Brusque avança na implantação de marca-passos
Procedimento cirúrgico iniciou neste ano no Hospital Evangélico; semana passada a terceira cirurgia foi realizada
Procedimento cirúrgico iniciou neste ano no Hospital Evangélico; semana passada a terceira cirurgia foi realizada
Com o início do serviço de hemodinâmica – setor onde é realizado o cateterismo, procedimento que tem como objetivo diagnosticar ou tratar inúmeras patologias cardíacas – no Hospital e Maternidade Evangélico de Brusque, abriu-se a possibilidade de fazer pequenas cirurgias nos pacientes cardíacos, como a implantação de marca-passo.
“Desde 2014 estamos com a hemodinâmica e, com isso, os pacientes começaram a procurar mais o hospital, começamos a identificar os pacientes cardíacos”, diz a cardiologista do hospital, Flávia Gomes Galdeano.
Na semana passada, aconteceu a terceira cirurgia de implantação de marca-passo no hospital. Quem recebeu o aparelho foi Maria de Lourdes Dominoni, 82 anos, que procurou a unidade hospitalar reclamando de cansaço e falta de ar, sintomas que muitas vezes são ignorados e considerados normais para a idade. “A paciente chegou no hospital com queixas de cansaço, ela é uma paciente bem ativa e, de repente, parou de conseguir fazer as coisas de seu dia a dia. Fizemos exames de rotina no pronto-socorro e, quando foi feito o eletro, identificamos uma arritmia que faz a frequência cardíaca ficar muito baixa. Internei a paciente, foi feito vários outros exames, e a arritmia que fazia o coração dela bater mais lento, novamente foi identificada. Então indiquei o marca-passo para resolver o problema”, afirma a médica.
De acordo com ela, o problema de dona Maria aconteceu devido ao envelhecimento do sistema de condução do coração. “Isso é muito comum e, às vezes, os sintomas passam despercebidos, as pessoas acham que só porque é idoso tem que viver cansado, e não é isso. Tirando as exceções, a faixa etária em que mais se implanta marca-passo é entre 70 e 80 anos”, diz.
A decisão da implantação do aparelho na idosa foi de comum acordo entre a cardiologista e o cirurgião responsável. “Assim que percebi as alterações no batimento dela, chamei o Sandro, que é o cirurgião, para avaliar e ele também concordou com a necessidade da cirurgia”.
De acordo com o cirurgião cardiovascular, Sandro Valério Fadel, esta cirurgia é menos complexa que as demais cirurgias cardíacas. “É claro que quando se trata de procedimento cardiovascular, quando se mexe com o coração, pode-se levar à arritmia ou até parada cardíaca, mas é um procedimento que normalmente tem um risco relativamente baixo, vale a pena ser feito”, diz.
A cirurgia de dona Maria durou uma hora e foi realizada com a paciente sedada. “Nos serviços convencionais, inclusive no SUS, a cirurgia é feita com a anestesia local, porque é importante o paciente estar consciente, dizer como está se sentindo. Aqui no hospital nós colocamos um diferencial, a cirurgia é feita sob sedação do paciente, ele fica acordado, mas um pouco mais relaxado. O anestesista fica junto”.
O marca-passo implantado na paciente é definitivo. “Na paciente usamos dois cabos, que tem a sensibilidade para sentir o sistema elétrico do coração e, se necessário, estimular quando o coração bate mais lento. O marca-passo tem um microprocessador e interpreta que o coração, naquele momento, já deveria ter batido, e estimula. Da mesma forma se o coração estiver com um batimento normal, o aparelho sente e se inibe para que seja mantido o batimento normal do coração. Quando necessário, ele entra e sai para manter o ritmo constante”, explica.
Dona Maria teve alta no dia seguinte à operação e, agora, poderá ter uma vida normal. Nos 30 primeiros dias, o cirurgião recomenda não fazer esforço físico. Já a cardiologista alerta para algumas restrições que a paciente terá por conta do aparelho. “A restrição maior é com objetos magnéticos, por exemplo, falar ao celular sempre do lado oposto de onde foi implantado o marca-passo. Também não poderá mais fazer o exame de ressonância magnética e, ainda evitar portas magnéticas”.
O tempo de vida do aparelho é, em média, de dez anos. “O tempo de vida do gerador vai depender do quanto o paciente usa, quanto mais ele usar, menos ele dura. A partir de sete anos de uso do marca-passo é feita uma avaliação com mais frequência do gerador e, quando vemos que a bateria está baixa, realizamos a troca”.
Hospital Azambuja
No Hospital Azambuja é realizada apenas a implantação de marca-passo temporário. “Aqui o procedimento é realizado quando o paciente precisa da UTI, é temporário. Mas é muito difícil isso acontecer”, explica o diretor-administrativo, Fabiano Amorim.