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Brusque é o 21º município com maior incidência de raios em Santa Catarina

Seis casos de incêndio causados pelo fenômeno natural foram registrados na região desde 2015

Brusque é o 21º município de Santa Catarina com mais incidência de raios, de acordo com os dados do Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). São quase seis relâmpagos atingindo um quilômetro quadrado por ano. Quem lidera o ranking é Guaramirim, no Norte catarinense, com quase nove descargas elétricas por km² ao ano.

O Brasil é um dos países mais atingidos por raios no mundo, onde são registrados, em média, 50 milhões de raios por ano. A região Sul é a que mais sente a intensidade dos efeitos do fenômeno climático El Niño, o que aumenta em 30% essas ocorrências, seguida pelas regiões Sudeste e Centro-Oeste (20% a 30%).

O El Niño é caracterizado por um aumento de temperatura nas águas do oceano Pacífico à costa oeste da América do Sul. O fenômeno causa efeitos significativos nas condições meteorológicas, inclusive intensificando as tempestades.

Incêndios
A 3ª Companhia do Corpo de Bombeiros Militar, que abrange Brusque e região, registrou, desde 2015, seis incêndios causados por raios. Três deles ocorreram no bairro Dom Joaquim, em Brusque: dois em tecelagens e um já em 2019, em uma propriedade rural, que destruiu um rancho e matou pelo menos um boi. Este último é o único que não ocorreu em tecelagens ou outros estabelecimentos ligados à indústria têxtil.

Outros incêndios causados por raios ocorreram na localidade da Cristalina, em Brusque, no bairro Aymoré, em Guabiruba, e em Botuverá. Um incêndio que destruiu um caminhão na noite da última sexta-feira, 1º, pode ter sido causado por um raio, mas não entra nas estatísticas.

“[O caso] não foi investigado, mas os vizinhos do local relataram à equipe que viram o fogo no caminhão após uma descarga, mas não podemos afirmar isso”, explica o comandante do Corpo de Bombeiros em Brusque, capitão Jacson de Souza.

Os relâmpagos também causam incêndios em matas, mas de acordo com Souza, não há investigações sobre as causas de incêndios nestas áreas. Ou seja, fica impossibilitado o levantamento de dados na região.

O ranking

21º – Brusque
Densidade de descargas: 5,70 por km²/ano
Ranking densidade nacional: 1209º

23º – Guabiruba
Densidade de descargas: 5,67 por km²/ano
Ranking densidade nacional: 1219º

40º – Botuverá
Densidade de descargas: 5,21 por km²/ano
Ranking densidade nacional: 1418º

Cidades próximas, como Blumenau, têm incidência de raios ainda maior: o município está em 5º lugar no ranking estadual, e Gaspar em 8º.

Rede elétrica
As cidades com maior incidência de raios tendem a registrar mais desligamentos da rede elétrica. O tamanho dos transtornos causados depende da quantidade de Unidades Consumidoras (UCs) atendidas pela rede atingida.

A intensidade da corrente elétrica de um raio é de, em média, 30 mil amperes, e pode afetar a rede de distribuição de energia, pois a descarga chega a percorrer distâncias que chegam a cinco quilômetros. Desde 2016, as Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc) buscam a instalação de Dispositivos de Proteção contra Surtos (DPS), que são capazes de detectar sobretensões na rede de energia elétrica junto à caixa onde está localizado o medidor de energia.

“Não temos registros de problemas graves, mas sim de desligamentos ocasionados por descargas atmosféricas. A empresa também orienta sua instalação dos DPS dentro das edificações, nos quadros de distribuição, e são instalados para-raios na rede de distribuição de energia, minimizando eventuais danos decorrentes das descargas elétricas”, completa o chefe da Divisão Técnica da Agência Regional de Blumenau da Celesc, Valmir Dalbosco.

Os para-raios que absorvem grande parte das descargas elétricas, canalizando-a ao solo. Assim, a mudança na tensão não passa por outros equipamentos ligados à rede de energia elétrica.

Cuidados
O Inpe possui uma cartilha com informações sobre como se proteger de raios e evitar acidentes. Durante uma tempestade:

  • Não pratique atividades de agropecuária ao ar livre; é a circunstância com mais mortes no Brasil.
  • Não fique próximo de veículos em geral e não andar de moto ou bicicleta.
  • Não fique em espaços abertos como praias, descampados, campos de futebol.
  • Não fique embaixo de árvores ou próximo de cercas.
  • Não fique perto de objetos que conduzem eletricidade, como telefone, celular conectado ao carregador e objetos metálicos de grande porte.
  • Não fique em abrigos abertos, como sacadas, varandas e decks.
  • Busque abrigos em veículos fechados, com portas e janelas fechadas, sem se encostar na lataria, até a tempestade passar.