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Brusque 164 anos: viagem dos colonos do Desterro para Itajaí

Depois da longa e sofrida travessia oceânica, os imigrantes alemães destinados a colonizar as terras do Itajaí-Mirim chegaram ao Desterro, capital da Província de Santa Catarina. Alguns dias foram necessários para o descanso daquela gente em busca da terra prometida. Então, no dia 24 de julho de 1860, embarcaram na canhoneira Belmonte da marinha de […]

Depois da longa e sofrida travessia oceânica, os imigrantes alemães destinados a colonizar as terras do Itajaí-Mirim chegaram ao Desterro, capital da Província de Santa Catarina. Alguns dias foram necessários para o descanso daquela gente em busca da terra prometida. Então, no dia 24 de julho de 1860, embarcaram na canhoneira Belmonte da marinha de guerra com destino ao porto de Itajaí, de onde viajariam rio acima para fundar a Colônia Brusque.

Tamanha era a importância do projeto colonial para o progresso da província, que o seu presidente Carlos de Araújo Brusque fez questão de viajar no mesmo barco. Queria demonstrar o interesse e o forte compromisso governamental com a implantação da nova Colônia agrícola. O Capitão do Porto, o diretor Maximiliano von Schnéeburg e outras “pessoas graúdas”, como escreveu um jornalista a bordo, também acompanhavam o grupo de imigrantes.

As autoridades catarinenses acreditavam que a colonização das terras contribuiria para a prosperidade econômica da região do Vale do Itajaí-Mirim. Assim, a histórica viagem foi objeto de extensa reportagem do jornal O Progressista e repórter carregou nas tintas do entusiasmo à causa colonial para escrever que, “no alvorecer do dia 24 de julho, sob o céu poético de Santa Catarina, o mar se movia fortemente soprado por uma viração fresca do sul”.

Do cais partiram escaleres levando os imigrantes para bordo da Belmonte, “que se movia elegante e vaidosa como uma francesa”. Da sua chaminé “desprendiam-se densas espirais de fumo, que levadas pelo vento desenhavam extravagantes figuras nos ares”. Continua o empolgado jornalista para dizer, romanticamente, que pouco tempo depois “já se via a linda esteira espumosa atrás do navio, enquanto o sol risonho da América do Sul dardejava quentes raios sobre a linda Ilha de Santa Catarina”.

No final da tarde, a Belmonte cruzou a barra assoreada por bancos de areia do porto de Itajaí e navegou rio acima, passando em frente à cidade, até a foz onde o nosso Itajaí-Mirim termina a sua missão de afluente para lançar as suas águas no leito do rio maior, o Itajaí-Açu. No local, desembarcaram os colonos “muito satisfeitos pelo bom agasalho” que lhes foi dispensado pelo Presidente da Província.

Segundo palavras do jornalista, todos sentiam-se felizes também pela “bondade com que o comandante do vapor e seus oficiais lhes tratavam”, chamando-os de “seus filhinhos”. Tamanho era o contentamento que, durante a viagem, “não se cansavam de dar graças a Deus por terem vindo para o Brasil”.

O jornal pode ter exagerado nas tintas do entusiasmo. Mas, com certeza não mentiu sobre o ânimo de satisfação e de esperança dos imigrantes pioneiros que, no dia 4 de agosto, fundariam a Colônia Brusque. Então, chegaria o momento da dura realidade diante da floresta virgem. Machados, foices, pás enxadas nas mãos, trabalhar arduamente era preciso para a derrubada da mata, o preparo e semeadura da terra e a colheita para a sobrevivência na nova pátria.