Brusque e região contabilizaram quase 20 mortes devido à leucemia nos últimos anos
Hematologista reforça a importância do diagnóstico precoce para o tratamento da doença
A leucemia é uma doença que afeta os glóbulos brancos na medula óssea, local de produção das células sanguíneas. Segundo informações do Instituto Nacional do Câncer (Inca), a doença causa o acúmulo de células doentes na medula óssea, que, consequentemente, são substituídas pelas células normais.
Na medula óssea ficam as células que produzem os glóbulos brancos, os glóbulos vermelhos e as plaquetas. Conforme as informações do Inca, durante a doença, a célula sanguínea sofre uma mutação genética antes de alcançar a maturidade, se transformando em uma célula cancerosa. Além de não funcionar da forma correta, essa célula se multiplica mais rápido e, com isso, as células normais vão perdendo espaço para a cancerosa.
De acordo com o médico hematologista Fabio Benedetti, a doença não tem sintomas específicos, mas sim com as alterações que ela gera no organismo. Segundo ele, é comum os pacientes com leucemia apresentarem anemia.
“Quando apresenta anemia a pessoa terá fraqueza, cansaço e indisposição. Também é comum ela apresentar redução de plaquetas, que vai gerar risco aumentado de sangramento, como na gengiva ou roxos pelo corpo, por exemplo”, elenca o profissional.
Ele também comenta que os pacientes podem apresentar alteração na imunidade e, por conta disso, um risco maior de infecções. “Alguns outros sintomas podem estar presentes também, mas eles não são específicos da leucemia, eles podem estar presentes em outras doenças e são chamados de sintomas B que são: perda de peso – sem causa aparente, sudorese noturna e febre – sem infecção aparente”, explica.
Dados em Brusque
Os dados coletados no sistema Datasus do Ministério da Saúde mostram as informações dos pacientes internados devido à leucemia e são divididos entre os hospitais de Brusque – que englobam os moradores do município e da região, além dos dados de outros hospitais que tiveram brusquenses internados em decorrência da doença.
A consulta foi realizada no dia 10 de abril. Os números de 2023 que estão disponíveis no sistema contemplam apenas os meses de janeiro e fevereiro. Os hospitais de Brusque registraram 26 internações de pessoas com leucemia entre 2017 e os dois primeiros meses de 2023. No entanto, os dados também mostram que 300 brusquenses foram internados em decorrência da doença em outros hospitais do país.
Foram 14 óbitos devido à doença – o número soma os óbitos de brusquenses em outros hospitais e os falecimentos que ocorreram nos hospitais do município, entre 2017 e 2023
Neste período também foram registradas duas internações de moradores de Botuverá com leucemia e um paciente faleceu. Foram contabilizadas 14 internações de guabirubenses neste período, com três mortes registradas.
Tipos da doença e impactos nos tratamentos
O hematologista comenta que existem vários tipos de leucemia e alguns são mais comuns na infância, como a linfoblástica aguda, e outros que são mais frequentes na idade adulta, como a mieloide aguda. Além disso, também existem os tipos crônicos da doença.
Fabio comenta que o tratamento da leucemia depende do tipo da doença, seja ela aguda ou crônica, mielóides e linfóides.
“Para as agudas em geral é usada a quimioterapia e eventualmente a quimio e a monoterapia. Para as crônicas, além da quimio e monoterapia, tem as opções de terapia alvo atualmente, então grande parte dos tratamentos nós acabamos usando terapias alvos que são tratamentos mais modernos que as quimioterapias, tão potentes quanto ou até mais potentes, e com muito menos efeitos colaterais”, explica.
Nos casos das leucemias agudas, o tratamento visa a cura, que pode ser alcançada por meio da quimioterapia e, em alguns casos, se faz necessário o transplante de medula óssea alogênico, ou seja, de um doador. Nos pacientes com leucemia crônica, o médico explica que na maioria dos casos se busca o controle da doença e não a cura.
“Existem tratamentos e medicamentos muito efetivos que fazem com que o paciente fique muitos anos com a doença sob controle. Em uma eventual falha, nós lançamos mão de novos medicamentos para controlar essa doença”, explica.
Diagnóstico precoce é essencial
O hematologista comenta que a radiação pode ser um fator de risco para doença. No entanto, o profissional frisa que na imensa maioria dos casos não se tem nenhum fator de risco conhecido e, por esse motivo, não há uma maneira de prevenir a leucemia.
“O que devemos nos preocupar é com o diagnóstico precoce, pois quanto antes descobrir a presença de uma leucemia, mais fácil será o tratamento, o organismo estará menos debilitado, a doença estará menos avançada e será mais fácil o tratamento”, salienta.