Brusque: fragmentos da sua história
Na oportunidade em que várias famílias estão envolvidas com a escrita da história e da saga dos imigrantes alemães a fim de publicá-la no livro cooperativado “Famílias de Origem Alemã no Estado de Santa Catarina”, aproveito para compartilhar com o leitor um pouco da história de Brusque. O texto original encontra-se publicado no livro “Contribuição à História da Colonização Alemã no Vale do Itajaí”, escrito por Max Tavares D’Amaral e publicado no ano de 1950.
(…). No mesmo ano em que a Colônia de Blumenau passava às mãos do Governo Imperial, em 1860, o então Presidente da Província, Dr. Francisco de Araújo Brusque, recebeu ordem para que desse início à colonização do Itajaí-Mirim. Era a segunda vez que se tentava, pois, a primeira tentativa de colonização, em 1836, pela execução da Lei Provincial nº 11, de 05/05/1835 no lugar denominado Taboleiro, não deu resultado.
Dando cumprimento à ordem imperial, fundava-se em 04 de agosto de 1860, à margem esquerda do rio Itajaí-Mirim, o núcleo colonial que recebeu o nome de Itajahy. Seu organizador e primeiro Diretor foi o Barão Maximilian von Schneeburg, engenheiro austríaco, que aportou ao local com 54 imigrantes alemães. Àquele tempo já existiam na região 3 engenhos de serra: um pertencia ao comerciante Sallentien, outro a Paulo Kellner e o terceiro a Pedro José Werner. Foi no rancho de Werner que o Barão Schneeburg se abrigou com os colonizadores quando seguia de canoa ria acima com destino à Colônia Itajahy. Nenhuma providência havia sido tomada pelo Poder Público para assentar os colonos e os imigrantes ficaram durante nove meses num rancho de palha, até que ocuparam definitivamente os lotes que lhes foram designados.
O progresso deste novo núcleo de colonização foi surpreendente e em 1861 a população já era de 657 colonos. Em 1863, atingia 938 habitantes, dos quais 659 católicos e 279 protestantes. A população era quase toda teuta, vindo das mais variadas zonas da Alemanha. Só mais tarde passaram a chegar outros povos, como os suíços, holandeses e italianos. Naquele ano, a Colônia Itajahy contava com 146 casas construídas de “gissara” (Palmito Juçara) e 72 de madeira, todas cobertas de palha. Todo o intercâmbio comercial era feito pelo rio, única via de comunicação da Colônia. Escolas, naquele ano, havia 1 pública remunerada e 5 gratuitas particulares, que só funcionavam aos domingos e dias santos. Não havia médicos, nem farmácias, nem hospitais. Os remédios eram fornecidos pela Diretoria da Colônia.
Em 1867, a população da colônia contava com 1.448 habitantes. Os católicos eram 994 e protestantes 454. A população aumentava de ano para ano e em 1874 já eram 2.891 habitantes, dos quais 2.417 alemães natos ou de origem, e os restantes se distribuíam entre 417 brasileiros de origem lusa e 57 de outras nacionalidades. Durante 20 anos silenciam os anais da Colônia e até 1894 não há estatísticas da população. Em 1892 foi criada a comarca de Brusque, e disseminados por seu território existiam 18 escolas (a maioria particulares); 72 comerciantes; 160 indústrias e 119 artesãos. Havia 2 igrejas católicas, 1 capela e 1 templo protestante; 3 hospedarias para imigrantes e 2.921 casas particulares (…).
Bem orientada desde o seu início, o grande diferencial da “Colônia do Itajahy” foi o elemento humano. O tempo passou, Brusque cresceu e em 2016 já conta com uma população superior a 122 mil habitantes, sendo considerada a 12ª cidade em população, com maior número de carros por habitantes e a 2ª melhor cidade para se viver em Santa Catarina. Realmente, parece que a segunda tentativa de colonização do Itajaí-Mirim deu certo!