Brusque e Carlos Renaux entram em conflito por conta de manutenção de estádio e acordo de aluguel
Danilo Rezini reclama de intransigência, enquanto Taico afirma que tricolor já tem feito muito pelo clube locatário
Brusque e Carlos Renaux entram em conflito por conta de manutenção de estádio e acordo de aluguel
Danilo Rezini reclama de intransigência, enquanto Taico afirma que tricolor já tem feito muito pelo clube locatário
- 18/10/2021
- 18:37
As diretorias do Brusque e do Carlos Renaux entraram em conflito com discordâncias sobre manutenção e uso do estádio Augusto Bauer. O estopim foi o áudio que circula em grupos de WhatsApp no qual o presidente quadricolor, Danilo Rezini, afirma que há um problema crônico com a diretoria do Vovô.
Ele reclama que o Renaux faz “pouco caso” do Brusque, e que não há compreensão e reciprocidade por parte do clube-proprietário do estádio quanto ao acordo de aluguel. O presidente do Carlos Renaux, Altair Heck, o Taico, rebate relatando uma série de concessões que fez ao Brusque além do contrato de aluguel, e que o acordo atual não é vantajoso ao Renaux. Afirma ainda que, nas condições atuais, não haveria problema se o quadricolor buscasse outro estádio.
Atualmente, a Havan paga ao Carlos Renaux uma quantia de R$ 24 mil mensais pelo aluguel do Augusto Bauer. O Brusque paga outros R$ 6 mil mensais pela exclusividade como único locatário, totalizando R$ 30 mil. O contrato tem validade até dezembro.
“Mas nós vamos ter que botar a boca no trombone, porque eu não aguento mais. Você tem toda razão, é uma crítica construtiva. E é uma crítica feita por toda a imprensa de Santa Catarina e do Brasil. É dos nossos torcedores. É da nossa própria diretoria. Mas não tem jeito. Eles não dão significado nenhum ao Brusque Futebol Clube. Estamos à mercê desta diretoria do Carlos Renaux”, lamenta Rezini, que dá como certa a busca por um estádio substituto.
“Está realmente muito difícil. Eu estou cansado, eu estou exausto de pedir, de falar, de reivindicar, e de brigar com eles. Mas não tem jeito. Definitivamente temos que procurar outro local, apesar dos grandes investimentos que o Brusque fez no Carlos Renaux, porque eles não dão reciprocidade para nós.”
Placas de publicidade
No áudio, o presidente Danilo Rezini pede para que a imprensa cobre o Carlos Renaux pela manutenção do estádio. Duas questões são centrais nas reivindicações do quadricolor: reparos no gramado do Augusto Bauer e a retirada ou cobertura das placas de publicidade que o Vovô mantém na parte de cima do muro do estádio.
O estado do gramado do Augusto Bauer tem sido alvo de diversas críticas por parte da imprensa nacional e de adversários do Brusque na Série B. O fato de as placas permanecerem nos muros desagrada o clube e a CBF. Ao nível do gramado, ficam placas dos patrocinadores da Série B, que pagam valores elevados para terem suas marcas expostas. No caso, as empresas locais acabam pegando “carona” na exposição, assim como outras duas que mantém outdoors do lado de fora do estádio.
“Dificilmente conseguiremos continuar aí porque não dá. Não dá. Não dá, eles são complicados para negociar. Temos uma situação gravíssima das placas em cima do muro. Já fomos oficialmente cobrados pela CBF duas ou três vezes. Eles não tiram as placas porque dentro do campo é exclusividade [aos patrocinadores do campeonato], nós recebemos da CBF por aquelas placas. Não pode ter lá em cima”, reclama Danilo Rezini no áudio.
“Já oficiamos ao Renaux duas ou três vezes, eles não tomam providência, dizem que não vão retirar e agora o Brusque, nesta semana, foi notificado pela CBF ao Supremo Tribunal de Justiça Desportiva pela não-retirada das placas. E vamos receber, além de algumas sanções, uma multa que não vai ser leve”, completa. O julgamento no STJD está marcado para as 10h desta quarta-feira, 20. A multa varia entre R$ 100 e R$ 100 mil.
O Carlos Renaux tem contratos com patrocinadores para exposição das placas de publicidade com duração de 12 meses. “As placas estão acima do muro, não estão no campo. Se eu jogar 15 centímetros para trás, para fora do muro, o que vão fazer?”, comenta Taico.
O presidente do Vovô afirma que a retirada das placas não está prevista em contrato. “Acho que a gente combinou, que nem está em contrato, tirar as placas para a Copa do Brasil. Acho que uma vez cobrimos em comum acordo, mas aí todos [os anunciantes das placas ficaram] me ligando para cobrar.”
Manutenção do estádio
No áudio, Danilo Rezini reclama que o Carlos Renaux não está cumprindo com suas obrigações de manutenção do estádio. “Eles não fazem, nós pedimos, eles fazem pouco caso, colocam que ‘vocês é que estão precisando, vocês é que fazem, vocês é que arrumem, vocês que botem iluminação… É uma coisa impressionante. Nós estamos cansados. Cansados. Exaustos. De tanto pedir. Já houve muitas briguinhas, discussões a respeito disto. Mas não tem jeito. Infelizmente, eles fazem pouco caso do Brusque Futebol Clube. E isto, infelizmente, lá fora, ninguém sabe.”
Taico relata que os R$ 6 mil mensais pela exclusividade não são pagos com a frequência devida. “Cheques de julho e agosto para serem debitados em novembro e dezembro. Falta pagar agora setembro e outubro. Devem jogar para quando? Janeiro e fevereiro. Quem que consegue trabalhar deste jeito? Eles querem exclusividade, mas querem pagar quando quiserem. Mas beleza, a gente aceita, passa para frente estes cheques. É desta forma que a gente recebe.”
O Carlos Renaux é, de fato, o responsável pela manutenção do gramado, mas a diretoria frisa que não teve nenhum tipo de relação com a escolha dos materiais. Taico afirma que a Prefeitura de Brusque fez a retirada da grama antiga entre 2019 e 2020, num convênio com o tricolor, e que o Brusque FC tratou de escolher os fornecedores e materiais.
“A areia colocada foi errada. Veio areia de morro, mas tinha que ser uma especial. A drenagem não está mais funcionando porque aquele areião compactou e não absorve mais. A grama não está enraizada. Estou colocando a público porque muita gente não sabe, e em virtude do áudio que ele [Danilo Rezini] mandou aí, pedindo para mandar nas redes sociais”, afirma o presidente do Renaux.
A diretoria afirma que tem feito trabalhos de manutenção dentro do que é possível. Taico relata que contratou um serviço de furação para auxiliar a drenagem do campo temporariamente, mas que ainda não foi realizado por conta das chuvas. “Não tem o que fazer além disso. Falavam que o nosso campo estava seco. Veio o pessoal da CBF, e viu que estava 35% mais úmido do que é para ser. Talvez seja a areia compactada.”
Mudanças para o futuro e despesas
As diretorias dos dois clubes têm reunião marcada nesta quarta-feira, 20, para iniciar as negociações de aluguel para 2022. O Carlos Renaux pretende apresentar alguns modelos, inclusive o aluguel por jogo, que é bem visto por parte considerável da diretoria tricolor, sem que o Brusque utilize as dependências do Augusto Bauer.
Entre as possibilidades, estão a grama sintética adequada para competições, e a cobrança por despesas que foram contemplados ao longo da vigência do contrato de aluguel. O Carlos Renaux está insatisfeito em ter obrigações de organização e limpeza de dependências do estádio que o Brusque utiliza diariamente.
Ao todo, são 10 salas, algumas cedidas com previsão de contrato, e outras sem, como nova sala de DM, depósito de rouparia, academia e sala do VAR, e sala da assessoria de imprensa. O Vovô não pediu reajustes de aluguel por estas concessões.