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Brusque 164 anos: os médicos também morrem

No final 1863, Otto Linger, primeiro médico diplomado, alemão como queria o diretor, enfim, chegava à Colônia Brusque. Antes de completar um ano, licenciou-se para não mais voltar. Outros médicos também não esquentaram a cadeira do rústico consultório. Dos que aqui trabalharam por mais tempo, dois deles faleceram por doenças que ceifavam a vida de […]

No final 1863, Otto Linger, primeiro médico diplomado, alemão como queria o diretor, enfim, chegava à Colônia Brusque. Antes de completar um ano, licenciou-se para não mais voltar. Outros médicos também não esquentaram a cadeira do rústico consultório.

Dos que aqui trabalharam por mais tempo, dois deles faleceram por doenças que ceifavam a vida de boa parte da população daquela época e não respeitavam nem a vida dos médicos.

O primeiro a perder a sua vida foi Júlio Parigot, contratado “para prestar serviços de sua profissão, nas Colônias Itajahy e Príncipe Dom Pedro”. Aqui chegou em 29 de maio de 1876. Nenhuma informação ficou registrada sobre a sua vida e o seu trabalho. Salvo que veio do Rio de Janeiro para trabalhar numa comunidade colonial tão diferente daquela em que vivia na capital do Império.

Parigot chegara decidido a permanecer na Colônia. E assim o fez enquanto a saúde lhe permitiu. Por ironia do destino, combateu a doença dos seus pacientes, mas ela não lhe perdoou. Ceifou-lhe a vida sem respeitar diplomas. No dia 30 de setembro de 1877, faleceu de “hipertrofia aguda do coração”, conforme informou o diretor em ofício encaminhado ao presidente da Província. Havia permanecido na Colônia pouco mais de um ano.

No ano seguinte, a Colônia enfrentava uma grave crise sanitária. Não há informação segura se era epidemia de varíola, “câmara de sangue ou febre amarela”, quando aqui chegou o médico Francisco Martins Mendes. Profissional competente, enfrentou o surto doentio com extrema dedicação para logo ganhar a confiança dos colonos. Tinha chegado para aqui permenecer e trabalhou por mais de três anos prestando a melhor assistência médica possível.

Além disso, realizou um importante trabalho de assistência médica e social aos colonos atingidos pela grande enchente do Itajaí-Mirim, ocorrida em setembro de 1880, uma das maiores já registradas. Seu trabalho de socorro médico e humanitário a uma população assustada diante do furor das águas, mereceu a maior estima e admiração da comunidade brusquense. Em reconhecimento à sua relevante ação de solidariedade, o governo provincial concedeu-lhe, em maio de 1881, o título de Cavaleiro da Ordem da Rosa.

Merecidamente condecorado, continuou o seu trabalho de assistência médica. Infelizmente, veio a falecer em 15 de novembro de.1881, quando ainda exercia o seu mister e a Colônia já havia sido emancipada. A informação consta do ofício encaminhado ao presidente da Província, no qual o diretor dizia do seu “maior pesar” ao comunicar o falecimento do médico Dr. Francisco Martins Mendes, “vítima de um tifo cerebral, complicado com uma tuberculose pulmonar”.

Com certeza, sua morte foi profundamente sentida pelos colonos brusquenses. Afinal, por três anos, eles haviam contado com a competência e a abnegação de Francisco Mendes para enfrentar as doenças e epidemias tão comuns naquela época.

Entristecidos, viram que os médicos também morrem.