Brusque é uma das cidades com mais áreas de risco para deslizamento do Brasil
De acordo com estudo do Serviço Geológico do Brasil, município fica atrás somente de Ouro Preto (MG) e Nova Friburgo (RJ)
Brusque é a terceira cidade do país com o maior número de áreas de risco para deslizamentos, inundações e enxurradas mapeadas. Levantamento realizado pelo Serviço Geológico do Brasil contabiliza 199 áreas de risco geológico alto ou muito alto na cidade.
No estudo feito pelo órgão, Brusque está logo atrás de Ouro Preto (MG), com 313 áreas de risco e Nova Friburgo (RJ), que contabiliza 254 áreas sujeitas a deslizamentos e inundações.
Além de Brusque, Santa Catarina tem outras seis cidades com áreas de risco mapeadas: Alfredo Wagner, Araranguá, Balneário Camboriú, Concórdia, Joinville e Pomerode.
O estado, inclusive, é o que apresenta o maior número de áreas de risco no país, de acordo com o Serviço Geológico do Brasil: 2,9 mil. Logo atrás vem Minas Gerais, com 2,7 mil, e Espírito Santo, com 1 mil.
O coordenador da Defesa Civil de Brusque, Edevilson Cugik, explica que a cidade foi um dos primeiros municípios do país a fazer parte do mapeamento do Serviço Geológico do Brasil devido às ocorrências registradas no estado em 2008.
“Quando aconteceu o desastre em 2008, o governo federal fez um levantamento de municípios prioritários para ocorrências relacionadas a desastres naturais e Brusque estava entre eles. Em 2011, a cidade recebeu o primeiro estudo. Foram visitadas algumas áreas que sabíamos serem de risco e, naquela ocasião, foram mapeados 46 setores”.
Em 2013, a Defesa Civil municipal começou a mapear outras áreas e em 2019, quando foi feita a atualização pelo Serviço Geológico do Brasil, estas novas áreas de risco foram incorporadas ao estudo.
“Passamos para o órgão essas novas áreas que mapeamos e após visitarem cada uma, incluíram no estudo. Não é que Brusque tenha mais áreas de risco que as outras cidades, é que tem mais áreas mapeadas que as outras cidades. Assim como Santa Catarina é o estado que mais tem áreas de risco, porque está todo mapeado”, explica.
Cugik destaca que a prefeitura tem interesse que o município tenha as áreas de risco todas mapeadas para que as construções na cidade sejam feitas de forma segura. “Além dessas 199 áreas, temos outras 20 que são menores e estão sendo monitoradas também. A cidade de Brusque tem uma suscetibilidade maior a deslizamentos devido a geografia, então quanto mais áreas mapeadas, mais segura é a situação”.
Mais de 15 mil pessoas vivem em áreas de risco
De acordo com o estudo, cerca de 4,8 mil domicílios particulares e coletivos estão localizados em áreas de risco geológico alto ou muito alto em Brusque. Ainda segundo o levantamento, aproximadamente 15 mil pessoas vivem em áreas de risco geológico na cidade, das quais 49% são homens e 51% são mulheres. Os idosos correspondem a aproximadamente 19% desta fração da população, de acordo com o Serviço Geológico do Brasil.
Dentre a população alfabetizada, 87% são brancos, 10% são pardos, 2% são negros, 0,3% são amarelos e 0,1% indígenas. Cerca de 9,7% da população é analfabeta. A renda média mensal por domicílio em área de risco é de R$ 1.356,80. O órgão cruzou informações com o último censo demográfico realizado no município, em 2010.
Ainda segundo o estudo, 82,80% dos domicílios estão em áreas sujeitas a sofrerem perdas ou danos decorrentes da instabilidade de encostas a partir do início de deslizamentos. Outra parcela dos domicílios (12,90%), estão em áreas sujeitas a inundação. De maneira menos frequente, também foram identificados
domicílios em áreas de risco a enxurrada (3,50%), rastejo (0,6%) – que tem como característica o deslocamento de terras em vários planos a velocidades baixas, tendendo a evolução para um escorregamento, e erosão (0,2%).
O balanço divulgado pela Defesa Civil no início de dezembro, mostra que o órgão atendeu a 1.942 ocorrências na cidade só em 2022. Deste total, 485 foram deslizamentos, 21 inundações, 36 erosões e outras 107 ocorrências foram de risco de deslizamento.
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