Descendentes de Saporski se orgulham de sua origem
Bisnetos ainda vivem em Curitiba e conhecem bem a história de seu antepassado
Sebastião Edmundo Wos Saporski trabalhava na construção da ferrovia que liga Morretes, em Curitiba, a Paranaguá, quando foi picado por uma cobra venenosa. O medo deu lugar ao alívio graças a uma índia chamada Maria, que o levou para sua aldeia e o salvou.
Maria depois se casou com Saporski. Os dois viveram juntos e tiveram seis filhos no Paraná. Esse relato pode parecer romântico demais, mas aconteceu. Talvez os detalhes não sejam exatamente assim, mas o salvamento é fato, assim como o casamento.
A história da união entre Saporski e Maria de Oliveira, índia Carijó, é famosa e repassa a cada geração entre os descendentes do pai da imigração polonesa no Brasil.
“No fundo, nós, da família, principalmente quando éramos crianças, gostávamos muito dessa ‘lenda’ sobre nossos bisavós meio Pocahontas”, comenta Denise Saporski, bisneta de Sebastião Edmundo.
Em suas memórias, Saporski escreveu que o casamento com a índia foi por gratidão por ela ter salvado a vida dele. “Mas eu quero acreditar que foi a partir da atitude dela em salvar sua vida que ele se apaixonou”, pondera Maria Inês Barreto, outra bisneta do histórico polonês.
Ricardo Saporski, irmão de Denise e primo de Maria Inês, conta que as histórias e feitos épicos do bisavô sempre fizeram parte e ainda fazem parte das conversas da família.
Alguns bisnetos de Saporski ainda vivem em Curitiba, cidade com a qual ele tanto contribuiu nos séculos 19 e 20. Denise, Maria Inês e Ricardo são três deles que falam com orgulho da sua linhagem.
Maria Inês tem 51 anos, nasceu e mora até hoje na capital do Paraná. Ela é filha de Maria Carolina Saporski Barreto e Adahil Paiva Barreto, ambos já falecidos.
Maria Carolina é filha de Pedro Saporski, um dos seis filhos de Sebastião Edmundo com a índia Maria de Oliveira. Maria Inês tem quatro irmãos: Pedro Alberto, Neide, Cristiane e Thamis.
Bibliotecária na Diretoria de Patrimônio Histórico e Cultural em Curitiba, ela conta que a família mantém traços da sua origem polonesa. “Mantemos as tradições culinárias, as festas, e o colorido nas casas e a religiosidade”.
Em homenagem à descendência e também ao diretor de cinema Krzysztof Kieślowski, o nome do cão da raça schnauzer de Maria Inês é Kieslowski. A irmã dela, Thamis Barreto, escreveu o livro “Saporski: uma vida dedicada à imigração polonesa”.
Os irmãos Denise e Ricardo são filhos de Pedro Saporski Filho, que, logicamente, é filho de Pedro, cujo pai era Sebastião Edmundo. Ela tem 51 anos e também é curitibana.
“Com certeza ser descendente de Edmundo é motivo de orgulho para mim e para toda a minha família, pois foi um grande homem corajoso que abriu um mundo não só para o povo polonês, assim como para outros povos europeus, dando uma nova condição de vida para todos e pensando sempre em um bem comum”, resume Denise.
O irmão dela tem 55 anos e também nasceu e reside na capital paranaense. Sobre a família, ele lembra que seu pai era muito apegado à história.
“Meu pai tinha um livro dos anais da imigração polonesa e sempre lia para nós”, comenta Ricardo, que é músico e já tocou em Brusque.
Até hoje, os três e os outros descendentes de Sebastião Edmundo carregam com orgulho suas origens.
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