Bruscão vence Juventus, mas é rebaixado com derrota do Marcílio Dias em Itajaí
Vitória por 3 a 2 sobre o Juventus não foi suficiente para salvar a equipe da segundona
O Bruscão vai disputar novamente a segunda divisão do Campeonato Catarinense em 2015. No jogo que poderia assegurar sua permanência na elite do Estadual, a equipe fez a sua parte, venceu o Juventus por 3 a 2, mas acabou rebaixada da mesma forma junto com o próprio adversário.
A vitória do Atlético de Ibirama por 1 a 0 sobre o Marcílio Dias, em um jogo tumultuado e com dois atletas do Marinheiro expulsos em Itajaí, sepultou a esperança de salvação da equipe brusquense. Eram cerca de 30 minutos do segundo tempo quando o Augusto Bauer ficou completamente calado. Era o sinal de que o pior havia acontecido em Itajaí.
A essa altura o Brusque já vencia por 3 a 2, mas a única vitória da equipe nos últimos 30 dias não foi o suficiente. A boa atuação de Eydison que, além de dar uma bela assistência para Ricardo Lobo abrir o placar, voltou a balançar as redes depois de 65 dias, também passou em branco.
O jogador, estrela da equipe na Divisão Especial, foi um dos mais crucificados logo após o rebaixamento se confirmar. Hostilizado, mal conseguiu conversar com a imprensa após a partida. “Meu sentimento é de decepção. Eu, que particularmente fui uma das promessas do time, infelizmente não correspondi a altura. Não por força de vontade ou raça, mas faltou fazer os gols. Por isso a decepção”, comentou.
O técnico Lio Evaristo também não foi poupado. A opção por Leandrinho, que ao marcar o segundo gol foi tirar satisfação com os torcedores, não foi bem aceita pela torcida. “A gente entende o torcedor, que com certeza está muito triste neste momento, mas nós, que estamos no comando, temos que tomar algumas decisões. A gente teve oito jogos para ganharmos um e não ganhamos. Não foi hoje que o Brusque caiu”, diz.
Serginho, um dos jogadores mais identificados com o clube, também lamentou o fato de a equipe chegar na última rodada dependendo de resultados paralelos. “Deixamos a desejar. Sabemos que tem alguma coisa (em Itajaí), mas a maior parcela de culpa é nossa. Temos que assumir essa responsabilidade”.
O jogo
Em jogo que vale rebaixamento não se espera muita técnica e qualidade dos times, mas sim um duelo nervoso e de muita vontade. Foi isso que Brusque e Juventus apresentaram no Augusto Bauer. Os visitantes iniciaram o jogo melhor, mas quem saiu em vantagem foi o Brusque. Em contra-ataque rápido na esquerda, Eydison evitou a saída da bola e esperou Ricardo Lobo se apresentar na área para abrir o placar aos 9 minutos.
O Juventus chegou a igualdade cerca de dez minutos depois. O empate veio após uma bola aérea na área. A jogada seria o principal tormento do Brusque durante a partida. Antes de Édipo raspar de cabeça e Jabá dominar livre e mandar para as redes, o time de Jaraguá do Sul já havia perdido duas grandes chances com a mesma jogada.
A virada quase veio na sequência, mas Édipo preferiu a assistência para Jabá ao invés da finalização. Com muitos erros de passe, as equipes criaram pouco na sequência da partida. O Brusque só voltou a incomodar o goleiro Maurício em cobrança de falta aos 37 minutos. Falta de Serginho para fora. Aos 42, o mesmo Serginho ajudou a recolocar o time em vantagem.
Gol e vaia
Em passe primoroso para Leandrinho, uma das novidades do time, o camisa 17 apareceu nas costas da zaga e bateu de chapa para fazer o seu primeiro gol com a camisa do clube. Na sequência, o jogador esbravejou e provocou a torcida, que pegou no seu pé desde a sua chegada alegando falta de comprometimento.
Foi o estopim para os gritos de ‘baladeiro’ e para que algumas vaias fossem desferidas ao atleta. O clima só não piorou porque Édipo, um minuto depois, perdeu um gol incrível após chute cruzado de Jabá. Desta forma, o Brusque foi para o intervalo com o resultado parcial favorável, enquanto o Marcílio Dias empatava em casa com o Ibirama em jogo paralelo.
Eydison desencanta
Os resultados garantiam a equipe na primeira divisão. A manutenção na elite ficou ainda mais próxima aos 4 minutos da etapa final. Quando Eydison desencantou, parecia que tudo daria certo para o Bruscão. O atacante girou em cima da marcação e bateu da entrada da área para fazer um golaço, no ângulo de Maurício.
O gol desmoronou o Juventus ainda no início da segunda etapa e ficou à feição para o Brusque que tinha o contra-ataque. Mas as bolas aéreas voltaram a aparecer como arma adversária. Aos 18 minutos, Wanderson chegou a salvar o gol de Sandro Muller, mas não pode evitar que Lucas Staudt diminuísse em lance semelhante dois minutos depois.
O tento deixou apreensiva a torcida brusquense. Eydison em jogada individual, e Willian Kiko, que entrou no lugar de Ricardo Lobo, com cãibras, ainda perderam boas chances de ampliar. Mazinho também já estava em campo no lugar de Leandrinho, com dores.
A queda
A essa altura, os poucos torcedores que compareceram ao estádio estavam confiantes, mas um silêncio tomou conta das arquibancadas próximo aos 30 minutos. Era o sinal de que algo havia acontecido em Itajaí. O pênalti convertido por Adriano calou o Augusto Bauer .
A apreensão passou à decepção em poucos minutos em Brusque. Em Itajaí dois atletas do Marinheiro foram expulsos e uma confusão se formou pouco depois quando o jogo foi paralisado por falta de ambulância. Inconformados com a arbitragem e o resultado parcial da partida, alguns torcedores do Marinheiro chegaram a agredir o presidente da FCF, Delfim de Pádua Peixoto Filho. Ele deixava o estádio com seu carro, que ainda foi apedrejado na saída do local.
Enquanto o Juventus ainda lutava pelo empate, o Bruscão, que ia sendo rebaixado junto com o próprio adversário, se segurava como podia. Nos cinco minutos finais da partida, a agonia ainda aumentou com uma lesão de Wanderson no tornozelo. Gilton foi para o gol, e o Juventus foi com tudo para cima buscar um empate que em nada mudaria a situação dos clubes.
O jogo em Brusque foi a seis minutos de acréscimos, o Brusque levava sufoco, mas os torcedores já se mostravam indiferentes ao que acontecia dentro de campo. A partida em Itajaí ainda estava paralisada, mas o rebaixamento já estava decretado antes mesmo de a bola voltar a rolar no Doutor Hercílio Luz.