Brusque registra 710 acidentes de trabalho e seis mortes em 2021; confira números
Dados do INSS levam em conta casos de pessoas com vínculo de emprego regular; nos últimos dez anos foram mais de 8 mil acidentes
Seis pessoas morreram durante o trabalho no último ano em Brusque, segundo dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). No período, 710 acidentes laborais foram registrados no município.
Os dados de mortes e acidentes de trabalho notificados pelo INSS mostram os casos com pessoas que tenham vínculo de emprego regular. Ou seja, trabalhadores com carteira assinada. Ainda, o banco de dados divulga os cinco principais números de cada caso.
Em 2021, duas pessoas morreram após sofrerem lesões múltiplas. Um óbito foi registrado como resultado de choque elétrico e eletroplessão; outra morte foi registrada como corte, laceração, ferida contusa, punctura; uma como asfixia, estrangulamento, afogamento; e outra por lesão imediata.
O INSS aponta que os óbitos ocorreram em segmentos diferentes, como estabelecimentos de fabricação de tecidos de malha; transporte rodoviário de carga; construção de edifícios; acabamentos em fios, tecidos e artefatos têxteis; e de outras atividades de telecomunicações.
Em relação aos acidentes de trabalho, o INSS registrou 111 fraturas, 65 classificados como corte, laceração, ferida contusa ou punctura; 57 lesões imediatas, 51 escoriações ou abrasões, que são ferimentos superficiais; e 38 ferimentos por contusão, ou esmagamento. Do total de ocorrências de acidentes, 15 envolveram menores de 18 anos.
O INSS também faz uma estimativa de casos subnotificados. Em 2021, foram 157, por exemplo. Para chegar nessa estimativa, são observados os afastamentos previdenciários, pois muitos registros de acidentes são gerados no momento da concessão do benefício, sem correspondente emissão anterior na forma da lei. Portanto, trata-se de uma forma de estimar subnotificações em casos de afastamentos.
Em busca da prevenção
Tanto nos acidentes, quanto nos óbitos, o setor têxtil soma boa parte dos casos. O vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Fiação e Tecelagem de Brusque e região (Sintrafite), Altair Stofela, conta que a entidade tem registros de comunicação dos acidentes que envolvem as indústrias específicas. São as malharias, por exemplo, mas não as confecções, que são atendidas por outro sindicato.
“Por lei, as empresas não são obrigadas a comunicar o sindicato, mas muitas informam. Neste ano, tivemos 11 comunicações, que foram acidentes leves e alguns trabalhadores pegaram atestado, pelo menos é isso que consta aqui. Claro, quando a empresa não comunica, é o próprio empregado que nos avisa”, explica.
Altair detalha que o órgão competente para fiscalizar esses casos é o Ministério do Trabalho. Porém, os sindicatos verificam os acontecimentos. “Temos um bom diálogo. Sempre somos bem atendidos. As empresas tomam as providências e partimos para as orientações, que é preciso fornecer os EPIs [Equipamentos de Proteção Individual] necessários e exigir que os trabalhadores usem”, continua.
O vice-presidente ressalta que o sindicato costuma conversar com as empresas sobre a importância do treinamento feito antes do funcionário começar a trabalhar. Além disso, o sindicato questiona se a máquina industrial está adequada para as normas, o que pode evitar acidentes.
“No dia a dia, o funcionário pode se distrair, às vezes por culpa da própria máquina, caso ela não estiver adequada. O acidente acontece quando você menos espera, por isso o intuito é prevenir”, completa.
Últimos dez anos
Em dados históricos, o INSS registrou 8.271 acidentes de trabalho em Brusque entre 2012 e 2021. Deste total, foram 18 mortes nos últimos dez anos.
Entre os acidentes, foram 1.581 fraturas, 1.239 lesões imediatas, 944 ferimentos que envolveram corte, laceração, ferida contusa ou punctura, 870 que envolveram contusão ou esmagamento, e 356 ferimentos de escoriação ou abrasão. Do total, 141 ocorrências envolveram menores de 18 anos.
Conforme o INSS, 1.100 acidentes foram registrados em estabelecimentos de acabamentos em fios, tecidos e artefatos têxteis; 455 no segmento de confecção de peças do vestuário, exceto roupas íntimas; 447 no comércio varejista de mercadorias em geral, com predominância de produtos alimentícios, como hipermercados e supermercados; 328 em tecelagens de fios de algodão; e 321 em fábricas de artefatos têxteis para uso doméstico.
Parte das mortes entre 2012 e 2021 também são diferenciadas pelo INSS, sendo cinco por lesões múltiplas; duas por lesões imediatas; duas por choque elétrico e eletroplessão; duas por concussão cerebral; e duas por fratura.
Apesar o alto número de óbitos em 2021, ao longo dos últimos dez anos o número de acidentes diminuiu gradativamente. Para Altair, isso aconteceu por conta da conscientização dos trabalhadores e empresas.
“Ela é importante para o uso dos equipamentos de segurança, não só no ambiente de trabalho, mas no trajeto. Para ir ao trabalho, às vezes, você sai em cima do horário. Então, é preciso ter atenção no trânsito, pois acontecem muitos acidentes de trajeto, que entram nessas estatísticas. Na chegada e na saída”, aponta.
Sobre o pico de óbitos em 2021, Altair analisa que número pode ser resultado do retorno ao trabalho presencial após a pandemia da Covid-19. “Os trabalhos ficaram parados. Tivemos a volta e pode ter causado esse impacto maior. Acredito que, agora, as coisas estão se amenizando. Não parou, mas voltamos com as atividades de prevenção”, finaliza.
Confira dados completos
Acidentes de trabalho e mortes em 2021 – Brusque de O Município
Acidentes de trabalho e mortes nos últimos dez anos – Brusque de O Município