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Brusque e Unifebe e os 150 anos da grande imigração italiana

Desde o último dia 3, pode ser visitada, na Unifebe, a exposição “Pelos fios da história: 150 anos da grande imigração italiana em Santa Catarina retratada pela reprodução da cultura do vestir dos imigrantes”, que segue até o dia 25 de junho. Brusque é o Berço da Grande Imigração Italiana em Santa Catarina. Foi aqui […]

Desde o último dia 3, pode ser visitada, na Unifebe, a exposição “Pelos fios da história: 150 anos da grande imigração italiana em Santa Catarina retratada pela reprodução da cultura do vestir dos imigrantes”, que segue até o dia 25 de junho. Brusque é o Berço da Grande Imigração Italiana em Santa Catarina. Foi aqui que, há 150 anos, no dia 4 de junho de 1875, chegou o primeiro grupo de imigrantes de língua italiana que deu início ao processo da grande imigração italiana no Estado.

A exposição é uma realização do curso de Design de Moda da Unifebe e do Grupo de Pesquisa História, Memória e Patrimônio Cultural, sob a coordenação da Reitora da Unifebe, a partir da pesquisa de campo realizada em 2024 em quatro museus na Itália. Apresenta seis conjuntos de trajes, sempre no masculino e no feminino, e traz roupas comuns, que retratam a cultura do vestir dos populares, o modo como as pessoas estavam vestidas quando emigraram entre os anos de 1875 e 1900.

A ambientação da exposição, inspirada no Porto de Gênova, de onde partiu a maioria dos imigrantes de fala italiana, convida à escuta atenta e ao olhar demorado. Cada elemento foi pensado para despertar também a emoção. Ao percorrer o espaço, você é convidado a sentir o peso das malas, o cheiro do mar, o som das despedidas, e o silêncio das travessias.

Em relação à pesquisa que fundamenta a exposição, constatou-se que a modelagem masculina é praticamente toda igual em todas as regiões pesquisadas. No masculino, o molde da calça é comum em toda a Europa. Os principais tecidos que eles usavam eram de fibras naturais, como linho cânhamo e algodão (os mais usados), e lã (tudo natural). Na região do Vêneto, também se usava um pouco de seda. As colorações presentes nos tecidos são resultado de tingimento natural.

Nas roupas comuns deste período não se usam grega, passamanaria, trancelim. Os ornamentos, como os franzidos e o viés, eram feitos com o próprio tecido. As mulheres eram muito recatadas, então o colo não ficava à mostra. As roupas femininas eram confeccionadas com modelagem estratégica, servindo para mais de um tamanho.Nas saias era muito usada a técnica da nervura, plissado e tomas, e os tecidos se concentram na parte de trás.

Na exposição estão apresentados três trajes da região do Trentino-Alto Ádige. Nas roupas de Trento se identifica a forte influência germânica, e revela uma relação com a sobriedade em termos de cor e de estética. As roupas são mais funcionais e tradicionais. Em termos gerais, a modelagem é semelhante entre todos os trajes, mudando essencialmente os ornamentos que vão por cima da roupa.

Em relação ao Vêneto, a exposição traz reproduções da cultura do vestir de Veneza, Verona e Vicenza. O Vêneto possuiu uma forte relação com a moda e com o mundo das artes e, dado a sua localização geográfica, estrategicamente foi a porta de entrada de produtos do Oriente. O Vêneto é referência em tecidos luxuosos. Eles não criavam moda, mas, como recebiam muito a moda que circulava por ali por conta do comércio, estabeleceram uma forte relação com a moda.

O traje de Brianza, é a nossa mostra da Lombardia. Situada próxima a Milão, carrega a lã como diferencial. Embora não seja a principal produtora de lã do país, a lã integra os trajes, juntamente com o algodão e os tecidos mistos. Eles são mais audaciosos nas modelagens, que é diferenciada em função da “pegada” da identidade manual da região.

A exposição também apresenta a cultura de vestir dos imigrantes que vieram da região de Turim, no Piemonte. O vestuário de Turim é todo permeado pelo luxo, então esta reprodução foi a única bordada a mão pela Unifebe. Tem uma forte ligação com a indústria têxtil e de confecção, se destacando pelo luxo desde o século XIX, com grande contribuição para a alfaiataria conhecida como Made in Italy.