Brusque registra mais de 20 mil faltas de pacientes em consultas e exames laboratoriais no último ano
Nos primeiros dois meses de 2023 foram 5 mil faltas; situação faz com que fila por atendimento fique mais demorada
Nos primeiros dois meses de 2023 foram 5 mil faltas; situação faz com que fila por atendimento fique mais demorada
Em 2022, a Secretaria de Saúde de Brusque registrou 21.659 faltas de pacientes em consultas e exames laboratoriais. Conforme dados da pasta, entre janeiro e fevereiro de 2023 já foram registradas 4,9 mil faltas.
Em relação ao número de consultas realizadas com clínicos gerais entre janeiro e dezembro de 2022, a secretaria afirma que realizou o agendamento de 175.585 consultas. Deste total, no período, foram constatadas 8.714 faltas de munícipes. Já nos primeiros dois meses de 2023, foram 26.484 consultas agendadas e 1.312 faltas.
Sobre as consultas realizadas com especialistas, no último ano foram 56.685 agendadas e 8.114 faltas. São especialidades de angiologia, cardiologia, cirurgia bariátrica, cirurgia geral, cirurgia geral pediátrica, dermatologia, endocrinologia, gastroenterologia, ginecologia, obstetrícia de alto risco, mastologia, neurologia geral, nutrição, oftalmologia, ortopedia, otorrino, pediatria, proctologia, reumatologia, psiquiatria geral e infantil, urologia e pneumologia. Neste ano, em janeiro e fevereiro, foram 8.807 consultas e 1.153 faltas.
Das consultas de especialidades, em 2022, destaca-se a pediatria que teve 7.284 consultas agendadas e teve registro de 1.204 faltas; e a ortopedia, de 5.814 consultas, foram 768 faltas. Em 2023, as especialidades já se destacam com os maiores números de faltas, sendo que a pediatria lidera com 823 consultas e 172 faltas e a ortopedia com 881 consultas e 114 faltas.
Conforme o secretário de Saúde, Osvaldo Quirino de Souza, a equipe observa que as faltas começaram a crescer desde a época da pandemia da Covid-19.
“Houve uma diminuição da oferta de serviços, também. As pessoas não sabiam muito bem como fazer. E outra coisa, tem muita falta de retorno, quando o paciente vai e depois não volta. Ele vê que o problema não era grave como se pensava e não dá o retorno. Então, é computado como falta”, explica.
Osvaldo salienta que não há uma razão mapeada para explicar os motivos das especialidades de pediatria e ortopedia se destacarem. Ele observa que crianças geralmente têm quadros agudos e, hoje, os pacientes buscam o pronto-socorro pediátrico nos hospitais Azambuja e Dom Joaquim.
“Geralmente as mães ficam muito preocupadas e angustiadas, quando a criança tem qualquer sinal de descompensação e não pode ser atendida de imediato, os pais recorrem ao pronto-socorro. Já na ortopedia, o médico da UBS acaba marcando uma consulta com especialista, mas às vezes é algo pequeno, ou a pessoa melhora e acaba indo no pronto-socorro, que acaba suprindo a consulta ambulatorial. Mas são apenas possibilidade”, comenta.
O secretário também conta que muitos pacientes acabam indo ao pronto-socorro com problemas que poderiam ser solucionados nas unidades básicas de saúde. “Adulto também acontece, mas na pediatria eu observo com mais frequência”, completa.
Ao trazer dados sobre exames laboratoriais realizados no município, a pasta registrou em 2022 o total de 375.391 exames, que contemplaram 24.849 pacientes agendados. Contudo, 4.831 pacientes faltaram. Em 2023, foram ao menos 165.430 exames feitos que contemplaram 11.029 pacientes agendados, sendo que 2.517 deles faltaram.
Osvaldo afirma que a demora para encaminhar exames faz com que diversas pessoas acabem buscando outros caminhos e outras alternativas. Por exemplo, exames por meios privados.
De acordo com o secretário, muitas faltas são relacionadas à falta de conscientização do paciente, que deixam de avisar a unidade de saúde que não irá na consulta. Ele explica que a vaga destinada a um paciente faltante não pode ser realocada, pois o agendamento ocorre diariamente.
“Por isso que às vezes aumenta-se as filas também. Porque eram pacientes que já tinham tido a vez, perderam a consulta e tiveram que ser realocados na fila”, conta.
Ou seja, a falta sem um aviso com antecedência pode atrasar o atendimento de outras pessoas. “O efeito deletério é muito grande, é um efeito cascata. Porque você acumula aquela fila e o não comparecimento causa a perda de uma vaga. Aquela vaga não pode ser preenchida naquele dia, e isso vai gerar acúmulo”, continua.
Osvaldo pontua que a falta também pode retardar a fila cirúrgica. Outra consequência é gerar ociosidade para os médicos. “Fica um espaço ocioso, que acaba não sendo preenchido. E quem vai sofrer vai ser o próprio usuário do sistema”, diz.
Em relação aos exames, o secretário também salienta que uma falta impacta na programação e gera mais atrasos para outros pacientes.
“A gente já tem uma fila de espera, então se tá lá marcado aquele dia o laboratório não consegue chamar outra pessoa para fazer o exame. São marcados 30 exames em um dia dia para colher sangue ou outro material orgânico a ser examinado e a pessoa não comparece, ficou uma uma vaga ali e um paciente deixou de fazer”, alerta.
“As pessoas quando não conseguem o serviço também reclamam bastante. Mas esse aspecto também tem que ser mostrado, que as pessoas às vezes deixam de cumprir com aquela obrigação de buscar o que foi agendado. Então, ali foi reservado um horário para ela e um espaço. A falta, sobretudo, traz prejuízo para as outras pessoas e para a própria população”, finaliza.
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