Brusque: Berço da Grande Imigração Italiana em Santa Catarina
O dia 4 de junho de 2025 marca os 150 anos do início da grande imigração italiana no nosso estado. E a primeira Colônia que recebeu estes imigrantes foi Brusque, por isso lhe cabe o título de “Berço da Grande Imigração Trentina e Italiana em Santa Catarina”, ou simplesmente “Berço da Grande Imigração Italiana em […]
O dia 4 de junho de 2025 marca os 150 anos do início da grande imigração italiana no nosso estado. E a primeira Colônia que recebeu estes imigrantes foi Brusque, por isso lhe cabe o título de “Berço da Grande Imigração Trentina e Italiana em Santa Catarina”, ou simplesmente “Berço da Grande Imigração Italiana em Santa Catarina”.
Em 1875, o território de Brusque já era a soma das terras das colônias Príncipe Dom Pedro e Colônia Itajahy, que foram unificadas em 1869, e juntas passaram a ter como limites Lages, Tijucas, Itajaí e Blumenau. Anos depois, deste território originaram-se os municípios de Nova Trento, Vidal Ramos, Presidente Nereu, Botuverá e Guabiruba, parte passou a constituir as áreas do Sul de Gaspar e, a partir do ano de 1962, restou apenas um pequeno território que forma a Brusque que conhecemos hoje.
Até o início da grande imigração de fala italiana, em 1875, a região de Brusque havia sido colonizada essencialmente por imigrantes de fala alemã e polonesa. No ano de 1874, a população total de Brusque era de 3.500 habitantes, sendo 2.417 de fala alemã, e os demais eram brasileiros ou de outras nacionalidades. Não havia registro de italianos ou trentinos por aqui. Tudo isso tudo mudou a partir de 1875 quando, a partir da vigência do Contrato Caetano Pinto, os imigrantes de fala italiana passaram a chegar aos milhares e, em 1876, a população já somava 8.110, sendo que destes 2.214 eram austríacos-tiroleses, e 2.098 eram italianos. Os últimos dados estatísticos gerais daquela década são de novembro de 1877, apontando que a população total de Brusque era de 11.089 habitantes, sem mencionar as etnias. Não existem notícias da entrada de muitos imigrantes em 1878.
Após a criação do Município de Brusque, em 1881, diminuiu consideravelmente a entrada de novos imigrantes. Depois de 1885, somente em abril de 1889 é que a história registra um novo movimento significativo de chegada de colonizadores em Brusque, que eram majoritariamente italianos (ou seja, não austríaco-tiroleses de língua italiana), escreveu Ayres Gevaerd (1975). Também é a partir do ano de 1889 que os anais da história registram a chegada de um significativo número de imigrantes poloneses, mão de obra qualificada que muito contribuiu para o desenvolvimento da indústria têxtil na região de Brusque.
Considerando que a grande imigração italiana para Santa Catarina começou em 1875, ou seja, bem antes da Primeira Guerra Mundial, costumo utilizar as expressões “imigrantes austríaco-tiroleses de língua italiana (trentinos) ” para denominar os imigrantes que ingressaram no Brasil com passaporte da Áustria, e “imigrantes italianos”, para designar os imigrantes que ingressaram com passaporte da Itália. E aqui cabe um esclarecimento importante para facilitar a compreensão da diferença entre o imigrante trentino e o italiano, e para isso vamos reavivar um pouco da história que alterou o mapa político da Europa:
O território do Tirol Italiano, lugar de origem dos imigrantes austríaco-tiroleses de língua italiana (trentinos), pertenceu à Áustria até 10/09/1919, quando foi assinado o Tratado de Saint-Germain-en-Laye, um dos documentos que encerrou oficialmente a Primeira Guerra Mundial. Esse mesmo tratado alterou profundamente o mapa político da Europa, pois o antigo Império Austríaco, governado pelos Habsburgo, foi obrigado a ceder a maioria dos territórios que até então pertenciam à coroa, inclusive o território de origem dos imigrantes de língua italiana da Áustria, o qual foi anexado à Itália. E, por essa razão, os descendentes dos trentinos não conseguem obter a cidadania italiana pois, na época em que eles deixaram a Europa, a região onde moravam pertencia a Áustria, e não à Itália.