Brusque não tem controle populacional de capivaras
Animais são um dos principais transmissores de zoonoses como a febre maculosa
O número de capivaras soltas às margens da avenida Beira Rio vem chamando a atenção da população. Nos últimos anos, a espécie tem se reproduzido com rapidez, e já se tornou comum flagrar algumas delas passeando tranquilamente pela avenida, dividindo o espaço com os carros.
Apesar da procriação acelerada, o município ainda não tem nenhuma medida de controle de procriação dos animais. “Não existe o controle das capivaras em Brusque. Já chegamos a entrar em contato com o Ibama e eles nos passaram que a única forma seria fazer a captura de todas, sedar e levar para outra região, mas é um trabalho bastante difícil, não temos nem pessoal para isso”, afirma o superintendente da Fundação Municipal do Meio Ambiente (Fundema), Diego Furtado.
Quando as capivaras se machucam, são encaminhadas para o Zoobotânico para tratamento, mas depois de recuperadas, são devolvidas à natureza. “Eles fazem esse trabalho de cuidar delas, mas depois as soltam novamente. Não há uma contagem delas aqui em Brusque, até porque elas migram muito, só seria possível colocando um chip para saber para onde elas se deslocam”, destaca o veterinário da Vigilância Epidemiológica de Brusque, Thiago Rodrigo Rosa.
De acordo com ele, a multiplicação das capivaras em Brusque é um fenômeno recente. “Começaram a aparecer de 10 anos para cá. Antigamente, como o pessoal caçava muito, eliminaram quase todas. E agora, como não há essa caça, elas estão se reproduzindo bastante”.
A capivara é um animal silvestre, sua caça é proibida e considerada crime ambiental. “Se for constatada agressão, pessoas machucando ou matando é considerado um crime ambiental pela lei 9.605, a Lei de Crimes Ambientais nacional. A pessoa é autuada e recebe as penalizações previstas por lei. A multa, se a espécie for considerada em extinção é de R$ 5 mil. Para os que não estão em extinção, é de R$ 500 por animal”, afirma o superintendente da Fundema.
Febre maculosa
Apesar de estarem em seu habitat natural, a grande quantidade de capivaras pode trazer problemas para a população. Muitas pessoas que passeiam com cães pela avenida Beira-Rio correm o risco de voltar para casa carregando o carrapato presente na capivara, que pode transmitir uma doença causada pela bactéria Rickettsia rickettssi: a febre maculosa.
A febre maculosa é transmitida aos seres humanos pela picada do carrapato infectado com riquétsia. A doença causa febre, dor muscular, cefaleia e, em 70% dos casos, manchas na pele, principalmente na palma da mão e na planta dos pés, a partir do terceiro dia após a infecção. Segundo o veterinário, a doença é grave e traz um grande risco às pessoas. “Pode levar à morte, principalmente porque os primeiros sintomas demoram de dois a 14 dias para aparecer, e são sintomas simples, parecidos com qualquer outra doença”, destaca.
De acordo com informações da Vigilância Epidemiológica, no ano passado foram confirmados dois casos da doença em Brusque, mesmo número registrado em 2012. De 2003 a 2013, em todo estado, o órgão estadual confirmou 291 casos. A maior incidência foi na região do Vale do Itajaí. “É uma doença de notificação obrigatória da vigilância epidemiológica. Quando é confirmada, fazemos uma varredura na casa da pessoa e também investigamos o local onde ela acha que pode ter sido contaminada. Geralmente, acontece em pessoas que ficam muito tempo na mata. Não dá para dizer se esses casos tiveram relação com as capivaras”, ressalta.