Quando falamos de Brusque, o ano de 1860 é referenciado como data do início da colonização. Outrossim, quando os primeiros imigrantes alemães chegaram o território já estava ocupado. Para compreender essa história é preciso “voltar um pouco no tempo” e, ao fazê-lo, verifica-se que a fundação de Brusque, na verdade, se mistura com a própria fundação de Itajaí. Para elucidar a explicação, tomo como fonte de pesquisa o livro História de Blumenau, publicado pelo ilustre José Ferreira da Silva em 1972.
Em 1819 já havia nas margens do Itajaí Mirim duas sesmarias onde o governo da Capitania mantinha um estabelecimento oficial que preparava madeira para as construções públicas. Nesta região fixaram-se vários moradores que se dedicaram à pequena agricultura e ao corte de árvores para a serração. O sistema sesmarial perdurou no Brasil até 1822 e pouco depois da independência, Agostinho Alves Ramos, um comerciante antes estabelecido em São Pedro do Rio Grande do Sul e posteriormente em Desterro (atual Florianópolis), resolveu transferir-se e edificou, nas imediações do rio Itajaí Açú, uma casa de negócios que acabou por inaugurar uma era decisiva para o desenvolvimento da colonização de toda a Bacia do Itajaí.
Veio acompanhado da esposa e de um sacerdote. Logo foram construídas uma capelinha e a casa de negócios. Ao seu entorno foi se formando a freguesia “S.S. Sacramento do Itajahy”, que mais tarde viria a se tornar a Villa de Itajahy. Homem bastante instruído, prestativo e industrioso, Alves Ramos tornou-se, em pouco tempo, chefe político e conselheiro dos moradores. Eleito deputado provincial em várias legislaturas, valeu-se do prestígio do mandato em proveito de seus planos de colonização. Após ter trazido para as bandas de Itajaí muitas famílias de agricultores de outros pontos da Província e, até mesmo colonos alemães – dos chegados em 1828 na São Pedro de Alcântara -, conseguiu que fossem criadas, pela lei nº 11 de 1835, duas colônias: uma em Belchior, e outra às margens do Itajaí Mirim (às cabeceiras do Ribeirão Conceição). A tentativa de 1835 não logrou êxito e somente anos mais tarde foi que o presidente da Província de Santa Catarina determinou nova colonização para região.
Em 1860 chegaram à “Colônia Itajahy” os primeiros imigrantes alemães dirigidos pelo Barão Maximiliano von Schneéburg”.
Seis anos depois, pelo Decreto de 19 de janeiro de 1866, foi criada às margens do Itajaí Mirim uma outra colônia, chamada Príncipe Dom Pedro, instalada uns quatro quilômetros acima da foz do Ribeirão Águas Claras. Principiou com 98 colonos irlandeses e norte-americanos, aos quais, pouco depois, vieram juntar-se outros. Essa Colônia não prosperou porque, logo de início, foi mal administrada pelo seu diretor que foi demitido e processado por desvio de dinheiro e outras irregularidades. Aqueles colonos eram elementos recrutados entre os menos recomendáveis, de duvidosa conduta, e viviam em constantes rixas, sempre descontentes. Por isso, em 1869, a Colônia Príncipe Dom Pedro foi anexada à Colônia Itajahy.
Mais tarde, a colônia passou a ser chamada Brusque em homenagem ao seu fundador, o Dr. Carlos de Araújo Brusque. A região prosperou muito e ao final do século XIX o território achava-se povoado e cultivado por colonos alemães, italianos, poloneses e, claro, por aqueles que aqui já estavam em 1860. Rapidamente, a colônia se tornou um grande centro produtor de gêneros agrícolas e artefatos industriais, prosperou e se consolidou. E o resultado está aí, para quem quiser ver….