovens até 29 anos devem tomar duas doses. Caso a caderneta de vacinação da criança ou do adolescente não tenha o registro de duas vacinas para sarampo, ou tríplice viral, a pessoa deve procurar o posto.
Não devem tomar a vacina quem estiver com suspeita de sarampo, tiver alguma doença que comprometa o sistema imunológico, gestantes e crianças com menos de seis meses.
Quem tiver alergia a proteínas do leite de vaca deve informar o profissional de saúde para receber uma dose feita sem esse componente.