Brusque realiza primeiras cirurgias pediátrias

Serviço foi inaugurado em 2014, mas apenas no mês passado foi realizado o primeiro procedimento

Brusque realiza primeiras cirurgias pediátrias

Serviço foi inaugurado em 2014, mas apenas no mês passado foi realizado o primeiro procedimento

Desde o dia 28 de agosto de 2014, o Hospital e Maternidade Evangélico de Brusque (HEM) conta com cirurgias pediátricas. No entanto, foi apenas no mês passado que foi utilizado o serviço pela primeira vez. Até este momento foram realizadas na unidade três procedimentos.

Nos dias 12 e 15 de junho e também na semana passada, 3, ocorreram as cirurgias, ambas relacionadas a patologias congênitas de trato gastrointestinal. A coordenadora da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal da unidade, a médica pediatra e neontologista Danielle Gutierres, diz que as patologias foram identificadas logo após o nascimento das crianças.

Segundo ela, a maioria dos casos são reconhecidos neste período, porém, é possível descobrir outros problemas no pré-natal. Geralmente os casos em bebês são oriundos de complicações da própria prematuridade, de má formação congênita cardíaca, do sistema nervoso central, mas, principalmente gastrointestinais.

A médica explica que as cirurgias foram de alto risco pelo próprio tamanho dos bebês (650 gramas a 2,3 quilos) e que foi necessário monitoramento mais intensivo, além de controle de líquido e de reserva de sangue. “Ainda não havia acontecido este tipo de cirurgia na cidade e precisou de muitos cuidados”, diz, salientando que o risco de morte nos bebês existia e que o impacto emocional e psicológico nas mães também foi grande.

Incubadora

Cerca de sete profissionais entre cirurgião, enfermeiros e anestesistas auxiliaram durante os procedimentos, que demoraram, em média, cerca de três horas. O diferencial para a realização da cirurgia, segundo Danielle, é a incubadora, que permite que o bebê não saia do equipamento durante a operação. “O neném fica aquecido e não precisa ser retirado da incubadora para a cirurgia. A estrutura é levada até o centro operatório”. A médica explica ainda que há um botão no equipamento que permite transformá-lo em uma mesa para facilitar o procedimento.

Gêmeo passou por cirurgia

Os gêmeos Nicolas e Thomaz nasceram no dia 4 de maio de uma gestação de sete meses. Em decorrência desta prematuridade, Nicolas apresentou uma complicação intestinal e, após uma série de exames, foi constatado que o recém-nascido precisava ser operado. “Graças a Deus e à equipe médica a cirurgia de cinco horas foi um sucesso. Foi um momento de muita agonia”, conta a mãe dos meninos, Paula Camargo Martins Mathes, de 32 anos.

Nicolas agora se recupera no quarto, já Thomaz ainda está na UTI para ganhar peso. O bebê também precisará passar por uma cirurgia. Ele tem cardiopatia congênita e precisará fazer o procedimento operatório em, no mínimo, seis meses. “Eles são um presente de Deus e a cada dia damos um passo à frente na recuperação deles”, diz Paula.

Poucos cirurgiões

A cirurgia pediátrica é, relativamente, uma especialidade médica muito nova, segundo o médico pediátrico da Associação Brasileira de Cirurgia Pediátrica (Cipe), Humberto Salgado Filho. Atualmente, existem aproximadamente 1 mil cirurgiões pediátricos associados na entidade que existe há 50 anos.

A cirurgia pediátrica é conhecida como a cirurgia geral da criança, atuando desde antes do nascimento com operações intra-útero. Também corrige alterações congênitas em procedimentos neonatais.

Salgado Filho explica que para cada faixa etária há patologias especificas, porém, de maneira geral, hérnias inguinais, correção de fimose, alteração da posição do testículo e cistos cervicais são mais frequentes. Em recém-nascidos as patologias mais comuns estão relacionadas às malformações congênitas: atresia do esôfago (em que não há continuidade do esôfago, não permitindo que o bebê se alimente), obstruções intestinais, malformações pulmonares e urológicas.

O médico diz que existe um vasto campo ainda para o desenvolvimento da cirurgia pediátrica, no entanto, a baixa remuneração do profissional tanto via Sistema Único de Saúde (SUS) quanto pela Saúde Suplementar é um problema. Ele afirma que na região Sul do Brasil há uma parcela dos mais renomados profissionais e serviços de cirurgia pediátrica do país. Em Santa Catarina, o Hospital Joana de Gusmão, de Florianópolis, é o pioneiro no tratamento pediátrico. Blumenau e Joinville também realizam cirurgias.

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