Brusque integra programação do centenário de nascimento do padre Raulino Reitz

Ele viveu no município na década de 1940 e auxiliou no combate e erradicação da malária

Brusque integra programação do centenário de nascimento do padre Raulino Reitz

Ele viveu no município na década de 1940 e auxiliou no combate e erradicação da malária

Em comemoração ao centenário do nascimento do padre Raulino Reitz, serão realizados eventos nas diversas cidades catarinenses em que o padre residiu ou realizou seus trabalhos. Brusque integra a programação, que deverá ocorrer entre setembro deste ano e setembro de 2019. No município, o padre colaborou para a erradicação da febre de malária e atuou como professor e diretor de ensino.

O lançamento das comemorações foi realizado na última quinta-feira, 30, no Herbário Barbosa Rodrigues (HBR), em Itajaí. O local, nomeado em homenagem ao botânico mineiro Barbosa Rodrigues, foi fundado em 1942 pelo padre, que, à época, era estudante de Teologia do Seminário Central de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul.

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O objetivo das atividades é resgatar a imagem do padre, que foi um pesquisador da natureza e dedicou-se ao estudo do aproveitamento das plantas como recurso para o desenvolvimento humano. Mais conhecido como “padre dos gravatás”, Reitz colecionava e classificava plantas catarinenses, chegando a ter 80 mil exemplares catalogados e preservados, disponíveis para a pesquisa científica. Devido ao desaparecimento de espécies, resultado da urbanização, parte do material do padre é considerado histórico.

De acordo com o historiador Aloisius Lauth, que integra a comissão organizadora dos eventos, “Comemorar a vida e obra do ‘padre dos gravatás’ em seu centenário de nascimento é reconhecer os esforços de todos aqueles que entendem que a vida humana está intimamente associada à natureza e que seu sistema desequilibrado trará conseqüências sérias à sociedade moderna. Os efeitos climáticos estão aí para sinalizar o esgotamento do planeta: calor inimaginável na Europa, seca na América do Sul, catástrofes na Ásia, etc. Está em jogo hoje o equilíbrio do sistema natural”.

Além de Brusque, os eventos passam também pela cidade natal do padre, Antônio Carlos; Itajaí, onde instalou a coleção de plantas; Indaial, local onde muitas espécies de plantas foram adaptadas por um amigo naturalista; Blumenau, onde foi professor da FURB editava a revista científica “Flora Ilustrada Catarinense”; Florianópolis, onde ocupou a vice-presidência da FATMA; e Itapema, sua residência. Homenagens também devem ser realizadas pelo Jardim Botânico do Rio de Janeiro, onde Reitz foi diretor.

Passagem por Brusque
No município, o padre auxiliou a erradicar a febre da malária, que atingiu o litoral catarinense e a região de Brusque entre 1944 e 1952. Segundo Lauth, o Ministério da Saúde organizou uma equipe de combate à malária com sede em Brusque para estudar as fontes dessa epidemia, que atingiu 40% da população.

“Havia dias em que a Fábrica Renaux operava com menos de 50% dos operários. A malária produz febre intermitente, quase sempre no mesmo horário, sendo transmitida por um mosquito. O projeto era identificar as fontes dos mosquitos vindo das florestas, selecionando-se 6 estações de controle”, explica o historiador.

O padre foi convidado a integrar a equipe quando o Ministério da Saúde soube que ele era “o maior especialista em bromélias”. Ele havia identificado as plantas com maior possibilidade de aparecer mosquitos, em especial as bromélias, que eram conhecidas como gravatás. Esse estudo definiu que não eram as bromélias as causadoras da doença, mas o período chuvoso daqueles anos que tiveram ondas de epidemia.

“Testaram-se várias soluções, uma delas a de aplicação de produtos químicos, que era caro e muito restrito a algumas áreas. A solução de maior alcance foi a derrubada da mata em redor das causas, numa distância de 100 metros, pois o mosquito não sobrevoava este percurso. Ao cair, não mais se erguia. Infelizmente, tivemos que devastar os morros com mata nativa ao redor de Brusque, ainda visível hoje. Porém, a mesma equipe recomendou e trabalhou para o reflorestamento com plantas nativas nos anos seguintes, de 1950 a 1955”, diz Lauth.

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Além da atuação na botânica, o padre foi também importante para a inauguração do Museu Azambuja, em 1960: convidado para fazer uma exposição com objetos da vida dos imigrantes, Reitz criou uma sub-comissão para formar um museu a partir de peças antigas do Seminário de Azambuja, que tornou-se um marco do centenário da cidade.

Confira a programação preliminar:

2 de setembro: Desfile Cívico militar de Independência do Brasil, na Praça Central do município de Antônio Carlos, com homenagem ao padre Raulino Reitz;

Ainda sem data:
Lançamento de livro da biografia de Padre Raulino Reitz;
Inauguração do Museu Padre Raulino Reitz;
Exposição de trabalhos, fotos e literatura produzida por Padre Raulino Reitz;
Revitalização do parque natural;
Sessão cívica comemorativa;
Missa de ação de graças pela vida e obra do padre.

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