Bruno Fischer cultiva legumes e verduras na mesma área do Holstein há 78 anos
Bruno Fischer tinha sete anos quando saía de casa a pé para ajudar seu pai na lavoura, localizada no bairro Holstein (atualmente em território guabirubense), onde cultivava parte de seu alimento e de onde obtinha parte de sua renda. Hoje, aos 85, ele ainda sai todo dia de casa com seu charmoso Ford Belina por […]
Bruno Fischer tinha sete anos quando saía de casa a pé para ajudar seu pai na lavoura, localizada no bairro Holstein (atualmente em território guabirubense), onde cultivava parte de seu alimento e de onde obtinha parte de sua renda. Hoje, aos 85, ele ainda sai todo dia de casa com seu charmoso Ford Belina por cerca de 3 km, até chegar à propriedade de cerca de quase meio hectare, no mesmo local em que passou a maior parte da vida plantando e colhendo frutos do seu trabalho.
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Ele nasceu na casa dos pais, uma residência localizada na rua São Pedro. Anos depois, pouco após ter se casado, construiu a sua própria casa, no mesmo terreno, alguns metros mais próxima da estrada. O trajeto muitas vezes era feito a pé. No entanto, a agricultura não é sua principal fonte de renda. Durante boa parte de sua vida, Bruno trabalhou na antiga Iresa, assim como vários de seus irmãos. Hoje, as plantações acabam completando seu orçamento pós-aposentadoria.
É necessário virar algumas vezes em estreitas ruas de chão batido por dentro do bairro até encontrar o local, cercado por algumas residências, por outros lotes de cultivo e por uma vasta vegetação nativa. Dois pequenos ranchos, um deles recém-construído, abrigam os equipamentos necessários para a manutenção das plantações. Diariamente, um colega de Bruno também o ajuda operando maquinário, tornando os trabalhos mais fáceis.
Nem uma forte gripe o impede de cuidar de seu patrimônio diariamente. Logo que a reportagem do jornal O Município e Bruno chegam ao local, chega também uma senhora da região, freguesa, pedindo couve-flor e alface. O agricultor faz a colheita, calcula o preço total da compra, de R$ 7, e sugere um fiado, mas a cliente faz questão de pagar na hora.
– Deixa pra outra hora, não precisa – afirma.
– Não, depois fica pra outra hora, outra hora, outra hora, e vem com juros — brinca, aos risos.
Hoje, além do consumo próprio, as frutas e verduras também têm a finalidade de serem vendidas, a preços quase simbólicos, para vizinhos e amigos da região. Banana, repolho, couve-flor, laranja lima, cenoura, alface, berinjela, cebola, mandioca, cana-de-açúcar e milho são apenas algumas das diversas plantações em seu terreno, que não utilizam agrotóxicos. A maior parte da terra é aproveitada. Só de cebola são pelo menos 5 mil pés.
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Uma das principais novidades que Bruno tenta cultivar é uma couve-flor importada, chinesa, de semente cara, vinda de Minas Gerais. “Comprei para ver se vai fazer diferença, vamos ver se vai dar coisa boa”, comenta. A couve-flor tradicional, pelo menos, tem rendido bastante. Uma das peças colhidas durante a manhã pesava quase 3 kg.
Com quase 80 anos cultivando alimento e obtendo renda da mesma terra, Bruno jamais se veria longe de seu lugar, mas não vê as próximas gerações tão próximas da terra. “Hoje o jovem vai estudar e muito dificilmente vai ter uma terra para plantar. A não ser se fizer uma hortinha perto de casa.”
O futuro a longo prazo das terras tradicionais da família Fischer é incerto, mas Bruno tem tranquilidade e confiança nas decisões de seus herdeiros. “As terras já foram divididas depois de meu pai. Tenho quatro filhos, e cada um vai ganhar uma parte. Aí eles se viram, dividem, vendem, eles que sabem, né”, conta, aos risos.